segunda-feira, 5 de março de 2012

Patrick X Lucas - Deus




    • Patrick Brito Em 1929, ao observar o desvio para o vermelho do espectro das galáxias, Edwin Hubble e Milton Humason descobriram que as galáxias estavam se afastando umas das outras e que, portanto, o universo estava em expansão. Georges Lemaître sugeriu que se retrocedêssemos o tempo, as galáxias estariam mais próximas umas das outras e que se retrocedêssemos suficientemente o tempo, toda a massa e a energia cósmicas estariam unidas em um único ponto, que ele chamou de átomo primordial. Em 1948, Ralph Alpher, Hans Bethe e George Gamow, em um artigo científico, defenderam que se o universo surgiu de um ponto quente e denso como proposto por Lemaître, teria sido emitida em todas as direções uma radiação cósmica de fundo em microondas que ainda poderia ser observada. Em 1965, Arno Penzias e Robert Wilson, ao detectarem uma interferência em uma das antenas da Bell Telephone Laboratories, perceberam que, mesmo mudando a antena de direção, a interferência persistia. Ao tomarem conhecimento do artigo de Alpher, Bethe e Gamow (alfa, beta e gama - percebe o trocadilho?), chegaram à conclusão de que aquela interferência em todas as direções nada mais era que a radiação cósmica de fundo em microondas. Em 1978, Penzias e Winson receberiam o Prêmio Nobel pela descoberta. A teoria do átomo primordial proposta por Lemaître seria apelidada de teoria do Big Bang pelo físico Fred Hoyle.

      Comecei a minha introdução com um pouco da história da teoria do Big Bang para mostrar que, diferentemente da religião, a ciência se baseia em evidências. Há, portanto, duas evidências para a origem do universo em uma grande explosão: a expansão do universo e a radiação cósmica de fundo em microondas. Há ainda uma terceira evidência teórica proposta por Stephen Hawking e Roger Penrose que mostra como a evolução do universo a partir de uma grande explosão concorda com a Teoria da Relatividade Geral de Albert Einstein. Fazendo um paralelo com a biologia, sabemos que as espécies evoluem e que os mais aptos sobrevivem e se reproduzem porque temos os fósseis e uma vastidão de outras evidências que nos mostram que as coisas são dessa maneira.

      A religião e a ideia de um criador para todas as coisas, por outro lado, desconsideram as evidências e se baseiam, conforme defendido por Richard Dawkins em O Gene Egoísta, em uma tríade: fé, tradição e autoridade. As pessoas têm fé de que há um deus. Essa fé é passada de pais para filhos por meio da tradição. E por fim há uma autoridade que protege essa fé. Um exemplo disso é a fé de que Maria, mãe de Jesus, teria ascendido ao céu após sua morte. Não há evidências de que Maria ascendeu ao céu após sua morte, aliás, nem a Bíblia faz alguma referência a isso. Mas como é de se esperar da religião, as pessoas tinham fé de que Maria teria subido ao céu quando morreu e essa lenda foi passada de geração para geração por meio da tradição. Em 1912, o Papa Pio XII, com o intuito de acabar com esse impasse, anunciou ao rebanho católico de que Maria realmente subiu ao céu quando morreu. O Papa Pio XII não tinha evidências disso. Mas ninguém o questionou já que ele era o Papa e na Igreja o Papa é autoridade. Desenvolvendo um pouco mais a minha introdução, na pré-história os fenômenos naturais eram atribuídos a entidades divinas. E eram muitas: uma para o Sol, outra para a Lua, uma para a seca, outra para a chuva, etc. Com o desenvolvimento das civilizações, o homem foi progressivamente encontrando explicações naturais para fenômenos naturais e o número de deuses foi diminuindo até chegar a apenas um em muitas culturas. Então à medida que a ciência se desenvolve, cada vez menos um deus é necessário, conforme mostrou Friedrich Nietzsche na frase "Deus está morto".

      Se não há evidências para a existência de um deus, temos que abandoná-lo. Um exemplo disso é a ideia defendida por Aristóteles de Estagira de que corpos mais pesados cairiam mais rápido que corpos mais leves. Aristóteles não soltou lado a lado corpos de pesos diferentes e verificou que o mais pesado caía mais rápido que o mais leve. Ele chegou a essa conclusão mentalmente. Galileu Galilei, por outro lado, soltou simultaneamente duas esferas de pesos diferentes em uma superfície lisa e levemente inclinada e verificou que, ao contrário do proposto por Aristóteles, caíam com a mesma velocidade, independentemente do peso. Galileu repetiu várias vezes o experimento para corrigir os possíveis erros e em todas as vezes chegou ao mesmo resultado. Nascia ali o método científico. Em vez de aceitar a autoridade de Aristóteles, Galileu duvidou das verdades estabelecidas e inaugurou aquilo que conhecemos como ciência. E o legado de Galileu, bem como o de Darwin, é que não devemos aceitar as verdades estabelecidas, os dogmas, mas tirar o verdadeiro conhecimento das evidências.

