segunda-feira, 2 de julho de 2012

Marco Lisboa X Alexandre Neves Rosendo - O regime norte-coreano desmoraliza a causa socialista - TESE


18 comentários:

  1. O regime norte-coreano desmoraliza a causa socialista.
    A queda do muro, em 1989, é um marco na história do movimento comunista. Foi seguida pela dissolução da União Soviética e pelo colapso das democracias populares do Leste Europeu. Até a década de 50, embora com dissidências aqui e ali, Moscou exercia um papel de liderança incontestável. O trotsquismo nunca chegou a ter expressão maior. Com a morte de Stálin e a divulgação do Relatório Khrushev, inicia-se um movimento centrífugo: a China passa a liderar um bloco de partidos, Cuba inspira uma série de movimentos na América Latina, contrários aos partidos comunistas tradicionais, e o eurocomunismo ganha força.
    Dentro do movimento operário, na esteira do Solidariedade polonês, surgem organizações e partidos operários em vários países. O PT no Brasil é um exemplo clássico.
    Contraditoriamente, a década de 90 é marcada por um movimento contrário, onde, sem abrirem mão das divergências que os separavam, os partidos comunistas e os movimentos sociais passam a buscar um denominador comum.
    Só para ilustrar esses dois momentos, em 1981, João Amazonas, Secretário Geral do PC do B escreveu: “O Revisionismo chinês de Mao Tsetung”, onde afirma:
    “Ultimamente, tomou corpo outra variante do revisionismo – o revisionismo chinês -, raivoso inimigo do socialismo, furioso adversário da revolução mundial. O desmascaramento desta variante, que atuou largo tempo acobertada pelo chamado pensamento Mao Tsetung, destilando o veneno do oportunismo, precisa ser realizado com firme empenho e sem conciliação de qualquer espécie. É uma questão fundamental para os marxistas-leninistas de toda a parte.”
    Em artigo de abril de 2012, João Amazonas e a política internacionalista do PC do B, o Vermelho assinala a mudança:
    “Amazonas percebe, com agudeza, que “os acontecimentos da União Soviética e do Leste europeu (...) criam situação nova”, e afirma que “se não compreendermos isso, não seremos capazes de lutar corretamente pela construção da unidade”. E conclui: “Penso que há mudança na forma de luta pela unidade da classe operária.”
    Baseado nessa compreensão, Amazonas propõe “alargar os horizontes” das relações internacionais do PCdoB. Diz que a nossa arma contra a ofensiva anticomunista “tem de ser a unidade dos revolucionários, dos povos do mundo. Essa, uma grande tarefa do movimento comunista mundial”.
    Declara, portanto, que o PCdoB “está decidido a buscar, sem preconceitos, contato com todas as forças que combatem o revisionismo contemporâneo, tentando abrir caminho à unidade do movimento proletário mundial”.”
    Mais à frente vemos o resultado desta nova política:
    “O PCdoB hoje tem relações com mais de 180 partidos, de mais de 100 países de todos os continentes; participa do processo dos Encontros Internacionais de Partidos Comunistas e Operários; participa do Foro de São Paulo, que reúne a esquerda latino-americana e caribenha; marca presença em importantes eventos, seminários e congressos promovidos bilateral ou multilateralmente por essas forças políticas amigas, ...”
    Essa nova atitude da esquerda (e não apenas do PC do B) tem duas conseqüências: o embate ideológico aberto, característico das décadas de 60 a 80 arrefece; passa a haver uma atitude de apoio mútuo entre os membros dessa frente. Como conseqüência, qualquer crítica à condução política de um dos membros é tratada como se fosse uma posição de direita.
    A Coréia do Norte, conhecida oficialmente como República Democrática Popular da Coréia, foi beneficiada por essa nova política. Governada por uma dinastia familiar, com sua população submetida a grandes privações, abrigando 200.000 prisioneiros políticos em campos de concentração nas piores condições possíveis, o regime é absolvido em nome de uma posição supostamente antiimperialista.
    Nossa tese é que a Coréia do Norte desmoraliza a causa do socialismo ao associá-la à miséria e à opressão. Seria difícil para a direita encontrar um exemplo que se ajustasse melhor à caricatura que faz do comunismo.
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  2. O caso da Coréia do Norte é emblemático porque na mesma península convivem dois países que compartilham a mesma história, separados há pouco menos de 60 anos, em condições absolutamente diferentes. A comparação é cruel.
    Coréia do Norte:
    PIB Nominal US$ 12,3 bilhões
    Crescimento real do PIB 0,7%
    PIB Nominal "per capita" US$ 500
    PIB PPP (Estimativa 2011) US$ 44,3 bilhões
    PIB PPP "per capita" (Estimativa 2011) US$ 1.800
    http://www.brasilglobalnet.gov.br/ARQUIVOS/IndicadoresEconomicos/INDCoreiaNorte.pdf

    Coréia do Sul:
    PIB Nominal US$ 1,1 trilhão
    Crescimento real do PIB 3,6%
    PIB Nominal "per capita" US$ 22.014
    PIB PPP US$ 1,5 trilhão
    PIB PPP "per capita" US$ 30.031
    http://www.brasilglobalnet.gov.br/ARQUIVOS/IndicadoresEconomicos/INDCoreiaSul.pdf
    Vejamos agora alguns indicadores sociais:
    Coréia do Norte:
    Expectativa de vida: 63,8 anos (2009).
    Mortalidade infantil: 51,34 por mil nascimentos (2009).
    Analfabetismo: 1% (2009).
    Desnutrição infantil: 60%, sendo 16% grave desnutrição (2009).
    IDH: 0,766 (75º do mundo - 2009).
    http://www.portalbrasil.net/asia_coreiadonorte.htm
    Coréia do Sul:
    Expectativa de vida M/F: 69/76 anos (1995-2000).

    Mortalidade infantil: 10‰ (1995-2000).

    Analfabetismo: 2,2% (2000).

    IDH (0-1): 0,854 (1998).
    http://www.portalbrasil.net/asia_coreiadosul.htm
    Em 2011, a Coréia do Sul tinha o 15º melhor IDH. E 4 mortes por mil nascimentos.
    Por último, vejamos o que diz o maior aliado da Coréia do Norte sobre as condições alimentares do país:
    Mais de seis milhões de norte-coreanos, cerca de um terço da população do país, "estão à beira de morrer de fome" e "necessitam de ajuda urgente", alertou, quinta-feira, um jornal chinês citando o Programa Alimentar Mundial.
    “ O alerta c incidiu com a secreta visita à China do líder norte-coreano, Kim Jong-il, "centrada", de acordo com um perito local, na "cooperação económica" e na "assistência chinesa" à Coreia do Norte.
    A "escassez de comida" forçou a Coreia do Norte a pedir ajuda externa, disse Zhang Liangui, especialista em assuntos norte-coreanos da Escola Central do Partido Comunista Chinês, citado pelo jornal Global Times.
    As estimativas do Programa Alimentar Mundial (PAM), divulgadas em Março, referiram que a Coreia do Norte necessitará de 450 mil toneladas de alimentos.
    Zhang Liangui considerou que "para a comunidade internacional, há sempre um dilema na ajuda à Coreia do Norte".
    "Por razões humanitárias, é necessário ajudar as pessoas com fome, mas por outro lado há o receio que a ajuda seja usada pelos militares e pelo governo para financiar o programa de desenvolvimento nuclear", explicou.

    http://www.jn.pt/PaginaInicial/Mundo/Interior.aspx?content_id=1862059

    O artigo é de maio de 2011. Notícias mais recentes falam de uma seca nunca antes registrada, que poderá agravar o quadro.
    Eu desafio a alguém fazer um teste cego: mostrem esses dados para uma pessoa normal, sem identificar os países pelo nome, e perguntem em qual deles ela iria preferir viver.
    Para ser justo, como não só de pão vive o homem, seria interessante comparar os sistemas políticos.
    Coréia do Norte:
    Partido Único.
    Sucessão dinástica
    A Constituição atualizada lê, "O presidente Kim Jong-Il da Comissão de Defensa Nacional transformou nossa pátria num Estado invencível de ideologia política, um Estado com armas nucleares e uma potência militar indomável, preparando o terreno para a construção de uma nação forte e próspera." Acrescentando "Estado nuclearmente armado" ao seu preâmbulo.
    Chic no último.
    Coréia do Sul:
    Presidencialista, com os três poderes tradicionais, eleições para presidente a cada 5 anos, por voto direto. Unicameralismo com mandato de 4 anos para os parlamentares. Depois de passar por várias ditaduras militares, hoje é o que se poderia chamar de uma democracia liberal.
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  3. Em relação aos campos de concentração, não há como comparar, porque eles inexistem na Coréia do Sul. Vejamos um trecho de uma reportagem atual:
    “Mais de 40 organizações defensoras dos direitos humanos exigiram nesta terça-feira que a ONU abra uma investigação para tentar fechar os campos de concentração na Coreia do Norte, onde se estima que vivam 200.000 prisioneiros em condições subumanas, inclusive crianças.
    ... As ONGs solicitam à ONU uma visita aos campos de detenção, denominados de "gulags", além da elaboração de um relatório solicitando o fechamento dos locais. "As condições de vida nos 'gulags' são horríveis. ...
    No relatório enviado às Nações Unidas, também são mencionados trabalhos forçados de mais de 12 horas por dia sem folgas, em troca de uma porção de cerca de 20 grãos de milho. "É uma quantidade tão ínfima que os detidos estão obrigados a irem até os dejetos das vacas para encontrar grãos não digeridos e escapar, assim, da morte", aponta o comunicado, a partir do testemunho de um prisioneiro que conseguiu fugir de uma dessas prisões.
    Condições - Segundo o texto, divulgado em Paris pela FIDH, a condição nos campos ainda é agravada por doenças como tuberculose ou pneumonia, que provocam, a cada ano, a morte de 20% a 25% dos detidos. "Mais de 400.000 prisioneiros morreram nos últimos anos", informa o comunicado.
    Além dos trabalhos forçados e da fome, os prisioneiros também são "frequentemente" vítimas de torturas, violações e, às vezes, de execuções extrajudiciais, segundo as organizações. Diante desse cenário, as instituições solicitam à ONU que redija um relatório com as condições reais nesses campos.”
    http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/ongs-pedem-a-onu-fechamento-de-campos-de-concentracao-na-coreia-do-norte
    Por último, há um aspecto profundamente ridículo nos títulos e nas manifestações oficiais sobre os membros da dinastia Kim.
    “O Exército da Coreia do Norte ameaçou nesta segunda-feira (4) explodir as redações de vários meios de comunicação sul-coreanos em Seul, após as críticas a uma homenagem à União das Crianças Coreanas em Pyongyang, capital norte-coreana.
    Em um comunicado publicado pela agência oficial norte-coreana, o Exército destaca que unidades de mísseis e de outras forças verificaram as longitudes e latitudes para atingir os escritórios no centro da capital sul-coreana.
    A nota cita como alvos os jornais Chosun Ilbo e JoongAng Ilbo, um canal administrado pelo jornal Dong-A Ilbo, assim como as emissoras KBS, CBS, MBC e SBS.
    ...
    "Se estes refúgios de crimes monstruosos explodirem um após o outro, a gangue de Lee será inteiramente responsável", afirma o comunicado, que cita um "ultimato".
    O Exército norte-coreano acusa os meios de comunicação sul-coreanos terem "sujado" um evento que reuniu 20 mil crianças em Pyongyang para celebrar o 66º aniversário da União das Crianças Coreanas, uma organização criada pelo regime comunista.
    ...
    "Os jovens delegados não podiam conter a infinita alegria e querem guardar sempre no mais profundo de seu coração a imagem benevolente do respeitado camarada Kim Jong-Un", afirma a nota da agência KCNA.”

    http://noticias.r7.com/internacional/noticias/pyongyang-ameaca-atacar-a-imprensa-em-seul-20120604.html
    Sem comentários.
    Pelos dados apresentados fica evidente que o regime norte coreano desmoraliza a causa do socialismo e corresponde às piores caricaturas da direita: uma ditadura pessoal e dinástica, um sistema econômico falido, que submete o seu povo a fomes periódicas e à uma repressão cruel. A comparação com seu vizinho sul coreano capitalista se mostra amplamente desfavorável. Aquele que defenda os princípios do socialismo, como capazes de impulsionar as forças produtivas, de garantir uma sociedade mais justa e mais igual, só pode ter repulsa a um regime como o da Coréia do Norte e deve dele se dissociar.
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  4. Antes de tudo, é necessário fazer uma série de ressalvas acerca de preconceitos e conceitos distorcidos que aparecem frequentemente no texto, que refletem uma visão idealista (burguesa) de mundo e um desconhecimento total acerca da realidade da República Popular Democrática da Coreia:

