quarta-feira, 7 de março de 2012

Octávio X Lucas - Chaves


    • Octávio Henrique Serei breve ao máximo em minhas considerações iniciais, afinal, minha tese é muito simples: Apesar de ter suas qualidades, o programa "El Chavo del Ocho" teve, nas suas 20 temporadas (de 1971/2 a 1992) mais falhas ideológicas do que acertos.
      Em muitos episódios, podem ser vistos a desvalorização da figura do infante, a apologia aos diversos preconceitos e até mesmo o incentivo a uma conduta conformista antes as injustiças do mundo. Isso, é lógico, só falando da série, porque seu elenco e sua história também estão repletos de péssimos exemplos de conduta social e de companheirismo.
      Minha proposta, no entanto, não é uma censura ao programa. Afinal, apesar de apresentar valores de uma forma dúbia, ele pelo menos os apresenta. Proponho que seja assistido pelas crianças na companhia de seus responsáveis que possam prestar maiores esclarecimentos e fazê-las perceber todos os simplismos adotados por Roberto G. Bolãnoz neste seriado.
      Por enquanto, é isso. Quero ver as Considerações Iniciais de meu oponente e, se ele contestar realmente minhas palavras, trarei provas cabais para endossar meu viés.
    • Lucas Pierre Domingos Fernandes Octávio Henrique, entretenimento não é material didático para dar exemplos. Didatismo estraga o Entretenimento.

      Sendo assim, como queres "conduta social e companheirismo" no Chaves, na Zorra Total ou na Praça É Nossa?

      Não acredito que uma criança tenha humilhado um mendingopor ter assistido e se influenciado no Chaves. Pelo contrário.

      A criança é influenciada pela educação dos pais que devem ensinar o certo.
    • Octávio Henrique Lucas Pierre, você está equivocadíssimo.

      Primeiro, Didatismo, se bem usado, pode até entreter bem mais do que o entretenimento. Aliás, acho engraçado você generalizar dizendo "Didatismo estraga o Entretenimento", pois uma das armas da série Chaves é o didatismo por meio das participações da personagem Professor Girafáles, e um dos argumentos dos defensores dessa série é que há nela exatamente esse diferencial.

      Segundo, se Didatismo estraga o entretenimento, então por qual causa séries como 'Castelo Rá-tim-bum' são tão adoradas por jovens de todas as idades?

      Depois, você vem e compara um programa INFANTIL com outros dois virados para o público adulto.Você se esquece de que os públicos têm demandas diferentes. O humor para um adulto raramente se iguala ao para crianças. Lógico, no projeto inicial de Roberto Gomez, "Chaves" seria um programa bem mais adultizado, mas acabou atingindo grande sucesso entre o público infantil e mudou-se o foco do programa. E, meu amigo, quando se trata de crianças, não se pode sair divulgando qualquer besteira por aí. Deve-se tomar muito cuidado, pois se lida com seres ainda em formação psicológica e social.

      No parágrafo seguinte, você deturpa totalmente as minhas contestações ao programa. Afinal, nunca falei de agressões a mendigos.

      Falei sim da desvalorização da figura do infante, colocado como um ser totalmente aculturado e extremamente submisso a figuras adultas pouco exemplares.

      Falei também sobre a apologia ao preconceito, muito frequente na série, especialmente quando se trata da loucura pois, além de darem vereditos sobre a sanidade de uma determinada personagem, as outras usam-se de métodos pouco pedagógicos para "curá-la".

      Aliás, há um trecho em que a personagem "Don Ramón" (Seu Madruga) diz o absurdo de que se cura esquizofrenia com pancadas. Um adulto/adolescente ouvirá isso e achará absurdo e risível. Já uma criança de 7 anos, por exemplo, inocente, inexperiente e que tenha aquelas personagens como ícones poderá achar aquilo tudo verdade e tentar imitar seus ídolos.