      8 de Janeiro às 19:55 ·  ·  6

    • Lucas Pierre Domingos Fernandes Caros companheiros, caras companheiras.

      Deve-se concordar e admitir o fato de que a ciência com o passar dos séculos e o aperfeiçoamento das tecnologias utilizadas evoluiu gradativamente e conseguiu explicar muitas coisas que antes não eram explicadas. Por conta dessa falta de explicação, criavam-se os mitos com deuses, lendas e afins.

      Todavia, a ciência ainda é falha e não consegue explicar muitos fatos. Logo, não seria algo falho que comprovaria ou não a existência de um Deus. O homem é um ser que falha excessivamente, deliberadamente ou não, logo ele nunca terá uma ciência perfeita.

      Não existe nenhuma afirmação contundente sobre a criação do Universo, apenas pesquisas sem fins, teorias e hipóteses. Nem o tal acelerador de partículas LHC, que é uma das maiores esperanças dos cientistas para a descoberta de uma explicação viável e racional, funcionou e comprovou algo até agora.

      Deve-se ainda citar nestas linhas sobre os intitulados "milagres" que acontecem e a "poderosa" ciência não explica: a mulher que consegue a cura de um tumor maligno e deixa o médico estatelado, a Hóstia que se transformou em um pedaço de carne(vide Milagre de Lanciano), a Santa que jorra mel dos olhos, e por aí vai.

      Todos estes fatos a ciência não consegue comprovar, pois ela é fruto do homem imperfeito. Estes fatos por si só comprovam a existência de um Ser Superior, pois nunca a ciência conseguirá explicar como um pedaço de Hóstia pode ter se transformado em carne.

      Ora, se Deus não existisse e fossemos apenas uma "criação que aconteceu por um acidente cósmico", os animais também poderiam ter inteligência e discernimento de Homem. Porque apenas o homem nasceria com a possibilidade de aprender álgebra e o cachorro não, uma vez que assim como os animais, estamos aqui "por acaso"?

      A inteligência dada ao Homem também comprova a existência de Deus, e de que ele foi criado à sua Imagem e Semelhança.


    • Patrick Brito Há sim muitas coisas que a ciência ainda não explica, mas isso não significa que tais coisas só poderiam ser explicadas por uma entidade divina. Por exemplo, antes se acreditava que os terremotos eram devido à fúria de Deus em relação a alguma atitude humana que não o tivesse agradando. Entretanto, há muito tempo se sabe que os terremotos são devido ao movimento das placas tectônicas. Se alguma coisa ainda não tem explicação, a história nos mostra que não podemos nos ater a uma explicação divina, mas buscar por uma explicação racional. Você tem razão em dizer que a ciência como produto da razão humana tem erros. Entretanto, o conhecimento científico se constrói por evidências e o método científico criado por Galileu, testar muitas vezes e de maneiras diferentes uma teoria, obedecendo a algumas regras experimentais, diminui consideravelmente a possibilidade de erros. Mas a ciência não tem problema com erros, pois se um erro é verificado, a teoria é revista e alterada ou abandonada. Em religião não há essa liberdade. O triunfo da ciência sobre a religião está no fato de que enquanto a ciência é produto da razão humana, a religião é produto da ignorância humana. A ciência explica indubitavelmente melhor que a religião e sem se ater a entidades divinas para isso.

      Uma outra consideração é importante ser feita. Pelo que se vê você não sabe a diferença entre teoria e hipótese. Uma teoria é uma explicação baseada em evidências. Uma hipótese é uma explicação provável, mas sem evidências. A evolução das espécies é uma teoria e é um fato alicerçado por uma vastidão de evidências: desde os fósseis encontrados por Charles Darwin a bordo do navio Beagle até a mais avançada pesquisa genética que revelou que a diferença genética entre o homem e o chimpanzé é de menos de 2%. Aliás, sendo homem e chimpanzé tão próximos geneticamente, só podemos concluir que homem e chimpanzé evoluíram de um ancestral comum, os Grandes Símios. Só esse fato genético destrói categoricamente o dogma de que fomos criados segundo a imagem de Deus.