    1 – Ele começa escrevendo que “a Coreia do Norte é governada por uma dinastia familiar”. Nada mais longe da verdade: A política da RPDC é composta por diversos órgãos de poder, dentre os quais a Assembleia Popular Suprema e a Comissão Nacional de Defesa constituem o órgão máximo. Possui presidentes, secretários, deputados, premiês, ministros, vereadores e mais uma série de órgãos públicos que dão conta de deixar a máquina do Estado funcionando. As monarquias, as dinastias, surgiram no período de liquidação do fracionamento fundiário imposto pelo regime feudal na Europa, na tentativa de unificar as terras sobre o controle dos grandes latifundiários. A figura do “monarca”, do rei, aparece como sendo divina. O monarca, dentro dos modelos de monarquia na qual o senhor Marco Lisboa defende que a República Popular Democrática da Coreia se encaixa, aparece como sendo uma pessoa acima das leis, acima de qualquer autoridade, acima do poder político e, portanto, do próprio Estado. Kim Il Sung, grande revolucionário-proletário, guerrilheiro, que expulsou o imperialismo japonês e liderou o povo coreano para uma República Popular e Democrática no norte da Coreia após a libertação do país, ocupou os cargos de Primeiro Ministro, Presidente e vários outros dentro do governo da RPDC. Como eu já havia sublinhado, todos os cargos ocupados por ele fazem parte da máquina do Estado, e devem ser submetidas à aprovação de terceiros para a ocupação dos mesmos. Kim Jong Il, filho do Presidente Kim Il Sung e, ao lado do mesmo, o principal líder do povo coreano, iniciou o seu trabalho no Comitê Central no Partido do Trabalho da Coreia em 19 de junho de 1964. E, durante toda sua vida como uma das principais autoridades da RPDC e, no final da sua vida, como principal, ocupou vários cargos, principalmente na área de defesa nacional. No início dos anos 90, ocupou o cargo de Ministro da Defesa e, em 1997, foi eleito para o cargo de secretário-geral do Partido do Trabalho da Coreia. Foi sendo eleito e reeleito durante quase 15 anos para o cargo de Presidente da Comissão Nacional de Defesa e, como diz de maneira explicita a Constituição Socialista da República Popular Democrática da Coreia, o Presidente da CND tem o direito de nomear todos os subcargos da CND, como os vice-presidentes e conselheiros, independente de terem ocupado ou não um cargo no governo (um procedimento mais ou menos semelhante à nomeação dos ministros do governo aqui no Brasil). Por volta de fins de 2010, Kim Jong Un é nomeado um dos vice-presidentes da Comissão Nacional de Defesa e, em 2012, é eleito primeiro presidente da Comissão Nacional de Defesa (a ocupação de tal cargo não é feita via nomeação mas sim pela eleição) e primeiro secretário do Partido do Trabalho da Coreia (outro cargo que demanda, também, a eleição, e não a nomeação de outrem). Não há, portanto, nenhuma sucessão dinástica, e tanto Kim Il Sung, quanto Kim Jong Il ou Kim Jong Un ocuparam cargos que fazem parte da máquina do Estado, estando, portanto submetidos às leis, e à autoridade para a ocupação de cargos determinados. Tal característica é base de qualquer regime republicano. Portanto, não seria ofensa ou arrogância se eu requisitasse ao senhor Marco Lisboa para usar o termo REPÚBLICA POPULAR para caracterizar a forma de governo existente na RPDC, ao invés de “dinastia”.
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  5. 2- As posições sustentadas pelo senhor Marco Lisboa, bem como sua visão de mundo e seus princípios, são visivelmente antissocialistas, contrarrevolucionárias e pró-imperialistas. Favorecem a confusão nas fileiras das forças democráticas e patrióticas e fortalecem as posições do imperialismo. Como todo bom idealista burguês, ele se refere à República Popular e Democrática da Coreia como uma “ditadura”, enxergando conceitos como “ditadura” e “democracia” de maneira abstrata, pondo conceitos claramente classistas e interdependentes como universais e completamente separados um do outro. Democracia, categoria política que nasce no processo de dissolução da comunidade primitiva e na transição para a sociedade de classes escravista, dizia respeito a direitos que pertenciam somente às classes dominantes, aos direitos dos donos de escravos e, portanto, da classe dominante. As massas de escravos oprimidas eram postas como sem alma, como seres não-humanos (a legislação de Portugal nos tempos do escravismo deixava tal condição bem clara, e punha os escravos como bestas) e portanto sem direitos políticos. O Estado Burguês, a legislação burguesa, protegem a propriedade burguesa, protegem os direitos da classe dominante em detrimento dos direitos da classe operária e das demais massas populares. Toda forma de poder político e, portanto, de Estado, se apresenta sob o duplo aspecto de democracia e ditadura, ambos os aspectos indissociáveis um do outro. Citando o exemplo do Estado Brasileiro, trata-se de um órgão de dominação de classe da burguesia burocrática, do imperialismo e dos latifundiários contra a classe operária e as demais massas trabalhadoras, apresentando-se portanto como uma democracia para os primeiros e uma ditadura para os segundos. O Estado Coreano, em contrapartida, é um órgão de dominação das massas trabalhadoras sob a direção da classe operária, contra o imperialismo e os contrarrevolucionários internos e externos. A Constituição Socialista da República Popular Democrática da Coreia deixa isso bem claro tanto nos capítulos de economia quanto política, quando diz que a única forma de propriedade permitida no país é a propriedade socialista, tanto na sua forma estatal (isto é, propriedade de todo o povo) quanto cooperativa (de indivíduos trabalhadores associados), sob a predominância e a direção da primeira.
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  6. Continuando na réplica:

    O senhor Marco Lisboa segue na tentativa fracassada de comparar as parte Norte e Sul da Coreia através de critérios incorretos ou mesmo falsos. O PIB real da Coreia não pode ser calculado pelo fato de não termos acesso à totalidade dos dados que digam respeito à real situação econômica do país – o dado que o debatedor expôs foi calculado pela CIA, calculo esse feito com base nas exportações do país. Como ele mesmo desconhece, existe uma série de fatores que dificulta em muito que a Coreia do Norte expanda seu comércio exterior – antes dos anos 90, quase todo o comércio externo era realizado com países socialistas e, portanto, quase a totalidade das reservas cambiais estava acumulada em rublo ou em moedas de outros países socialistas. No final dos 80 e início dos anos 90, do dia para a noite, com a queda dos países socialistas do Leste Europeu e da URSS, todos cortaram unilateralmente o comércio com a RPDC – e o que sobrou para a mesma foi expandir seu comércio com países capitalistas. Tal medida esbarrava em três problemas que praticamente impossibilitavam a expansão do comércio com tais países: As divisas externas em dólar da Coreia do Norte eram escassas, quase não existiam. E, em segundo lugar, a Coreia do Norte é submetida a uma série de sanções que a impedem de exportar e importar uma série de produtos necessários para o seu desenvolvimento. Terceiro: O bloqueio ao qual a RPD da Coreia é submetida impede-a de fazer transferências bancárias e mais uma série de transações financeiras de dentro do próprio país. Enquanto os Estados Unidos são os maiores exportadores de fuzis leves do mundo, baseando boa parte da sua acumulação externa e fonte de divisas na exportação não só de fuzis leves, mas também em todo tipo de material bélico, a RPD da Coreia é banida de exportar qualquer tipo de material bélico, sob o pretexto de “exportação de materiais suspeitos” e mais um monte de desculpas que carecem de qualquer base. A RPD da Coreia é banida de importar mesmo tecnologias essenciais para o desenvolvimento da economia nacional independente, como máquinas e demais tecnologias. Nesse ano, por exemplo, a Coreia foi proibida de importar o minério vanádio, importantíssimo para a indústria química, sob o pretexto de que ele seria usado na produção de armas nucleares. Com tais obstáculos, não se pode exigir que a RPDC tenha um comércio exterior grande, e tampouco se pode entender corretamente o que é a economia norte-coreana se baseando somente no seu comércio externo.

    Penso, inclusive, que seria impossível, com os dados que dispomos, fazer uma estimativa global de como está a economia da RPDC. Contudo, disponho aqui dos dados da produção de alguns ramos chave da economia norte-coreana no final dos anos 80. Não me critiquem pela desatualização, afinal são os dados realmente confiáveis (tentar pesquisar no Google não faz parte da minha metodologia):
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  7. - Em 1984, o país produzia 10 milhões de toneladas de cereais. Em 1991, produzia 15 milhões de toneladas de cereais;
    - Em 1987, a Coreia do Norte produziu 54 bilhões de kWh de energia elétrica, 80 milhões toneladas de carvão, 6,83 milhões de toneladas de aço, 5,3 milhões de toneladas de adubos químicos, 126 mil toneladas de fibras químicas, 12,4 milhões de toneladas de cimentos e 3,6 milhões de toneladas de produtos aquáticos.
    - Em 1991, o país produzia aproximadamente 100 bilhões de kWh de energia elétrica, 120 milhões de toneladas de carvão, 10 milhões de toneladas de aço, 1,7 milhões de toneladas de metais não-ferrosos, 22 milhões de toneladas de cimento, 7,2 milhões de toneladas de fertilizantes química, 10,5 bilhões de metros de tecido e 11 milhões de toneladas de produtos aquáticos.

    Voltando à parte de política, o senhor Marco Lisboa segue nas comparações falsas entre Coreia do Sul e do Norte. Segue atacando o regime democrático-popular do norte da Coreia e embeleza o regime fascista e pró-imperialista instalado por Washington em Seoul. Embeleza de maneira antimarxista o termo “democracia liberal” – esquecendo que toda democracia possui um caráter de classe – e esquecendo, também, que mesmo do ponto de vista positivista tal termo não reflete a realidade da Coreia do Sul. Tal assunto merece um apanhado histórico mais profundo:
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  8. A Lei de Segurança Nacional não se resume a reprimir opositores – patriotas, democratas, ativistas antiimperialistas, progressistas e comunistas –, tal lei impede, também, o contato de cidadãos sul-coreanos com pessoas do norte sob o pretexto de “contato com organizações anti-Estado”, e impede que sul-coreanos visitem o Norte sob a mesma desculpa (sem autorização prévia).

    A própria Anistia Internacional, que várias vezes tomou parte na campanha contra a RPDC levada a cabo pelo imperialismo, reconheceu que a Lei de Segurança Nacional, a Lei Anticomunista, a Lei Marcial e mais uma série de leis monstruosas na Coreia do Sul reprimem a liberdade de expressão e deveriam ser destruídas. Ao contrário do palavreado mentiroso e cínico sobre os “campos de concentração terríveis da Coreia do Norte” (que nunca foram visitados porque simplesmente não existem), as leis fascistas da Coreia do Sul são reais, de conhecimento público e de todo o mundo.