      Há também o conformismo. Afinal, Seu Madruga quase sempre apanha de Dona Florinda por motivos injustos e sem direito à defesa, e mal pode contestar tanta injustiça. Houve apenas uma retratação por parte de Dona Florinda, em um daqueles 3 ou 4 episódios em que Don Ramón faz o papel de "velho do saco". Já bofetadas injustas existiram várias. Ou seja, além de não dar ao "Madruguinha" o direito de defesa, a série é leniente com D. Florinda, algo que, para a mente mais inocente ou pervertida, pode servir como um incentivo para sair por aí "batendo primeiro e perguntando depois"

      Por isso, eu reitero: Os pais devem SIM assistir junto com seus filhos ao seriado. Que dediquem meia hora que seja, mas que façam isso. E que eduquem os infantes fora dos dogmas preconceituosos do inconsciente coletivo. Se for feito isso, o programa se perpetuará como um dos melhores e mais educativos de todos os tempos. Do contrário, será apenas mais um gerador de preconceitos e falácias infundadas.
    • Octávio Henrique ‎* entreter bem mais do que o entretenimento puro, quero dizer.
    • Lucas Pierre Domingos Fernandes Meu bravo camarada. Eu nunca li tanta balela em uma só réplica, com todo o respeito.

      Primeiramente, programas infantis com conteúdos didáticos não são os mais assistidos, preferidos e amados. É só você colocar em pauta aí qual é mais assistido e amado pelas crianças: 'Castelo Ra-Tim-Bum' ou 'Chaves? 'Scooby-Doo' ou aqueles desenhinhos da TV Cultura?

      E só para constar: Chaves é um programa DE HUMOR, e não um programa INFANTIL. Sendo assim, o humor ácido tem que prevalecer, poxa vida. Me cite um programa de humor que fez muito sucesso que não tenha "humor ácido e ofensivo" em certos pontos, meu bravo amigo.

      Tu não poderás me dizer nenhum, pois simplesmente NÃO EXISTE. O humor tem que ser ácido e ofensivo nesses programas, ou então não tem humor.
    • Octávio Henrique Primeiro, Lucas Pierre Domingos Fernandes, se você for medir a qualidade de um programa de qualquer gênero apenas por sua audiência, você cairá em um reducionismo absurdo. Por exemplo, o BBB é um dos chamados "sucessos" nesse quesito, mas como programa é considerado pela maioria dos críticos como um lixo do entretenimento.

      Segundo, você usa dois programas de muito sucesso na sua primeira pergunta. Comparar "Chaves" e "Castelo" chega ao nível do amadorismo pois, mesmo sendo programas de emissoras diferentes, ambos fazem sucesso entre o público jovem e até mesmo adulto. E, aliás, como eu disse, Chaves também tem o lado didático (Professor Girafáles) e por vezes Scooby Doo também.

      Também não falei, em momento algum, que o programa tinha um humor "ácido e ofensivo". Falei, sim, que certas precauções devem ser tomadas para que não criemos gerações e mais gerações com um ideário simplista/reducionista/conformista/preconceituoso.

      Depois, você se equivoca dizendo que "Chaves é um programa de HUMOR, e não infantil", mas se esquece de que até mesmo o humor tem suas subdivisões. O humor masculino, por instância, difere e MUITO do feminino. O humor adulto difere do infantil e do juvenil. Chaves era, como eu já disse, no início de seu projeto, um programa virado para os adultos. Porém, como teve certo sucesso entre o público infantil, Roberto mudou de ideia e tornou o programa uma série de HUMOR virada para as CRIANÇAS. Com isso, refuto esse seu argumento bizonho.

      Como não considero o humor chaviano "ácido e ofensivo", coloco o seriado como um humorístico de sucesso. Outro: Castelo Rá-Tim-Bum.