      Já que você usou o Gênesis como fonte argumentativa, perceba algumas bizarrices de sua fonte:

      1 - a Terra foi criada no 1º dia, mas o Sol apenas no 4º dia - pergunta: o que sustentava a Terra e os demais planetas?

      2 - as plantas foram criadas no 3º dia, mas o Sol apenas no 4º dia - pergunta: como as plantas faziam fotossíntese?

      3 - o dia e a noite foram criados no 1º dia, mas o Sol e a Lua apenas no 4º dia - pergunta: como é possível um dia sem Sol e uma noite sem Lua?

      4 - o Gênesis não traz nenhuma referência à criação dos demais planetas, que só foram descobertos muito mais tarde - pergunta: já que Deus queria mostrar ao homem como tudo foi criado, por que omitiu a existência de outros planetas (sem deixar de mencionar as bilhões de estrelas, galáxias, quasares, pulsares, buracos negros)?

      Você até pode dizer que o Gênesis não passa de uma alegoria da criação e que, portanto, não pode ser lido de modo literal. Acontece que a sua afirmação de que somos feitos segundo a imagem de Deus está presente no Gênesis e, portanto, não passaria também de mera alegoria, não um fato como ponderou em seus argumentos.

      Uma outra coisa a ser esclarecida é a sua pouca informação em relação à teoria do Big Bang. Primeiro, a matéria não foi criada no Big Bang uma vez que isso violaria o Princípio da Conservação de Antoine Lavoisier de que a matéria não pode ser criada nem destruída. O Big Bang é uma teoria que explica o surgimento do universo, não a criação da matéria, assim como a união de duas células haploides, por exemplo, explica o surgimento de um ser vivo diploide, não a criação da matéria que compõe o ser vivo. Como você sabe, os átomos que compõem um ser vivo não foram criados na concepção, eles sempre existiram. Não sabemos se existia outro universo anterior ao Big Bang e nunca saberemos já que quaisquer informações sobre isso foram destruídas na singularidade do Big Bang. Aliás, a ideia de outros universos anteriores ao Big Bang, bem como de universos paralelos ao nosso, é um exemplo de hipótese.

      Sobre os milagres, é lastimável que os tenha usado como base argumentativa. Não há nenhuma evidência sobre a veracidade desses milagres, bem como o número insignificante de possíveis milagres se comparado com o número gigantesco de pedidos de milagres. E meu caro, a inteligência humana não prova que Deus existe. Não há nenhum motivo especial para se escolher a inteligência humana como uma prova da existência de Deus. Você cai na falácia de que os humanos, por serem mais inteligentes, seriam mais evoluídos que quaisquer outras espécies. Qualquer bíologo sabe que isso não é verdade. Além disso, você não pode afirmar que apenas nós humanos temos inteligência. Isso é narcisismo. Ninguém sabe se existe ou não vida inteligente em outros planetas.

      Sigmund Freud diz que o homem, ao longo de sua história, sofreu 3 feridas em seu narcisismo: a primeira foi com a teoria heliocêntrica de Nicolau Copérnico que tirou o homem do centro do universo; a segunda foi com a teoria da evolução de Darwin que demonstrou que o homem era mais um produto da evolução e não um projeto de uma entidade divina; a terceira foi com a teoria da psicanálise do próprio Freud. Parafraseando Nietzsche: não foi Deus que criou o homem à sua imagem e semelhança, mas o homem que, em seu orgulho, criou Deus à sua imagem e semelhança.

      9 de Janeiro às 07:06 ·  ·  3

    • Lucas Pierre Domingos Fernandes O Milagre de Lanciano foi testemunhado por uma Igreja lotada! E não foi comprovado o porque cientificamente. O dia que conseguirem comprovar, Deus estará morto. Caso contrário, Ele estará vivo.

      Se o homem não criou nada que seja perfeito, e se nem ele mesmo é perfeito, porque sua ciência seria a dona e descobridora de todas as verdades?

      11 de Janeiro às 11:37 ·  ·  3

    • Patrick Brito O milagre de Lanciano remonta ao século VIII, período medieval, época de indulgências e simonias, em que a Igreja precisava de uma evidência, mesmo que falsa, para provar que era a representante de Deus na Terra. Uma comparação pode ser feita com o livro mais conhecido de Confúcio, Shang Shu, que segundo uma análise detalhada do professor da Universidade de Tsinghua, Guozhong, é falso. Não há segurança sobre a veracidade do milagre de Lanciano, portanto, não pode ser usado como uma evidência da existência de Deus.
      16 de Janeiro às 18:05 ·  ·  1

    • Lucas Pierre Domingos Fernandes meu caro, algo testemunhado por vários que acompanhavam a Santa Missa na época não pode ser mentira. E a Santa que chora mel(Nossa Senhora de Fátima)? Como explicas? É completamente impossível que tenha algum artefato pode dentro da Santa que faça ela chorar mel.