    Não é mais necessário se estender mais. Apesar de todo o texto do Marco Lisboa ser um amontoado de clichês e mentiras já devidamente desmascarados, ele toca num ponto correto: o socialismo é uma sociedade superior ao capitalismo na qual o desenvolvimento das forças produtivas segue a um ritmo superior do que na última. A Revolução Coreana possuiu como alavanca fundamental a contradição entre as forças produtivas e as relações de produção, que aconteciam a nível mundial, se apresentavam também na Coreia colonial com um capitalismo pouco desenvolvido através da opressão do imperialismo japonês, dos latifundiários e do capitalismo burocrático. O povo coreano, sob a liderança do grande líder Kim Il Sung, pôs por chão tais amarras para o desenvolvimento das forças produtivas, liquidou o feudalismo, o capitalismo burocrático e o imperialismo, derrotou os dois imperialismos mais assassinos da História (japonês e norte-americano), realizou sua industrialização socialista em 14 anos e garantiu para o povo, pela primeira vez na história da Nação coreana, um novo regime democrático-popular onde as mais amplas massas do povo trabalhador – os operários e camponeses – vivem uma vida nova, rica e feliz.
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  9. Afirmei que a Coréia do Norte é governada por uma dinastia familiar. A demonstração deste fato é simples: Kim Il Sung, de agora em diante conhecido como Kim I, é pai de Kim Jong Il, denominado daqui em diante, Kim II, que por sua vez é pai de Kim Jong Un, nosso Kim III. Eles ocuparam cargos previstos na Constituição. Dom Pedro I e Dom Pedro II também ocupavam. Não duvido que foram eleitos, só não acredito, por exemplo, que a eleição de Kim III, com apenas 29 aninhos se deveu aos seus méritos excepcionais e não ao seu prenome. Será que depois de mais de 60 anos de regime não apareceu nenhuma liderança fora da família Kim? Alguém mais experiente, com mais tempo de função pública, maior vivência partidária, esses critérios normais para a escolha de um dirigente?
    Afirmei que o regime é uma ditadura pessoal e dinástica. A prova deste fato também é simples. Como é que se chama um regime que faz o seu povo passar fome? Como é que se chama um regime que mantém 200.000 presos em campos de concentração? Um regime de partido único, guiado por uma ideologia que proclama que todos devem seguir o grande líder, o Kim de plantão?
    De fato eu não usei o conceito marxista de ditadura do proletariado para caracterizar o regime norte-coreano. Seria um absurdo se o fizesse, pois minha tese é justamente essa: a dinastia Kim desmoraliza a causa socialista. Demonstrar o contrário é o papel de meu oponente.
    Sobre a comparação entre as duas Coréias, o meu adversário afirma que: “O PIB real da Coréia não pode ser calculado pelo fato de não termos acesso à totalidade dos dados que digam respeito à real situação econômica do país ...”. Eu esperava mais. Mais a frente ele insiste: “ Penso, inclusive, que seria impossível, com os dados que dispomos, fazer uma estimativa global de como está a economia da RPDC.”
    É estranha a falta desses dados, pois segundo ele mesmo afirma: “O povo coreano, sob a liderança do grande líder Kim Il Sung, pôs por chão tais amarras para o desenvolvimento das forças produtivas, liquidou o feudalismo, o capitalismo burocrático e o imperialismo, derrotou os dois imperialismos mais assassinos da História (japonês e norte-americano), realizou sua industrialização socialista em 14 anos e garantiu para o povo, pela primeira vez na história da Nação coreana, um novo regime democrático-popular onde as mais amplas massas do povo trabalhador – os operários e camponeses – vivem uma vida nova, rica e feliz.”
    Com uma vida tão rica e feliz o governo deveria ser o maior interessado em divulgar os dados de sua economia, ou pelo menos, uma estimativa global. Enfim, ele não dispõe de dados que permitam uma comparação. Mas eu disponho.
    O PIB que apresentei não foi aceito com o argumento de que: “o dado que o debatedor expôs foi calculado pela CIA, calculo esse feito com base nas exportações do país...”. Sobre o restante dos dados: expectativa de vida, mortalidade infantil, desnutrição infantil, IDH, silêncio. Voltaremos ao tema, oportunamente.
    Eu não vou comentar os dados parciais apresentados pelo debatedor, porque o meu interesse é justamente ter uma visão global da economia norte-coreana para compará-la com a de seu vizinho.
    O meu oponente passa por cima dos campos de concentração com uma afirmativa singela: “... palavreado mentiroso e cínico sobre os “campos de concentração terríveis da Coreia do Norte” (que nunca foram visitados porque simplesmente não existem)...”.
    Existem provas testemunhais, fotos de satélite, reportagens e até livros baseados em depoimentos de quem escapou daquele inferno. A reportagem que citamos fala em 40 organizações de direitos humanos denunciando o gulag coreano. Voltaremos ao tema.
    Finalmente, ficaram de fora dois tópicos importantes: o primeiro, a afirmação de que a fome ronda sistematicamente a população norte-coreana, vinda, não de um agente da CIA, mas do seu mais próximo aliado, a China; o segundo, o ultimato feito a Coréia do Sul. Ele remete ao culto à personalidade, um dos aspectos mais ridículos do regime norte-coreano.
    A tese continua de pé.
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  10. O PIB da RDPC gira em torno de US$ 54 bilhões se levando em conta o padrão de cálculo via PPP (paridade de poder de compra). Sob a forma clássica de cálculo, o PIB cairia para US$ 26 bilhões. O governo norte-coreano se depara com uma situação de administrar déficits . Para uma população total de 22, 6 milhões, tendo uma população economicamente ativa de 72% deste total, sua renda per capita é de US$ 2.248, semelhante a de países como Zimbábue, Bangladesh,Usbequistão e Sudão. Este déficit comercial é amainado por operações financeiras externas, entre elas a remessa de dinheiro de coreanos étnicos residentes do Japão e de operações financeiras em paraísos fiscais como Macau. Para a esmagadora maioria dos analistas internacionais, tais operações (em Macau, sob vistas grossas da China, p. ex.) são operações ilegais. Sob meu ponto de vista, o julgamento acerca da ilegalidade ou não de tais, dependem da consciência de classe de cada um. Para mim, são plenamente justificadas.
    Elias Jabbour *

    Doutorando e Mestre em Geografia Humana pela FFLCH-USP, membro do Conselho Editorial da Revista Princípios e autor de "China: infra-estruturas e crescimento econômico" (Anita Garibaldi).

    Como havia prometido, volto ao tema do PIB. Esses números são até um pouco melhores dos que eu havia apresentado. Como o responsável é Doutorando, membro da Revista Princípios do PC do B e insuspeito de colaborar com a CIA, deixo esses dados para meu oponente comentar.
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  11. http://www.gizmodo.com.br/google-earth-mostra-detalhes-ineditos-dos-campos-da-morte-na-coreia-do-norte/
    Google Earth mostra detalhes inéditos dos campos da morte na Coreia do Norte
    POR - LEO MARTINS 20 SET, 2011 - 05:58

    Todos nós já fizemos piadas — talvez até muitas — sobre o reino totalitário de Kim Jon Il na Coreia do Norte, mas esta é a faceta real de seu regime. Estas são as imagens mais detalhadas que já vimos dos campos de concentração, onde mais de 200 mil norte-coreanos vivem.
    As histórias que surgem dos campos são horríveis. Presos normalmente morrem após torturas, enquanto outros são executados por um pelotão de apedrejamento público. Aqueles que sobrevivem estão subnutridos e doentes, e continuam forçados a fazer trabalho escravo durante sete dias por semana, enquanto subexistem com uma dieta de “ratos, cobras, sapos, insetos” e até mesmo fezes, segundo ex-prisioneiros.
    No entanto, a Coreia do Norte continua negando a existência de tais campos. Mas novas imagens foram identificadas pelo Ministério da Unificação da Coreia do Sul como locais dos campos de concentração, incluindo os conhecidos Camp 22 e Yodok, que contam com mais de 50 mil prisioneiros. Imagens anteriores de satélite eram borradas e difíceis de decifrar, mas os novos resultados são extremamente detalhados. De acordo com a Anistia Internacional, ao comparar as imagens novas com as dos mesmo locais há dez anos, os campos parecem estar aumentando.
    Não há razões para acreditar que evidências quase incontestáveis farão com que o governo norte-coreano pare de sequestrar, prender e escravizar seus cidadão. Eles deixaram claro repetidas vezes que estão dispostos a calar os fatos. Mas agora que o público pode ver com tamanha clareza e definição os campos em que centenas de milhares de pessoas inocentes e prisioneiros políticos são encarcerados pode — apenas pode — fazer o lado humano florescer mais na complexa discussão. [Daily Mail, Guardian, Washington Post]

    Como havia prometido, volto ao tema dos campos de concentração. O meu oponente afirmou, sobre essa denúncia:
    "palavreado mentiroso e cínico sobre os “campos de concentração terríveis da Coreia do Norte” (que nunca foram visitados porque simplesmente não existem)".

    Nunca foram visitados, mas foram fotografados e estão lá no Google Earth, essa maldita ferramenta do imperialismo que tem a mania de mostrar o que não deve ser visto.

    Deixo para os comentários do meu oponente.
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  12. “A política da RPDC é composta por diversos órgãos de poder, dentre os quais a Assembleia Popular Suprema e a Comissão Nacional de Defesa constituem o órgão máximo. Possui presidentes, secretários, deputados, premiês, ministros, vereadores e mais uma série de órgãos públicos que dão conta de deixar a máquina do Estado funcionando. As monarquias, as dinastias, surgiram no período de liquidação do fracionamento fundiário imposto pelo regime feudal na Europa, na tentativa de unificar as terras sobre o controle dos grandes latifundiários. A figura do “monarca”, do rei, aparece como sendo divina. O monarca, dentro dos modelos de monarquia na qual o senhor Marco Lisboa defende que a República Popular Democrática da Coreia se encaixa, aparece como sendo uma pessoa acima das leis, acima de qualquer autoridade, acima do poder político e, portanto, do próprio Estado. Kim Il Sung, grande revolucionário-proletário, guerrilheiro, que expulsou o imperialismo japonês e liderou o povo coreano para uma República Popular e Democrática no norte da Coreia após a libertação do país, ocupou os cargos de Primeiro Ministro, Presidente e vários outros dentro do governo da RPDC. Como eu já havia sublinhado, todos os cargos ocupados por ele fazem parte da máquina do Estado, e devem ser submetidas à aprovação de terceiros para a ocupação dos mesmos. Kim Jong Il, filho do Presidente Kim Il Sung e, ao lado do mesmo, o principal líder do povo coreano, iniciou o seu trabalho no Comitê Central no Partido do Trabalho da Coreia em 19 de junho de 1964. E, durante toda sua vida como uma das principais autoridades da RPDC e, no final da sua vida, como principal, ocupou vários cargos, principalmente na área de defesa nacional. No início dos anos 90, ocupou o cargo de Ministro da Defesa e, em 1997, foi eleito para o cargo de secretário-geral do Partido do Trabalho da Coreia. Foi sendo eleito e reeleito durante quase 15 anos para o cargo de Presidente da Comissão Nacional de Defesa e, como diz de maneira explicita a Constituição Socialista da República Popular Democrática da Coreia, o Presidente da CND tem o direito de nomear todos os subcargos da CND, como os vice-presidentes e conselheiros, independente de terem ocupado ou não um cargo no governo (um procedimento mais ou menos semelhante à nomeação dos ministros do governo aqui no Brasil). Por volta de fins de 2010, Kim Jong Un é nomeado um dos vice-presidentes da Comissão Nacional de Defesa e, em 2012, é eleito primeiro presidente da Comissão Nacional de Defesa (a ocupação de tal cargo não é feita via nomeação mas sim pela eleição) e primeiro secretário do Partido do Trabalho da Coreia (outro cargo que demanda, também, a eleição, e não a nomeação de outrem). Não há, portanto, nenhuma sucessão dinástica, e tanto Kim Il Sung, quanto Kim Jong Il ou Kim Jong Un ocuparam cargos que fazem parte da máquina do Estado, estando, portanto submetidos às leis, e à autoridade para a ocupação de cargos determinados. Tal característica é base de qualquer regime republicano.”
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  13. Dom Pedro I e Dom Pedro II não “ocupavam cargos”. Eles mesmos estavam acima do Estado, acima das leis e acima da própria autoridade. Tudo isso se reflete principalmente, no fato de acima dos Poderes Legislativo, Judiciário e Legislativo, existir o Poder Moderador que dava aos monarcas (que não eram escolhidos mediante eleições) plenos poderes sobre os três poderes que eram o pilar do Estado. Nada disso existe na RPDC. Você questionou se “Será que depois de mais de 60 anos de regime não apareceu nenhuma liderança fora da família Kim? Alguém mais experiente, com mais tempo de função pública, maior vivência partidária, esses critérios normais para a escolha de um dirigente?”. A RPDC possui várias lideranças, desde deputados, vereadores, dirigentes de fábricas, ministros, premiês e mais uma série de membros que compõem a máquina do Estado, algo que mostra de maneira irrefutável que a RPDC não é um “reino”, uma “monarquia”, mas uma República. Se você não gostou do fato de Kim Jong Un ter sido eleito para o posto de primeiro secretário do PTC ou para primeiro presidente da Comissão Nacional de Defesa, é uma opinião sua. Ninguém é obrigado a ser comunista. A diferença é que existem critérios objetivos para caracterizar uma “república” ou uma “monarquia”. E a RPDC se encaixa na primeira por critérios objetivos e não na segunda, querendo você ou não.

    Quando você diz “A prova deste fato também é simples. Como é que se chama um regime que faz o seu povo passar fome?”, dá mostras de uma visão idealista-burguesa, dando a entender que a RPDC destruiu sua própria agricultura para que a população pudesse passar fome porque as lideranças do país gostavam disso. Nem nas piores épocas da crise de abastecimento da RPDC (no final dos anos 90) o “povo” (conceito completamente abstrato e inexato, já devidamente criticado por Lenin e outros clássicos marxistas), de maneira generalista, passava fome.
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  14. Para ser anticomunista basta ter fé. Os dados de que “60% da população é desnutrida” são completamente falsos, não dizendo respeito à realidade nem dos países mais pobres do mundo, que possuem bases econômicas fracas e não se industrializaram (ao contrário da RPDC). Já mostrei aqui os dados da produção agrícola da Coreia do Norte e ninguém em sua sã consciência diria que um país que produz 15 milhões de toneladas anualmente possui 60% das suas crianças desnutridas. Talvez algo semelhante a isso possa acontecer em países capitalistas, que esbarram em crises de superprodução de capital e, com as quedas na produção em vários ramos (que incluem a produção agrícola), levam-se também à queda no consumo. Tal fato não é uma realidade na RPDC onde os meios de produção social – as fábricas, as terras, etc. etc. – são de propriedade de todo o povo.