      A ciência não explica esses e muitos outros milagres. Pessoas que se curam pelo Poder Divino e que deixam os médicos pasmos, por exemplo. Como fica? Porque a "toda-poderosa" ciência não explica?

      Ora, porque simplesmente não pode. O que vem de Deus, do Invisível não se explica e nem se entende.

      Volto a repetir: Nietzche estava errado. Deus não está morto. Deus só estará morto o dia em que a ciência explicar porque uma imagem de gesso chora mel, e porque uma pessoa com tumor maligno e em estado terminal foi curada, e como uma psicografia pode constar a letra idêntica de uma pessoa morta, mesmo com o médium nunca ter visto a pessoa que morreu.

      Vamos lá, EXPLIQUE! O dia que tudo isto tiver uma explicação PLAUSÍVEL, e que não seja apenas uma suposição, Deus estará morto.

      Caso contrário, Ele estará Vivo, e operando coisas que a Ciência com toda a sua limitação não explica.

      E agora, um questionamento: tudo bem, vocês encontram falhas no Cristianismo, Islamismo e afins. Toda doutrina que prega algo sobre Deus é uma teoria falha.

      Então, quero questioná-lo sobre o OUTRO LADO: o lado do Mal.

      Igreja de Satan, louvor a Baphomet, Aleister Crowley com sua seita que pregava a concepção da Besta, demonologia, bruxaria e Magia Negra....
      Qual é a colocação do ateísmo sobre esse assunto? Quais são as indagações que o ateísmo poderá usar para dizer que o Mal não existe?

      Ora, até o Mal acredita em Deus.

      E se o Mal(Satanismo) existe, pode não existir o Bem(DEUS)?

      Absurdo responder afirmativamente ao questionamento acima.


    • Patrick Brito Considerações finais:

      1 - Quem ministravam as missas durante o período medieval?

      Filhos de pais nobres que adquiriam mediante compra funções no clero católico e que geralmente sequer eram alfabetizados. Portanto, não há segurança sobre a veracidade do milagre de Lanciano ou quaisquer outros milagres e o testemunho de muitos fiéis não faz um milagre verdadeiro uma vez que podemos confrontar os testemunhos e duvidar da fé desses testemunhos em um julgamento, por exemplo.

      2 - O ateísmo é a falta de crença em qualquer ser sobrenatural pela falta de evidências, seja deuses ou demônios, seja céu ou inferno.

      3 - A crença em um deus criador é desnecessária porque uma explicação sobrenatural para um universo explicado por leis naturais também é desnecessária segundo o princípio da navalha de Occam:

      "entia non sunt multiplicanda praeter necessitatem"

      18 de Janeiro às 17:44 ·  ·  1

    • Lucas Pierre Domingos Fernandes Considerações finais:

      De fato, lamento por eu não ter tido os meus questionamentos acerca do tema "satanismo" respondidos.

      De qualquer forma, isso explica um bocado. A Ciência e o Ateísmo, além de não explicarem o sobrenatural, fogem do Diabo assim como o mesmo foge da Cruz.

      Talvez seja mais fácil atacar Deus. É mais popular, e menos temido pelos mesmos.

      E uma vez que o companheiro de debate fugiu dos meus questionamentos acerca do Mal, concluo que ele não possui ARGUMENTOS ou TESES ou SUPOSIÇÕES MUNDANAS para rebatê-las.

      Porque? Porque o Homem já é imperfeito de Natureza. E sendo o Homem cético, mais imperfeito e cego diante do Sobrenatural ele se torna.

      Quanto à frase: "A crença em um deus criador é desnecessária porque uma explicação sobrenatural para um universo explicado por leis naturais também é desnecessária".

      Oras, Hóstias virando carne, Santas chorando Mel, Cegos que voltam a enxergar e possessões demoníacas precisam de explicações sobrenaturais, pois elas o são. Fogem do Naturalismo.

      Simples assim. E tão claro quanto a Luz que brilha no Céu.

      Foi um prazer o debate, espero que tenham outros! Obrigado pela atenção, paciência e compreensão de todos.


    • Patrick Brito Debate encerrado!

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