    Os “campos de concentração” também inexistem na RPDC. Também não existem “provas” – relatos podem muito bem ser forjados e as “fotos de satélite que mostram os campos de concentração” são, na sua maioria, cooperativas agrícolas de camponeses que são expostas aqui como “campos de concentração”. Você poderia vir aqui e dizer que “você não apresentou contra-provas em relação à questão dos ‘campos de concentração’”, porque é algo que sequer merece ser debatido porque tais “campos” não existem. Seria a mesma coisa que alguém escrevesse “toda vez que o Marco Lisboa vai tomar banho, ele enfia o dedo no cu”, publicasse em todos os jornais e você jamais pudesse provar o contrário, simplesmente pelo fato de não haver como.
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  15. Que a Coreia é um país socialista, prova-se objetivamente: Os meios de produção são de propriedade social e a superestrutura política e ideológica protege essa mesma forma de propriedade (o que caracteriza aqui, portanto, o poder político das massas populares sob a direção da classe operária, no caso específico coreano). Se você também não gosta do fato de a RPD da Coreia ser um país socialista, também é algo que pertence somente à sua subjetividade e não à realidade.

    E, sim, finalmente você se mostra correto em um ponto. A Coreia do Norte possui vários partidos e organizações populares, mas é um “sistema de Partido único” no sentido de que quem dá as linhas da construção socialista em todas as áreas da vida social é o Partido do Trabalho da Coreia, e não os outros partidos. O PTC é o Estado-Maior da Revolução Coreana e guia de todas as atividades do Estado. É assim porque a empresa que o país exerce é a construção do socialismo, e não de um regime utópico liberal-burguês. Esse “Estado” que defenderia tanto o socialismo quanto o capitalismo, seria tanto dependente quanto independente, não existe na realidade e é produto dos devaneios subjetivos do liberalismo, devaneios esses do qual o Marco é realmente partidário.
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  16. Sobre a questão da economia, persisto afirmando que teríamos que ter acesso a mais uma série de dados para ter uma ideia exata de como a economia norte-coreana se encontra globalmente. Para isso, teríamos que ter acesso aos volumes de exportação e importação, produção de TODOS os setores e consumo anuais, dívidas do Estado, gastos do governo etc. etc. para só então falarmos de forma exata. Já que você é realmente tão interessado nisso, já temos alguns dados sobre a produção dos ramos exatos da indústria norte-coreana. Calcule quanto valeriam 15 milhões de toneladas de cereais, 100 bilhões de kWh de energia elétrica, 120 milhões de toneladas de carvão, 10 milhões de toneladas de aço, 1,7 milhões de toneladas de metais não-ferrodos, 22 milhões de toneladas de cimento, 7,2 milhões de toneladas de fertilizantes química, 10,5 bilhões de metros de tecido, 11 milhões de toneladas de produtos aquáticos e os outros produtos que postei aqui em dólares para ter uma ideia – ainda completamente inexata – de como se encontra a economia norte-coreana.

    Os dados por si só também provam que as forças produtivas avançaram. Comparando tais dados da produção com os dados da produção de 1944, quando a Coreia ainda era uma colônia japonesa, a produção industrial cresceu 431 vezes e a agrícola 5,3 vezes. Admirações obsessivas são assim.

    Meu oponente me acusou de ter silenciado sobre alguns temas no qual ele tocou. Penso que agora respondi tudo o que deveria realmente ser respondido.
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  17. O meu oponente afirma sob o conceito de povo: “conceito completamente abstrato e inexato, já devidamente criticado por Lenin e outros clássicos marxistas” . Anteriormente havia solicitado: “Portanto, não seria ofensa ou arrogância se eu requisitasse ao senhor Marco Lisboa para usar o termo REPÚBLICA POPULAR para caracterizar a forma de governo existente na RPDC, ao invés de “dinastia”. (O nome oficial da Coréia do Norte é República Democrática Popular da Coréia, as maiúsculas são de meu oponente).
    Essa é uma prova de que a dinastia Kim não é marxista e sim burguesa-idealista ou coisa que o valha, pois utilizaram um conceito completamente abstrato e inexato no nome de seu país. Que furo, família Kim!
    A propósito da dinastia, meu oponente acreditou que eu havia afirmado que a REPUBLICA POPULAR era uma monarquia. e gastou seu precioso tempo fora do Facebook para provar o contrário. Tempo perdido, pois eu utilizei o termo dinastia em sentido figurado. No primeiro dicionário on-line que consultei achei:
    Significado de Dinastia:
    s.f. Série ou sucessão de soberanos pertencentes à mesma família.
    P. ext. Série de pessoas aliadas ou de condição semelhante que exercem sucessivamente
    algum poder ou influência.
    http://www.dicio.com.br/dinastia/
    Em relação à fome bem concreta que passa esse conceito tão abstrato (o povo) , eu baseei minha afirmativa em uma reportagem que cito novamente:
    “Mais de seis milhões de norte-coreanos, cerca de um terço da população do país, "estão à beira de morrer de fome" e "necessitam de ajuda urgente", alertou, quinta-feira, um jornal chinês citando o Programa Alimentar Mundial.”
    “A "escassez de comida" forçou a Coreia do Norte a pedir ajuda externa, disse Zhang Liangui, especialista em assuntos norte-coreanos da Escola Central do Partido Comunista Chinês, citado pelo jornal Global Times.”
    Eu concordo com meu oponente em sua afirmação de que nem todo mundo é obrigado a ser comunista, e já que ele não confia na minha “visão idealista (burguesa)”, esperava que , pelo menos, acreditasse na palavra de um camarada, ainda mais um quadro da Escola Central do PCCh.
    O mais próximo de um argumento para negar a existência da fome é a afirmativa de que eu dei a entender “que a RPDC destruiu sua própria agricultura para que a população pudesse passar fome porque as lideranças do país gostavam disso.” Para esse raciocínio ser verdadeiro seria preciso que a única causa possível para a população (uma maneira elegante de dizer povo, esse conceito abstrato e inexato) passar fome seria o sadismo das autoridades. Eu prefiro atribuí-la à incompetência e à indiferença. Complementando essa linha de raciocínio, isso seria absurdo, LOGO não existe a fome. Voilá, graças à lógica somem 6 milhões de norte-coreanos famintos. Mas isso não acontece, como diria Cartola.
    Por último, numa prova de que o meu oponente não dá mesmo crédito às afirmações de seus camaradas comunistas, ele simplesmente ignora os comentários do PIB coreano, feitos por um membro do PC do B. Também não diz mais uma palavra sobre os campos de concentração da REPÚBLICA POPULAR, mesmo eu tendo apresentado novas fontes. E nem mesmo se solidariza com a honra do amado líder, que foi sujada pela imprensa sul-coreana, gerando um ultimato do EXÉRCITO POPULAR DA CORÉIA de bombardear as redações desses meios de comunicação. O silêncio de meu oponente é eloqüente.
    A tese se mantém de pé.
    A dinastia Kim desmoraliza a causa do socialismo.
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  18. - Como você mesmo deixou claro, a RPDC não é uma monarquia, embora você use esse termo em “sentido figurado” para se referir à mesma por conta de sua subjetividade. Ótimo, nesse ponto não vale a pena gastarmos mais uma linha sequer, da feita que seus pontos aqui já foram derrubados.

    - A forma como você se refere a “povo” é realmente vaga e, no geral, a palavra povo é vulgarizada da mesma maneira. Mas, permita-me usar a definição que os coreanos usavam para dar significado à mesma palavra no período logo após a libertação: Usa-se a palavra “povo” para se referir a todas as classes que, de uma maneira ou de outra, sofriam e se opunham objetivamente ao regime de produção de capitalismo burocrático e semi-feudal que foi imposto à Coreia pelo imperialismo japonês. Cabem na definição de povo, portanto, o proletariado (classe operária), os camponeses (proletariado, semi proletariado e pequena burguesia agrários), a pequena burguesia urbana oprimida e mesmo a burguesia nacional (quer dizer, a classe dos capitalistas nacionais que não estavam ligados ao imperialismo japonês, capitalistas não compradores e não burocráticos).

    Nos dias de hoje, depois de todas as transformações pelas quais passou a Coreia Popular no decorrer desses quase setenta anos, utilizamos a palavra “povo” para se referir aos trabalhadores – quer dizer, à classe operária, aos camponeses e aos intelectuais. A antiga definição, na qual a pequena-burguesia e a burguesia nacional está incluída, não corresponde mais a realidade da Coreia onde as relações de produção socialistas existem quase que na totalidade.

21 comentários:

  1. O regime norte-coreano desmoraliza a causa socialista.
    A queda do muro, em 1989, é um marco na história do movimento comunista. Foi seguida pela dissolução da União Soviética e pelo colapso das democracias populares do Leste Europeu. Até a década de 50, embora com dissidências aqui e ali, Moscou exercia um papel de liderança incontestável. O trotsquismo nunca chegou a ter expressão maior. Com a morte de Stálin e a divulgação do Relatório Khrushev, inicia-se um movimento centrífugo: a China passa a liderar um bloco de partidos, Cuba inspira uma série de movimentos na América Latina, contrários aos partidos comunistas tradicionais, e o eurocomunismo ganha força.
    Dentro do movimento operário, na esteira do Solidariedade polonês, surgem organizações e partidos operários em vários países. O PT no Brasil é um exemplo clássico.
    Contraditoriamente, a década de 90 é marcada por um movimento contrário, onde, sem abrirem mão das divergências que os separavam, os partidos comunistas e os movimentos sociais passam a buscar um denominador comum.
    Só para ilustrar esses dois momentos, em 1981, João Amazonas, Secretário Geral do PC do B escreveu: “O Revisionismo chinês de Mao Tsetung”, onde afirma:
    “Ultimamente, tomou corpo outra variante do revisionismo – o revisionismo chinês -, raivoso inimigo do socialismo, furioso adversário da revolução mundial. O desmascaramento desta variante, que atuou largo tempo acobertada pelo chamado pensamento Mao Tsetung, destilando o veneno do oportunismo, precisa ser realizado com firme empenho e sem conciliação de qualquer espécie. É uma questão fundamental para os marxistas-leninistas de toda a parte.”
    Em artigo de abril de 2012, João Amazonas e a política internacionalista do PC do B, o Vermelho assinala a mudança:
    “Amazonas percebe, com agudeza, que “os acontecimentos da União Soviética e do Leste europeu (...) criam situação nova”, e afirma que “se não compreendermos isso, não seremos capazes de lutar corretamente pela construção da unidade”. E conclui: “Penso que há mudança na forma de luta pela unidade da classe operária.”
    Baseado nessa compreensão, Amazonas propõe “alargar os horizontes” das relações internacionais do PCdoB. Diz que a nossa arma contra a ofensiva anticomunista “tem de ser a unidade dos revolucionários, dos povos do mundo. Essa, uma grande tarefa do movimento comunista mundial”.
    Declara, portanto, que o PCdoB “está decidido a buscar, sem preconceitos, contato com todas as forças que combatem o revisionismo contemporâneo, tentando abrir caminho à unidade do movimento proletário mundial”.”
    Mais à frente vemos o resultado desta nova política:
    “O PCdoB hoje tem relações com mais de 180 partidos, de mais de 100 países de todos os continentes; participa do processo dos Encontros Internacionais de Partidos Comunistas e Operários; participa do Foro de São Paulo, que reúne a esquerda latino-americana e caribenha; marca presença em importantes eventos, seminários e congressos promovidos bilateral ou multilateralmente por essas forças políticas amigas, ...”
    Essa nova atitude da esquerda (e não apenas do PC do B) tem duas conseqüências: o embate ideológico aberto, característico das décadas de 60 a 80 arrefece; passa a haver uma atitude de apoio mútuo entre os membros dessa frente. Como conseqüência, qualquer crítica à condução política de um dos membros é tratada como se fosse uma posição de direita.
    A Coréia do Norte, conhecida oficialmente como República Democrática Popular da Coréia, foi beneficiada por essa nova política. Governada por uma dinastia familiar, com sua população submetida a grandes privações, abrigando 200.000 prisioneiros políticos em campos de concentração nas piores condições possíveis, o regime é absolvido em nome de uma posição supostamente antiimperialista.
    Nossa tese é que a Coréia do Norte desmoraliza a causa do socialismo ao associá-la à miséria e à opressão. Seria difícil para a direita encontrar um exemplo que se ajustasse melhor à caricatura que faz do comunismo.

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  2. O caso da Coréia do Norte é emblemático porque na mesma península convivem dois países que compartilham a mesma história, separados há pouco menos de 60 anos, em condições absolutamente diferentes. A comparação é cruel.
    Coréia do Norte:
    PIB Nominal US$ 12,3 bilhões
    Crescimento real do PIB 0,7%
    PIB Nominal "per capita" US$ 500
    PIB PPP (Estimativa 2011) US$ 44,3 bilhões
    PIB PPP "per capita" (Estimativa 2011) US$ 1.800
    http://www.brasilglobalnet.gov.br/ARQUIVOS/IndicadoresEconomicos/INDCoreiaNorte.pdf

    Coréia do Sul:
    PIB Nominal US$ 1,1 trilhão
    Crescimento real do PIB 3,6%
    PIB Nominal "per capita" US$ 22.014
    PIB PPP US$ 1,5 trilhão
    PIB PPP "per capita" US$ 30.031
    http://www.brasilglobalnet.gov.br/ARQUIVOS/IndicadoresEconomicos/INDCoreiaSul.pdf
    Vejamos agora alguns indicadores sociais:
    Coréia do Norte:
    Expectativa de vida: 63,8 anos (2009).
    Mortalidade infantil: 51,34 por mil nascimentos (2009).
    Analfabetismo: 1% (2009).
    Desnutrição infantil: 60%, sendo 16% grave desnutrição (2009).
    IDH: 0,766 (75º do mundo - 2009).
    http://www.portalbrasil.net/asia_coreiadonorte.htm
    Coréia do Sul:
    Expectativa de vida M/F: 69/76 anos (1995-2000).

    Mortalidade infantil: 10‰ (1995-2000).

    Analfabetismo: 2,2% (2000).

    IDH (0-1): 0,854 (1998).
    http://www.portalbrasil.net/asia_coreiadosul.htm
    Em 2011, a Coréia do Sul tinha o 15º melhor IDH. E 4 mortes por mil nascimentos.
    Por último, vejamos o que diz o maior aliado da Coréia do Norte sobre as condições alimentares do país:
    Mais de seis milhões de norte-coreanos, cerca de um terço da população do país, "estão à beira de morrer de fome" e "necessitam de ajuda urgente", alertou, quinta-feira, um jornal chinês citando o Programa Alimentar Mundial.
    “ O alerta c incidiu com a secreta visita à China do líder norte-coreano, Kim Jong-il, "centrada", de acordo com um perito local, na "cooperação económica" e na "assistência chinesa" à Coreia do Norte.
    A "escassez de comida" forçou a Coreia do Norte a pedir ajuda externa, disse Zhang Liangui, especialista em assuntos norte-coreanos da Escola Central do Partido Comunista Chinês, citado pelo jornal Global Times.
    As estimativas do Programa Alimentar Mundial (PAM), divulgadas em Março, referiram que a Coreia do Norte necessitará de 450 mil toneladas de alimentos.
    Zhang Liangui considerou que "para a comunidade internacional, há sempre um dilema na ajuda à Coreia do Norte".
    "Por razões humanitárias, é necessário ajudar as pessoas com fome, mas por outro lado há o receio que a ajuda seja usada pelos militares e pelo governo para financiar o programa de desenvolvimento nuclear", explicou.

    http://www.jn.pt/PaginaInicial/Mundo/Interior.aspx?content_id=1862059

    O artigo é de maio de 2011. Notícias mais recentes falam de uma seca nunca antes registrada, que poderá agravar o quadro.
    Eu desafio a alguém fazer um teste cego: mostrem esses dados para uma pessoa normal, sem identificar os países pelo nome, e perguntem em qual deles ela iria preferir viver.
    Para ser justo, como não só de pão vive o homem, seria interessante comparar os sistemas políticos.
    Coréia do Norte:
    Partido Único.
    Sucessão dinástica
    A Constituição atualizada lê, "O presidente Kim Jong-Il da Comissão de Defensa Nacional transformou nossa pátria num Estado invencível de ideologia política, um Estado com armas nucleares e uma potência militar indomável, preparando o terreno para a construção de uma nação forte e próspera." Acrescentando "Estado nuclearmente armado" ao seu preâmbulo.
    Chic no último.
    Coréia do Sul:
    Presidencialista, com os três poderes tradicionais, eleições para presidente a cada 5 anos, por voto direto. Unicameralismo com mandato de 4 anos para os parlamentares. Depois de passar por várias ditaduras militares, hoje é o que se poderia chamar de uma democracia liberal.

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  3. Em relação aos campos de concentração, não há como comparar, porque eles inexistem na Coréia do Sul. Vejamos um trecho de uma reportagem atual:
    “Mais de 40 organizações defensoras dos direitos humanos exigiram nesta terça-feira que a ONU abra uma investigação para tentar fechar os campos de concentração na Coreia do Norte, onde se estima que vivam 200.000 prisioneiros em condições subumanas, inclusive crianças.
    ... As ONGs solicitam à ONU uma visita aos campos de detenção, denominados de "gulags", além da elaboração de um relatório solicitando o fechamento dos locais. "As condições de vida nos 'gulags' são horríveis. ...
    No relatório enviado às Nações Unidas, também são mencionados trabalhos forçados de mais de 12 horas por dia sem folgas, em troca de uma porção de cerca de 20 grãos de milho. "É uma quantidade tão ínfima que os detidos estão obrigados a irem até os dejetos das vacas para encontrar grãos não digeridos e escapar, assim, da morte", aponta o comunicado, a partir do testemunho de um prisioneiro que conseguiu fugir de uma dessas prisões.
    Condições - Segundo o texto, divulgado em Paris pela FIDH, a condição nos campos ainda é agravada por doenças como tuberculose ou pneumonia, que provocam, a cada ano, a morte de 20% a 25% dos detidos. "Mais de 400.000 prisioneiros morreram nos últimos anos", informa o comunicado.
    Além dos trabalhos forçados e da fome, os prisioneiros também são "frequentemente" vítimas de torturas, violações e, às vezes, de execuções extrajudiciais, segundo as organizações. Diante desse cenário, as instituições solicitam à ONU que redija um relatório com as condições reais nesses campos.”
    http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/ongs-pedem-a-onu-fechamento-de-campos-de-concentracao-na-coreia-do-norte
    Por último, há um aspecto profundamente ridículo nos títulos e nas manifestações oficiais sobre os membros da dinastia Kim.
    “O Exército da Coreia do Norte ameaçou nesta segunda-feira (4) explodir as redações de vários meios de comunicação sul-coreanos em Seul, após as críticas a uma homenagem à União das Crianças Coreanas em Pyongyang, capital norte-coreana.
    Em um comunicado publicado pela agência oficial norte-coreana, o Exército destaca que unidades de mísseis e de outras forças verificaram as longitudes e latitudes para atingir os escritórios no centro da capital sul-coreana.
    A nota cita como alvos os jornais Chosun Ilbo e JoongAng Ilbo, um canal administrado pelo jornal Dong-A Ilbo, assim como as emissoras KBS, CBS, MBC e SBS.
    ...
    "Se estes refúgios de crimes monstruosos explodirem um após o outro, a gangue de Lee será inteiramente responsável", afirma o comunicado, que cita um "ultimato".
    O Exército norte-coreano acusa os meios de comunicação sul-coreanos terem "sujado" um evento que reuniu 20 mil crianças em Pyongyang para celebrar o 66º aniversário da União das Crianças Coreanas, uma organização criada pelo regime comunista.
    ...
    "Os jovens delegados não podiam conter a infinita alegria e querem guardar sempre no mais profundo de seu coração a imagem benevolente do respeitado camarada Kim Jong-Un", afirma a nota da agência KCNA.”

    http://noticias.r7.com/internacional/noticias/pyongyang-ameaca-atacar-a-imprensa-em-seul-20120604.html
    Sem comentários.
    Pelos dados apresentados fica evidente que o regime norte coreano desmoraliza a causa do socialismo e corresponde às piores caricaturas da direita: uma ditadura pessoal e dinástica, um sistema econômico falido, que submete o seu povo a fomes periódicas e à uma repressão cruel. A comparação com seu vizinho sul coreano capitalista se mostra amplamente desfavorável. Aquele que defenda os princípios do socialismo, como capazes de impulsionar as forças produtivas, de garantir uma sociedade mais justa e mais igual, só pode ter repulsa a um regime como o da Coréia do Norte e deve dele se dissociar.

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  4. Em relação aos campos de concentração, não há como comparar, porque eles inexistem na Coréia do Sul. Vejamos um trecho de uma reportagem atual:
    “Mais de 40 organizações defensoras dos direitos humanos exigiram nesta terça-feira que a ONU abra uma investigação para tentar fechar os campos de concentração na Coreia do Norte, onde se estima que vivam 200.000 prisioneiros em condições subumanas, inclusive crianças.
    ... As ONGs solicitam à ONU uma visita aos campos de detenção, denominados de "gulags", além da elaboração de um relatório solicitando o fechamento dos locais. "As condições de vida nos 'gulags' são horríveis. ...
    No relatório enviado às Nações Unidas, também são mencionados trabalhos forçados de mais de 12 horas por dia sem folgas, em troca de uma porção de cerca de 20 grãos de milho. "É uma quantidade tão ínfima que os detidos estão obrigados a irem até os dejetos das vacas para encontrar grãos não digeridos e escapar, assim, da morte", aponta o comunicado, a partir do testemunho de um prisioneiro que conseguiu fugir de uma dessas prisões.
    Condições - Segundo o texto, divulgado em Paris pela FIDH, a condição nos campos ainda é agravada por doenças como tuberculose ou pneumonia, que provocam, a cada ano, a morte de 20% a 25% dos detidos. "Mais de 400.000 prisioneiros morreram nos últimos anos", informa o comunicado.
    Além dos trabalhos forçados e da fome, os prisioneiros também são "frequentemente" vítimas de torturas, violações e, às vezes, de execuções extrajudiciais, segundo as organizações. Diante desse cenário, as instituições solicitam à ONU que redija um relatório com as condições reais nesses campos.”
    http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/ongs-pedem-a-onu-fechamento-de-campos-de-concentracao-na-coreia-do-norte
    Por último, há um aspecto profundamente ridículo nos títulos e nas manifestações oficiais sobre os membros da dinastia Kim.
    “O Exército da Coreia do Norte ameaçou nesta segunda-feira (4) explodir as redações de vários meios de comunicação sul-coreanos em Seul, após as críticas a uma homenagem à União das Crianças Coreanas em Pyongyang, capital norte-coreana.
    Em um comunicado publicado pela agência oficial norte-coreana, o Exército destaca que unidades de mísseis e de outras forças verificaram as longitudes e latitudes para atingir os escritórios no centro da capital sul-coreana.
    A nota cita como alvos os jornais Chosun Ilbo e JoongAng Ilbo, um canal administrado pelo jornal Dong-A Ilbo, assim como as emissoras KBS, CBS, MBC e SBS.
    ...
    "Se estes refúgios de crimes monstruosos explodirem um após o outro, a gangue de Lee será inteiramente responsável", afirma o comunicado, que cita um "ultimato".
    O Exército norte-coreano acusa os meios de comunicação sul-coreanos terem "sujado" um evento que reuniu 20 mil crianças em Pyongyang para celebrar o 66º aniversário da União das Crianças Coreanas, uma organização criada pelo regime comunista.
    ...
    "Os jovens delegados não podiam conter a infinita alegria e querem guardar sempre no mais profundo de seu coração a imagem benevolente do respeitado camarada Kim Jong-Un", afirma a nota da agência KCNA.”

    http://noticias.r7.com/internacional/noticias/pyongyang-ameaca-atacar-a-imprensa-em-seul-20120604.html
    Sem comentários.
    Pelos dados apresentados fica evidente que o regime norte coreano desmoraliza a causa do socialismo e corresponde às piores caricaturas da direita: uma ditadura pessoal e dinástica, um sistema econômico falido, que submete o seu povo a fomes periódicas e à uma repressão cruel. A comparação com seu vizinho sul coreano capitalista se mostra amplamente desfavorável. Aquele que defenda os princípios do socialismo, como capazes de impulsionar as forças produtivas, de garantir uma sociedade mais justa e mais igual, só pode ter repulsa a um regime como o da Coréia do Norte e deve dele se dissociar.

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  5. Antes de tudo, é necessário fazer uma série de ressalvas acerca de preconceitos e conceitos distorcidos que aparecem frequentemente no texto, que refletem uma visão idealista (burguesa) de mundo e um desconhecimento total acerca da realidade da República Popular Democrática da Coreia:

    1 – Ele começa escrevendo que “a Coreia do Norte é governada por uma dinastia familiar”. Nada mais longe da verdade: A política da RPDC é composta por diversos órgãos de poder, dentre os quais a Assembleia Popular Suprema e a Comissão Nacional de Defesa constituem o órgão máximo. Possui presidentes, secretários, deputados, premiês, ministros, vereadores e mais uma série de órgãos públicos que dão conta de deixar a máquina do Estado funcionando. As monarquias, as dinastias, surgiram no período de liquidação do fracionamento fundiário imposto pelo regime feudal na Europa, na tentativa de unificar as terras sobre o controle dos grandes latifundiários. A figura do “monarca”, do rei, aparece como sendo divina. O monarca, dentro dos modelos de monarquia na qual o senhor Marco Lisboa defende que a República Popular Democrática da Coreia se encaixa, aparece como sendo uma pessoa acima das leis, acima de qualquer autoridade, acima do poder político e, portanto, do próprio Estado. Kim Il Sung, grande revolucionário-proletário, guerrilheiro, que expulsou o imperialismo japonês e liderou o povo coreano para uma República Popular e Democrática no norte da Coreia após a libertação do país, ocupou os cargos de Primeiro Ministro, Presidente e vários outros dentro do governo da RPDC. Como eu já havia sublinhado, todos os cargos ocupados por ele fazem parte da máquina do Estado, e devem ser submetidas à aprovação de terceiros para a ocupação dos mesmos. Kim Jong Il, filho do Presidente Kim Il Sung e, ao lado do mesmo, o principal líder do povo coreano, iniciou o seu trabalho no Comitê Central no Partido do Trabalho da Coreia em 19 de junho de 1964. E, durante toda sua vida como uma das principais autoridades da RPDC e, no final da sua vida, como principal, ocupou vários cargos, principalmente na área de defesa nacional. No início dos anos 90, ocupou o cargo de Ministro da Defesa e, em 1997, foi eleito para o cargo de secretário-geral do Partido do Trabalho da Coreia. Foi sendo eleito e reeleito durante quase 15 anos para o cargo de Presidente da Comissão Nacional de Defesa e, como diz de maneira explicita a Constituição Socialista da República Popular Democrática da Coreia, o Presidente da CND tem o direito de nomear todos os subcargos da CND, como os vice-presidentes e conselheiros, independente de terem ocupado ou não um cargo no governo (um procedimento mais ou menos semelhante à nomeação dos ministros do governo aqui no Brasil). Por volta de fins de 2010, Kim Jong Un é nomeado um dos vice-presidentes da Comissão Nacional de Defesa e, em 2012, é eleito primeiro presidente da Comissão Nacional de Defesa (a ocupação de tal cargo não é feita via nomeação mas sim pela eleição) e primeiro secretário do Partido do Trabalho da Coreia (outro cargo que demanda, também, a eleição, e não a nomeação de outrem). Não há, portanto, nenhuma sucessão dinástica, e tanto Kim Il Sung, quanto Kim Jong Il ou Kim Jong Un ocuparam cargos que fazem parte da máquina do Estado, estando, portanto submetidos às leis, e à autoridade para a ocupação de cargos determinados. Tal característica é base de qualquer regime republicano. Portanto, não seria ofensa ou arrogância se eu requisitasse ao senhor Marco Lisboa para usar o termo REPÚBLICA POPULAR para caracterizar a forma de governo existente na RPDC, ao invés de “dinastia”.

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  6. 2- As posições sustentadas pelo senhor Marco Lisboa, bem como sua visão de mundo e seus princípios, são visivelmente antissocialistas, contrarrevolucionárias e pró-imperialistas. Favorecem a confusão nas fileiras das forças democráticas e patrióticas e fortalecem as posições do imperialismo. Como todo bom idealista burguês, ele se refere à República Popular e Democrática da Coreia como uma “ditadura”, enxergando conceitos como “ditadura” e “democracia” de maneira abstrata, pondo conceitos claramente classistas e interdependentes como universais e completamente separados um do outro. Democracia, categoria política que nasce no processo de dissolução da comunidade primitiva e na transição para a sociedade de classes escravista, dizia respeito a direitos que pertenciam somente às classes dominantes, aos direitos dos donos de escravos e, portanto, da classe dominante. As massas de escravos oprimidas eram postas como sem alma, como seres não-humanos (a legislação de Portugal nos tempos do escravismo deixava tal condição bem clara, e punha os escravos como bestas) e portanto sem direitos políticos. O Estado Burguês, a legislação burguesa, protegem a propriedade burguesa, protegem os direitos da classe dominante em detrimento dos direitos da classe operária e das demais massas populares. Toda forma de poder político e, portanto, de Estado, se apresenta sob o duplo aspecto de democracia e ditadura, ambos os aspectos indissociáveis um do outro. Citando o exemplo do Estado Brasileiro, trata-se de um órgão de dominação de classe da burguesia burocrática, do imperialismo e dos latifundiários contra a classe operária e as demais massas trabalhadoras, apresentando-se portanto como uma democracia para os primeiros e uma ditadura para os segundos. O Estado Coreano, em contrapartida, é um órgão de dominação das massas trabalhadoras sob a direção da classe operária, contra o imperialismo e os contrarrevolucionários internos e externos. A Constituição Socialista da República Popular Democrática da Coreia deixa isso bem claro tanto nos capítulos de economia quanto política, quando diz que a única forma de propriedade permitida no país é a propriedade socialista, tanto na sua forma estatal (isto é, propriedade de todo o povo) quanto cooperativa (de indivíduos trabalhadores associados), sob a predominância e a direção da primeira.

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  7. Continuando na réplica:

    O senhor Marco Lisboa segue na tentativa fracassada de comparar as parte Norte e Sul da Coreia através de critérios incorretos ou mesmo falsos. O PIB real da Coreia não pode ser calculado pelo fato de não termos acesso à totalidade dos dados que digam respeito à real situação econômica do país – o dado que o debatedor expôs foi calculado pela CIA, calculo esse feito com base nas exportações do país. Como ele mesmo desconhece, existe uma série de fatores que dificulta em muito que a Coreia do Norte expanda seu comércio exterior – antes dos anos 90, quase todo o comércio externo era realizado com países socialistas e, portanto, quase a totalidade das reservas cambiais estava acumulada em rublo ou em moedas de outros países socialistas. No final dos 80 e início dos anos 90, do dia para a noite, com a queda dos países socialistas do Leste Europeu e da URSS, todos cortaram unilateralmente o comércio com a RPDC – e o que sobrou para a mesma foi expandir seu comércio com países capitalistas. Tal medida esbarrava em três problemas que praticamente impossibilitavam a expansão do comércio com tais países: As divisas externas em dólar da Coreia do Norte eram escassas, quase não existiam. E, em segundo lugar, a Coreia do Norte é submetida a uma série de sanções que a impedem de exportar e importar uma série de produtos necessários para o seu desenvolvimento. Terceiro: O bloqueio ao qual a RPD da Coreia é submetida impede-a de fazer transferências bancárias e mais uma série de transações financeiras de dentro do próprio país. Enquanto os Estados Unidos são os maiores exportadores de fuzis leves do mundo, baseando boa parte da sua acumulação externa e fonte de divisas na exportação não só de fuzis leves, mas também em todo tipo de material bélico, a RPD da Coreia é banida de exportar qualquer tipo de material bélico, sob o pretexto de “exportação de materiais suspeitos” e mais um monte de desculpas que carecem de qualquer base. A RPD da Coreia é banida de importar mesmo tecnologias essenciais para o desenvolvimento da economia nacional independente, como máquinas e demais tecnologias. Nesse ano, por exemplo, a Coreia foi proibida de importar o minério vanádio, importantíssimo para a indústria química, sob o pretexto de que ele seria usado na produção de armas nucleares. Com tais obstáculos, não se pode exigir que a RPDC tenha um comércio exterior grande, e tampouco se pode entender corretamente o que é a economia norte-coreana se baseando somente no seu comércio externo.

    Penso, inclusive, que seria impossível, com os dados que dispomos, fazer uma estimativa global de como está a economia da RPDC. Contudo, disponho aqui dos dados da produção de alguns ramos chave da economia norte-coreana no final dos anos 80. Não me critiquem pela desatualização, afinal são os dados realmente confiáveis (tentar pesquisar no Google não faz parte da minha metodologia):

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  8. - Em 1984, o país produzia 10 milhões de toneladas de cereais. Em 1991, produzia 15 milhões de toneladas de cereais;
    - Em 1987, a Coreia do Norte produziu 54 bilhões de kWh de energia elétrica, 80 milhões toneladas de carvão, 6,83 milhões de toneladas de aço, 5,3 milhões de toneladas de adubos químicos, 126 mil toneladas de fibras químicas, 12,4 milhões de toneladas de cimentos e 3,6 milhões de toneladas de produtos aquáticos.
    - Em 1991, o país produzia aproximadamente 100 bilhões de kWh de energia elétrica, 120 milhões de toneladas de carvão, 10 milhões de toneladas de aço, 1,7 milhões de toneladas de metais não-ferrosos, 22 milhões de toneladas de cimento, 7,2 milhões de toneladas de fertilizantes química, 10,5 bilhões de metros de tecido e 11 milhões de toneladas de produtos aquáticos.

    Voltando à parte de política, o senhor Marco Lisboa segue nas comparações falsas entre Coreia do Sul e do Norte. Segue atacando o regime democrático-popular do norte da Coreia e embeleza o regime fascista e pró-imperialista instalado por Washington em Seoul. Embeleza de maneira antimarxista o termo “democracia liberal” – esquecendo que toda democracia possui um caráter de classe – e esquecendo, também, que mesmo do ponto de vista positivista tal termo não reflete a realidade da Coreia do Sul. Tal assunto merece um apanhado histórico mais profundo:

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  9. A Lei de Segurança Nacional não se resume a reprimir opositores – patriotas, democratas, ativistas antiimperialistas, progressistas e comunistas –, tal lei impede, também, o contato de cidadãos sul-coreanos com pessoas do norte sob o pretexto de “contato com organizações anti-Estado”, e impede que sul-coreanos visitem o Norte sob a mesma desculpa (sem autorização prévia).

    A própria Anistia Internacional, que várias vezes tomou parte na campanha contra a RPDC levada a cabo pelo imperialismo, reconheceu que a Lei de Segurança Nacional, a Lei Anticomunista, a Lei Marcial e mais uma série de leis monstruosas na Coreia do Sul reprimem a liberdade de expressão e deveriam ser destruídas. Ao contrário do palavreado mentiroso e cínico sobre os “campos de concentração terríveis da Coreia do Norte” (que nunca foram visitados porque simplesmente não existem), as leis fascistas da Coreia do Sul são reais, de conhecimento público e de todo o mundo.

    Não é mais necessário se estender mais. Apesar de todo o texto do Marco Lisboa ser um amontoado de clichês e mentiras já devidamente desmascarados, ele toca num ponto correto: o socialismo é uma sociedade superior ao capitalismo na qual o desenvolvimento das forças produtivas segue a um ritmo superior do que na última. A Revolução Coreana possuiu como alavanca fundamental a contradição entre as forças produtivas e as relações de produção, que aconteciam a nível mundial, se apresentavam também na Coreia colonial com um capitalismo pouco desenvolvido através da opressão do imperialismo japonês, dos latifundiários e do capitalismo burocrático. O povo coreano, sob a liderança do grande líder Kim Il Sung, pôs por chão tais amarras para o desenvolvimento das forças produtivas, liquidou o feudalismo, o capitalismo burocrático e o imperialismo, derrotou os dois imperialismos mais assassinos da História (japonês e norte-americano), realizou sua industrialização socialista em 14 anos e garantiu para o povo, pela primeira vez na história da Nação coreana, um novo regime democrático-popular onde as mais amplas massas do povo trabalhador – os operários e camponeses – vivem uma vida nova, rica e feliz.

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  10. Afirmei que a Coréia do Norte é governada por uma dinastia familiar. A demonstração deste fato é simples: Kim Il Sung, de agora em diante conhecido como Kim I, é pai de Kim Jong Il, denominado daqui em diante, Kim II, que por sua vez é pai de Kim Jong Un, nosso Kim III. Eles ocuparam cargos previstos na Constituição. Dom Pedro I e Dom Pedro II também ocupavam. Não duvido que foram eleitos, só não acredito, por exemplo, que a eleição de Kim III, com apenas 29 aninhos se deveu aos seus méritos excepcionais e não ao seu prenome. Será que depois de mais de 60 anos de regime não apareceu nenhuma liderança fora da família Kim? Alguém mais experiente, com mais tempo de função pública, maior vivência partidária, esses critérios normais para a escolha de um dirigente?
    Afirmei que o regime é uma ditadura pessoal e dinástica. A prova deste fato também é simples. Como é que se chama um regime que faz o seu povo passar fome? Como é que se chama um regime que mantém 200.000 presos em campos de concentração? Um regime de partido único, guiado por uma ideologia que proclama que todos devem seguir o grande líder, o Kim de plantão?
    De fato eu não usei o conceito marxista de ditadura do proletariado para caracterizar o regime norte-coreano. Seria um absurdo se o fizesse, pois minha tese é justamente essa: a dinastia Kim desmoraliza a causa socialista. Demonstrar o contrário é o papel de meu oponente.
    Sobre a comparação entre as duas Coréias, o meu adversário afirma que: “O PIB real da Coréia não pode ser calculado pelo fato de não termos acesso à totalidade dos dados que digam respeito à real situação econômica do país ...”. Eu esperava mais. Mais a frente ele insiste: “ Penso, inclusive, que seria impossível, com os dados que dispomos, fazer uma estimativa global de como está a economia da RPDC.”
    É estranha a falta desses dados, pois segundo ele mesmo afirma: “O povo coreano, sob a liderança do grande líder Kim Il Sung, pôs por chão tais amarras para o desenvolvimento das forças produtivas, liquidou o feudalismo, o capitalismo burocrático e o imperialismo, derrotou os dois imperialismos mais assassinos da História (japonês e norte-americano), realizou sua industrialização socialista em 14 anos e garantiu para o povo, pela primeira vez na história da Nação coreana, um novo regime democrático-popular onde as mais amplas massas do povo trabalhador – os operários e camponeses – vivem uma vida nova, rica e feliz.”
    Com uma vida tão rica e feliz o governo deveria ser o maior interessado em divulgar os dados de sua economia, ou pelo menos, uma estimativa global. Enfim, ele não dispõe de dados que permitam uma comparação. Mas eu disponho.
    O PIB que apresentei não foi aceito com o argumento de que: “o dado que o debatedor expôs foi calculado pela CIA, calculo esse feito com base nas exportações do país...”. Sobre o restante dos dados: expectativa de vida, mortalidade infantil, desnutrição infantil, IDH, silêncio. Voltaremos ao tema, oportunamente.
    Eu não vou comentar os dados parciais apresentados pelo debatedor, porque o meu interesse é justamente ter uma visão global da economia norte-coreana para compará-la com a de seu vizinho.
    O meu oponente passa por cima dos campos de concentração com uma afirmativa singela: “... palavreado mentiroso e cínico sobre os “campos de concentração terríveis da Coreia do Norte” (que nunca foram visitados porque simplesmente não existem)...”.
    Existem provas testemunhais, fotos de satélite, reportagens e até livros baseados em depoimentos de quem escapou daquele inferno. A reportagem que citamos fala em 40 organizações de direitos humanos denunciando o gulag coreano. Voltaremos ao tema.
    Finalmente, ficaram de fora dois tópicos importantes: o primeiro, a afirmação de que a fome ronda sistematicamente a população norte-coreana, vinda, não de um agente da CIA, mas do seu mais próximo aliado, a China; o segundo, o ultimato feito a Coréia do Sul. Ele remete ao culto à personalidade, um dos aspectos mais ridículos do regime norte-coreano.
    A tese continua de pé.

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  11. O PIB da RDPC gira em torno de US$ 54 bilhões se levando em conta o padrão de cálculo via PPP (paridade de poder de compra). Sob a forma clássica de cálculo, o PIB cairia para US$ 26 bilhões. O governo norte-coreano se depara com uma situação de administrar déficits . Para uma população total de 22, 6 milhões, tendo uma população economicamente ativa de 72% deste total, sua renda per capita é de US$ 2.248, semelhante a de países como Zimbábue, Bangladesh,Usbequistão e Sudão. Este déficit comercial é amainado por operações financeiras externas, entre elas a remessa de dinheiro de coreanos étnicos residentes do Japão e de operações financeiras em paraísos fiscais como Macau. Para a esmagadora maioria dos analistas internacionais, tais operações (em Macau, sob vistas grossas da China, p. ex.) são operações ilegais. Sob meu ponto de vista, o julgamento acerca da ilegalidade ou não de tais, dependem da consciência de classe de cada um. Para mim, são plenamente justificadas.
    Elias Jabbour *

    Doutorando e Mestre em Geografia Humana pela FFLCH-USP, membro do Conselho Editorial da Revista Princípios e autor de "China: infra-estruturas e crescimento econômico" (Anita Garibaldi).

    Como havia prometido, volto ao tema do PIB. Esses números são até um pouco melhores dos que eu havia apresentado. Como o responsável é Doutorando, membro da Revista Princípios do PC do B e insuspeito de colaborar com a CIA, deixo esses dados para meu oponente comentar.

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  12. http://www.gizmodo.com.br/google-earth-mostra-detalhes-ineditos-dos-campos-da-morte-na-coreia-do-norte/
    Google Earth mostra detalhes inéditos dos campos da morte na Coreia do Norte
    POR - LEO MARTINS 20 SET, 2011 - 05:58

    Todos nós já fizemos piadas — talvez até muitas — sobre o reino totalitário de Kim Jon Il na Coreia do Norte, mas esta é a faceta real de seu regime. Estas são as imagens mais detalhadas que já vimos dos campos de concentração, onde mais de 200 mil norte-coreanos vivem.
    As histórias que surgem dos campos são horríveis. Presos normalmente morrem após torturas, enquanto outros são executados por um pelotão de apedrejamento público. Aqueles que sobrevivem estão subnutridos e doentes, e continuam forçados a fazer trabalho escravo durante sete dias por semana, enquanto subexistem com uma dieta de “ratos, cobras, sapos, insetos” e até mesmo fezes, segundo ex-prisioneiros.
    No entanto, a Coreia do Norte continua negando a existência de tais campos. Mas novas imagens foram identificadas pelo Ministério da Unificação da Coreia do Sul como locais dos campos de concentração, incluindo os conhecidos Camp 22 e Yodok, que contam com mais de 50 mil prisioneiros. Imagens anteriores de satélite eram borradas e difíceis de decifrar, mas os novos resultados são extremamente detalhados. De acordo com a Anistia Internacional, ao comparar as imagens novas com as dos mesmo locais há dez anos, os campos parecem estar aumentando.
    Não há razões para acreditar que evidências quase incontestáveis farão com que o governo norte-coreano pare de sequestrar, prender e escravizar seus cidadão. Eles deixaram claro repetidas vezes que estão dispostos a calar os fatos. Mas agora que o público pode ver com tamanha clareza e definição os campos em que centenas de milhares de pessoas inocentes e prisioneiros políticos são encarcerados pode — apenas pode — fazer o lado humano florescer mais na complexa discussão. [Daily Mail, Guardian, Washington Post]

    Como havia prometido, volto ao tema dos campos de concentração. O meu oponente afirmou, sobre essa denúncia:
    "palavreado mentiroso e cínico sobre os “campos de concentração terríveis da Coreia do Norte” (que nunca foram visitados porque simplesmente não existem)".

    Nunca foram visitados, mas foram fotografados e estão lá no Google Earth, essa maldita ferramenta do imperialismo que tem a mania de mostrar o que não deve ser visto.

    Deixo para os comentários do meu oponente.

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  13. “A política da RPDC é composta por diversos órgãos de poder, dentre os quais a Assembleia Popular Suprema e a Comissão Nacional de Defesa constituem o órgão máximo. Possui presidentes, secretários, deputados, premiês, ministros, vereadores e mais uma série de órgãos públicos que dão conta de deixar a máquina do Estado funcionando. As monarquias, as dinastias, surgiram no período de liquidação do fracionamento fundiário imposto pelo regime feudal na Europa, na tentativa de unificar as terras sobre o controle dos grandes latifundiários. A figura do “monarca”, do rei, aparece como sendo divina. O monarca, dentro dos modelos de monarquia na qual o senhor Marco Lisboa defende que a República Popular Democrática da Coreia se encaixa, aparece como sendo uma pessoa acima das leis, acima de qualquer autoridade, acima do poder político e, portanto, do próprio Estado. Kim Il Sung, grande revolucionário-proletário, guerrilheiro, que expulsou o imperialismo japonês e liderou o povo coreano para uma República Popular e Democrática no norte da Coreia após a libertação do país, ocupou os cargos de Primeiro Ministro, Presidente e vários outros dentro do governo da RPDC. Como eu já havia sublinhado, todos os cargos ocupados por ele fazem parte da máquina do Estado, e devem ser submetidas à aprovação de terceiros para a ocupação dos mesmos. Kim Jong Il, filho do Presidente Kim Il Sung e, ao lado do mesmo, o principal líder do povo coreano, iniciou o seu trabalho no Comitê Central no Partido do Trabalho da Coreia em 19 de junho de 1964. E, durante toda sua vida como uma das principais autoridades da RPDC e, no final da sua vida, como principal, ocupou vários cargos, principalmente na área de defesa nacional. No início dos anos 90, ocupou o cargo de Ministro da Defesa e, em 1997, foi eleito para o cargo de secretário-geral do Partido do Trabalho da Coreia. Foi sendo eleito e reeleito durante quase 15 anos para o cargo de Presidente da Comissão Nacional de Defesa e, como diz de maneira explicita a Constituição Socialista da República Popular Democrática da Coreia, o Presidente da CND tem o direito de nomear todos os subcargos da CND, como os vice-presidentes e conselheiros, independente de terem ocupado ou não um cargo no governo (um procedimento mais ou menos semelhante à nomeação dos ministros do governo aqui no Brasil). Por volta de fins de 2010, Kim Jong Un é nomeado um dos vice-presidentes da Comissão Nacional de Defesa e, em 2012, é eleito primeiro presidente da Comissão Nacional de Defesa (a ocupação de tal cargo não é feita via nomeação mas sim pela eleição) e primeiro secretário do Partido do Trabalho da Coreia (outro cargo que demanda, também, a eleição, e não a nomeação de outrem). Não há, portanto, nenhuma sucessão dinástica, e tanto Kim Il Sung, quanto Kim Jong Il ou Kim Jong Un ocuparam cargos que fazem parte da máquina do Estado, estando, portanto submetidos às leis, e à autoridade para a ocupação de cargos determinados. Tal característica é base de qualquer regime republicano.”

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  14. Dom Pedro I e Dom Pedro II não “ocupavam cargos”. Eles mesmos estavam acima do Estado, acima das leis e acima da própria autoridade. Tudo isso se reflete principalmente, no fato de acima dos Poderes Legislativo, Judiciário e Legislativo, existir o Poder Moderador que dava aos monarcas (que não eram escolhidos mediante eleições) plenos poderes sobre os três poderes que eram o pilar do Estado. Nada disso existe na RPDC. Você questionou se “Será que depois de mais de 60 anos de regime não apareceu nenhuma liderança fora da família Kim? Alguém mais experiente, com mais tempo de função pública, maior vivência partidária, esses critérios normais para a escolha de um dirigente?”. A RPDC possui várias lideranças, desde deputados, vereadores, dirigentes de fábricas, ministros, premiês e mais uma série de membros que compõem a máquina do Estado, algo que mostra de maneira irrefutável que a RPDC não é um “reino”, uma “monarquia”, mas uma República. Se você não gostou do fato de Kim Jong Un ter sido eleito para o posto de primeiro secretário do PTC ou para primeiro presidente da Comissão Nacional de Defesa, é uma opinião sua. Ninguém é obrigado a ser comunista. A diferença é que existem critérios objetivos para caracterizar uma “república” ou uma “monarquia”. E a RPDC se encaixa na primeira por critérios objetivos e não na segunda, querendo você ou não.

    Quando você diz “A prova deste fato também é simples. Como é que se chama um regime que faz o seu povo passar fome?”, dá mostras de uma visão idealista-burguesa, dando a entender que a RPDC destruiu sua própria agricultura para que a população pudesse passar fome porque as lideranças do país gostavam disso. Nem nas piores épocas da crise de abastecimento da RPDC (no final dos anos 90) o “povo” (conceito completamente abstrato e inexato, já devidamente criticado por Lenin e outros clássicos marxistas), de maneira generalista, passava fome.

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  15. Para ser anticomunista basta ter fé. Os dados de que “60% da população é desnutrida” são completamente falsos, não dizendo respeito à realidade nem dos países mais pobres do mundo, que possuem bases econômicas fracas e não se industrializaram (ao contrário da RPDC). Já mostrei aqui os dados da produção agrícola da Coreia do Norte e ninguém em sua sã consciência diria que um país que produz 15 milhões de toneladas anualmente possui 60% das suas crianças desnutridas. Talvez algo semelhante a isso possa acontecer em países capitalistas, que esbarram em crises de superprodução de capital e, com as quedas na produção em vários ramos (que incluem a produção agrícola), levam-se também à queda no consumo. Tal fato não é uma realidade na RPDC onde os meios de produção social – as fábricas, as terras, etc. etc. – são de propriedade de todo o povo.

    Os “campos de concentração” também inexistem na RPDC. Também não existem “provas” – relatos podem muito bem ser forjados e as “fotos de satélite que mostram os campos de concentração” são, na sua maioria, cooperativas agrícolas de camponeses que são expostas aqui como “campos de concentração”. Você poderia vir aqui e dizer que “você não apresentou contra-provas em relação à questão dos ‘campos de concentração’”, porque é algo que sequer merece ser debatido porque tais “campos” não existem. Seria a mesma coisa que alguém escrevesse “toda vez que o Marco Lisboa vai tomar banho, ele enfia o dedo no cu”, publicasse em todos os jornais e você jamais pudesse provar o contrário, simplesmente pelo fato de não haver como.

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  16. Que a Coreia é um país socialista, prova-se objetivamente: Os meios de produção são de propriedade social e a superestrutura política e ideológica protege essa mesma forma de propriedade (o que caracteriza aqui, portanto, o poder político das massas populares sob a direção da classe operária, no caso específico coreano). Se você também não gosta do fato de a RPD da Coreia ser um país socialista, também é algo que pertence somente à sua subjetividade e não à realidade.

    E, sim, finalmente você se mostra correto em um ponto. A Coreia do Norte possui vários partidos e organizações populares, mas é um “sistema de Partido único” no sentido de que quem dá as linhas da construção socialista em todas as áreas da vida social é o Partido do Trabalho da Coreia, e não os outros partidos. O PTC é o Estado-Maior da Revolução Coreana e guia de todas as atividades do Estado. É assim porque a empresa que o país exerce é a construção do socialismo, e não de um regime utópico liberal-burguês. Esse “Estado” que defenderia tanto o socialismo quanto o capitalismo, seria tanto dependente quanto independente, não existe na realidade e é produto dos devaneios subjetivos do liberalismo, devaneios esses do qual o Marco é realmente partidário.

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  17. Sobre a questão da economia, persisto afirmando que teríamos que ter acesso a mais uma série de dados para ter uma ideia exata de como a economia norte-coreana se encontra globalmente. Para isso, teríamos que ter acesso aos volumes de exportação e importação, produção de TODOS os setores e consumo anuais, dívidas do Estado, gastos do governo etc. etc. para só então falarmos de forma exata. Já que você é realmente tão interessado nisso, já temos alguns dados sobre a produção dos ramos exatos da indústria norte-coreana. Calcule quanto valeriam 15 milhões de toneladas de cereais, 100 bilhões de kWh de energia elétrica, 120 milhões de toneladas de carvão, 10 milhões de toneladas de aço, 1,7 milhões de toneladas de metais não-ferrodos, 22 milhões de toneladas de cimento, 7,2 milhões de toneladas de fertilizantes química, 10,5 bilhões de metros de tecido, 11 milhões de toneladas de produtos aquáticos e os outros produtos que postei aqui em dólares para ter uma ideia – ainda completamente inexata – de como se encontra a economia norte-coreana.

    Os dados por si só também provam que as forças produtivas avançaram. Comparando tais dados da produção com os dados da produção de 1944, quando a Coreia ainda era uma colônia japonesa, a produção industrial cresceu 431 vezes e a agrícola 5,3 vezes. Admirações obsessivas são assim.

    Meu oponente me acusou de ter silenciado sobre alguns temas no qual ele tocou. Penso que agora respondi tudo o que deveria realmente ser respondido.

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  18. O meu oponente afirma sob o conceito de povo: “conceito completamente abstrato e inexato, já devidamente criticado por Lenin e outros clássicos marxistas” . Anteriormente havia solicitado: “Portanto, não seria ofensa ou arrogância se eu requisitasse ao senhor Marco Lisboa para usar o termo REPÚBLICA POPULAR para caracterizar a forma de governo existente na RPDC, ao invés de “dinastia”. (O nome oficial da Coréia do Norte é República Democrática Popular da Coréia, as maiúsculas são de meu oponente).
    Essa é uma prova de que a dinastia Kim não é marxista e sim burguesa-idealista ou coisa que o valha, pois utilizaram um conceito completamente abstrato e inexato no nome de seu país. Que furo, família Kim!
    A propósito da dinastia, meu oponente acreditou que eu havia afirmado que a REPUBLICA POPULAR era uma monarquia. e gastou seu precioso tempo fora do Facebook para provar o contrário. Tempo perdido, pois eu utilizei o termo dinastia em sentido figurado. No primeiro dicionário on-line que consultei achei:
    Significado de Dinastia:
    s.f. Série ou sucessão de soberanos pertencentes à mesma família.
    P. ext. Série de pessoas aliadas ou de condição semelhante que exercem sucessivamente
    algum poder ou influência.
    http://www.dicio.com.br/dinastia/
    Em relação à fome bem concreta que passa esse conceito tão abstrato (o povo) , eu baseei minha afirmativa em uma reportagem que cito novamente:
    “Mais de seis milhões de norte-coreanos, cerca de um terço da população do país, "estão à beira de morrer de fome" e "necessitam de ajuda urgente", alertou, quinta-feira, um jornal chinês citando o Programa Alimentar Mundial.”
    “A "escassez de comida" forçou a Coreia do Norte a pedir ajuda externa, disse Zhang Liangui, especialista em assuntos norte-coreanos da Escola Central do Partido Comunista Chinês, citado pelo jornal Global Times.”
    Eu concordo com meu oponente em sua afirmação de que nem todo mundo é obrigado a ser comunista, e já que ele não confia na minha “visão idealista (burguesa)”, esperava que , pelo menos, acreditasse na palavra de um camarada, ainda mais um quadro da Escola Central do PCCh.
    O mais próximo de um argumento para negar a existência da fome é a afirmativa de que eu dei a entender “que a RPDC destruiu sua própria agricultura para que a população pudesse passar fome porque as lideranças do país gostavam disso.” Para esse raciocínio ser verdadeiro seria preciso que a única causa possível para a população (uma maneira elegante de dizer povo, esse conceito abstrato e inexato) passar fome seria o sadismo das autoridades. Eu prefiro atribuí-la à incompetência e à indiferença. Complementando essa linha de raciocínio, isso seria absurdo, LOGO não existe a fome. Voilá, graças à lógica somem 6 milhões de norte-coreanos famintos. Mas isso não acontece, como diria Cartola.
    Por último, numa prova de que o meu oponente não dá mesmo crédito às afirmações de seus camaradas comunistas, ele simplesmente ignora os comentários do PIB coreano, feitos por um membro do PC do B. Também não diz mais uma palavra sobre os campos de concentração da REPÚBLICA POPULAR, mesmo eu tendo apresentado novas fontes. E nem mesmo se solidariza com a honra do amado líder, que foi sujada pela imprensa sul-coreana, gerando um ultimato do EXÉRCITO POPULAR DA CORÉIA de bombardear as redações desses meios de comunicação. O silêncio de meu oponente é eloqüente.
    A tese se mantém de pé.
    A dinastia Kim desmoraliza a causa do socialismo.

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  19. - Como você mesmo deixou claro, a RPDC não é uma monarquia, embora você use esse termo em “sentido figurado” para se referir à mesma por conta de sua subjetividade. Ótimo, nesse ponto não vale a pena gastarmos mais uma linha sequer, da feita que seus pontos aqui já foram derrubados.

    - A forma como você se refere a “povo” é realmente vaga e, no geral, a palavra povo é vulgarizada da mesma maneira. Mas, permita-me usar a definição que os coreanos usavam para dar significado à mesma palavra no período logo após a libertação: Usa-se a palavra “povo” para se referir a todas as classes que, de uma maneira ou de outra, sofriam e se opunham objetivamente ao regime de produção de capitalismo burocrático e semi-feudal que foi imposto à Coreia pelo imperialismo japonês. Cabem na definição de povo, portanto, o proletariado (classe operária), os camponeses (proletariado, semi proletariado e pequena burguesia agrários), a pequena burguesia urbana oprimida e mesmo a burguesia nacional (quer dizer, a classe dos capitalistas nacionais que não estavam ligados ao imperialismo japonês, capitalistas não compradores e não burocráticos).

    Nos dias de hoje, depois de todas as transformações pelas quais passou a Coreia Popular no decorrer desses quase setenta anos, utilizamos a palavra “povo” para se referir aos trabalhadores – quer dizer, à classe operária, aos camponeses e aos intelectuais. A antiga definição, na qual a pequena-burguesia e a burguesia nacional está incluída, não corresponde mais a realidade da Coreia onde as relações de produção socialistas existem quase que na totalidade.

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  20. O meu oponente afirma que eu uso o termo monarquia em sentido figurado. Não é verdade. Bastava ter lido a minha postagem.
    “A propósito da dinastia, meu oponente acreditou que eu havia afirmado que a REPUBLICA POPULAR era uma monarquia. e gastou seu precioso tempo fora do Facebook para provar o contrário. Tempo perdido, pois eu utilizei o termo dinastia em sentido figurado. No primeiro dicionário on-line que consultei achei:
    Significado de Dinastia:
    s.f. Série ou sucessão de soberanos pertencentes à mesma família.
    P. ext. Série de pessoas aliadas ou de condição semelhante que exercem sucessivamente
    algum poder ou influência.
    1.
    http://www.dicio.com.br/dinastia/”
    Se fosse um dicionário ilustrado, teríamos a foto dos três Kim. Sentido figurado é exatamente isso, ele me permite usar dinastia, um termo que originalmente se aplicaria às monarquias e outras instituições onde a sucessão é hereditária, para caracterizar os dirigentes de um país. E sentido figurado não implica em subjetividade. Kim I é pai de Kim II, que é pai de Kim III. Isso é um fato objetivo que configura uma dinastia.

    Para o Aurélio, povo é:
    1. Conjunto dos habitantes de uma nação ou de uma localidade.
    Seguem outros sentidos, menos usados.
    Eu usei a palavra com o mesmo significado que a imensa maioria da humanidade adota quando afirmei que o povo da Coréia do Norte passa fome. Segundo a concepção de povo do meu oponente, deveria ter dito que os trabalhadores (a classe operária, os camponeses e os intelectuais) passam fome. Aceito a correção, pois assim a minha afirmativa fica mais precisa: quem passa fome são os trabalhadores, a elite dirigente anda muito bem alimentada, a exemplo do amado líder, que parece um leitaozinho.
    Após estes pequenos reparos, que visam apenas restabelecer que focinho de Kim não é tomada, publicarei no próximo post as minhas considerações finais.

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  21. Diante do embarras de richesse que foi escolher os pontos que apoiariam minha tese, restringi-me a esses: o estado de fome permanente em que é mantido o povo norte-coreano, os campos de concentração, os índices de desenvolvimento econômicos e sociais muito inferiores aos do seu vizinho do sul e a forma dinástica como é feita a sucessão.
    Não vale a pena repisar os argumentos do meu oponente, mas não poderia deixar de citar um:
    "Os “campos de concentração” também inexistem na RPDC. Também não existem “provas” – relatos podem muito bem ser forjados e as “fotos de satélite que mostram os campos de concentração” são, na sua maioria, cooperativas agrícolas de camponeses que são expostas aqui como “campos de concentração”. Você poderia vir aqui e dizer que “você não apresentou contra-provas em relação à questão dos ‘campos de concentração’”, porque é algo que sequer merece ser debatido porque tais “campos” não existem. Seria a mesma coisa que alguém escrevesse “toda vez que o Marco Lisboa vai tomar banho, ele enfia o dedo no cu”, publicasse em todos os jornais e você jamais pudesse provar o contrário, simplesmente pelo fato de não haver como."
    Deixo aos leitores o julgamento.
    Embora eu tenha citado várias vezes o ultimato que os norte-coreanos deram aos meios de comunicação de Seul, que ousaram criticar Kim III, ameaçando-os de bombardeio, meu oponente se absteve de comentá-lo. O ultimato desvela o aspecto mais grotesco da dinastia: o culto à personalidade.
    O pequeno Kim foi educado na Suíça, é o menos conhecido dos três irmãos, não se sabe se é casado ou não, foi feito general com menos de 30 anos e é o primeiro secretário do PTC, o Partido dos Trabalhadores da Coréia. Seu pai ocupa eternamente o cargo de secretário geral. O moleque faz aniversário no dia 8 de janeiro.


    “Este ano, a data foi comemorada transmitindo na televisão estatal um documentário ...
    O filme mostra Kim Jong-un ao comando de um tanque dando ordens aos soldados das forças aéreas, terrestres e da Marinha. “O respeitado camarada Kim Jong-un é profundamente conhecedor de todas as estratégias militares e (...) revela excelentes qualidades de chefia militar”, assevera o documentário, enquanto são mostradas imagens de militares saltando de alegria em volta do “Grande Sucessor”.
    O filho de Kim Jong-il tem listado o dia do seu aniversário a 8 de Janeiro, mas Pyongyang jamais mencionou o ano de nascimento... Os dias de aniversário do pai, a 16 de Fevereiro, e do avô, a 15 de Abril ... são os feriados mais celebrados no país.
    ... a propaganda oficial sustenta que Kim Jong-un escreveu a sua primeira tese de estratégia militar quando tinha apenas 16 anos, relata que não dorme mais do que três ou quatro horas por noite e que jejua regularmente para poder estudar.
    “O nosso grande general Kim Jong-un (...) é o gênio dos gênios em ciência militar”, regozija-se o narrador do documentário. Kim, prossegue, é “o espelho” do pai e do avô na personalidade e autoridade.”
    http://www.publico.pt/Mundo/kim-jonun-glorificado-como-genio-militar-na-celebracao-do-seu-aniversario-1528123
    Mas o melhor veio agora. A imprensa ocidental, devidamente desmentida, havia noticiado que o reizinho Kim III visitou a Disneylândia japonesa com um passaporte falso brasileiro, quando era apenas um herdeiro na linha de sucessão. A ideologia juche, que rege o país, é extremamente xenófoba e refratária à influência ocidental. Fontes oficiais dizem que, na Suiça, Kim III ia da casa para a escola para não se contaminar com as influências nocivas do capitalismo.
    Pois o reizinho resolveu se divertir e organizou uma apresentação com os bonecos Disney num teatro da capital, devidamente televisionada e retransmitida para o mundo. O culto à personalidade cresceu tanto que substituiu qualquer resquício de ideologia que ainda havia. O monarca absoluto pode se permitir tudo. Eu não encontraria melhor ilustração do que essa para encerrar a minha tese.
    O regime norte-coreano desmoraliza a causa do socialismo.

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