      Agora, vem meus questionamentos. Gostaria de saber: afinal, como esses atores queriam dar bons exemplos quando fora, na vida real, eles se comportavam com um egoísmo atroz? Veja o caso de Carlos Villagran que, além de ter sido mal agradecido com quem o revelou para a TV, ainda desestruturou o programa após ter saído por ter perdido "D. Florinda" para Bolañoz. Há também o caso do próprio Bolañoz que, após perceber que o programa entrara em declínio permanente, mal teve a decência de comunicar aos outros que o programa tinha acabado. (A atriz que fazia a Chiquinha foi inclusive ao Programa do Ratinho para falar sobre isso e explicar tudo)

      Serão esses exemplos que queremos para esta geração que vem aí? Exemplos de mercenarismo, egoísmo e excesso de orgulho? Será mesmo que esses "heróis" de nossa geração ainda estão com essa bola toda? Ou seremos nós apenas estúpidos saudosistas que não entendem que as coisas tendem a acabar, e que as novas gerações não são obrigadas a gostar do mesmo que gostamos?

      Com isto, encerro minha tréplica, e espero a resposta aos meus questionamentos.
    • Lucas Pierre Domingos Fernandes Meu caro, tenho certeza de que os grandes fãs do seriado "Chaves" estão pouco ligando para o que acontece na vida real e fora do seriado. O que importa mesmo é o excelente programa, com um excelente humor.

      Discordo de você quando afirma que Chaves é um programa de infantil e não de humor. Um programa infantil tem um molde totalmente diferente, voltado para os moldes educacionais ou para aquela lenga-lenga de Super Herói.

      Também discordo de você quando afirma, meu caro amigo, de que o Professor Girafales com a sua escolinha coloca uma espécie de didatismo no seriado. Aquilo está mais para "Escolinha do Professor Raimundo". Quer dizer que só porque tem um professor, uma lousa, uma mesa e alunos o conteúdo já passa a ser didático? Ledo engano seu, meu camarada.

      Você diz que não considera o humor chaviano "ácido e ofensivo", mas diz que faz apologia a diversos preconceitos. Ora pois, se você considera que o Chavismo gera preconceitos, então você o considera ofensivo! Isso é fato.

      Tudo o que escreves sobre isso é pura balela, meu bravo amigo! Troque esse avatar do Alemão por um avatar do lendário Seu Madruga e seja feliz!
    • Octávio Henrique Realmente, para os VELHOS fãs de Chaves isso não importa, pois a maioria adquiriu durante a vida discernimento acerca das questões propostas pelo seriado. E deveriam se importar sim, especialmente quando se usam das personagens do seriado para ficar dando indireta/lição de moral nas novas gerações pelo Facebook, assim como um cristão deve saber todos os crimes de sua religião antes de ficar fazendo apologia dela pela web

      Eu nunca disse que o programa é infantil. Eu disse que é um programa de humor VOLTADO PARA as crianças. Disse isso pela terceira vez já. Ou não está prestando atenção nas minhas palavras ou está mal intencionado.

      De uma forma ou de outra, alguma didática a série tem. Pode não ser o foco, mas acaba por ter um momento até mesmo bom no quesito educação. Só que não estou reclamando da falta de didática. Reclamei dos três aspectos que compõem a série: Banalização do infante, apologia ao preconceito e incentivo ao conformismo. Destes três, não refutaste um sequer, além de ter fugido várias vezes dos meus argumentos.

      E mesmo que seu humor seja ofensivo, ainda há a outra série que citei e que faz sucesso entre esse mesmo pessoal "senso comum" do Facebook. Porém, o "Castelo" adota conduta bem mais liberal e não-preconceituosa, além de ter seus momentos de brilhantismo didático, e faz muito sucesso.

      Encerro minhas participações por aqui. Apesar de não ter tido resposta a diversos questionamentos, considero a participação de meu oponente muito oportuna, mesmo tendo ele apelado para o argumentum ad popullum, ou seja, para a audiência dos programas como critério avaliativo e para os argumentos reducionistas absurdos (reductio ad absurdum) na hora de avaliar o humor chaviano.
    • Lucas Pierre Domingos Fernandes Meu caro amigo, tu diverges muito em sua opinião sobre o assunto. Você diz que a série "acaba por ter um momento até mesmo bom no quesito educação", mas diz que a mesma banaliza o infante e incentiva o preconceito e conformismo.

      Ora pois, seus argumentos são absurdos. Chaves não incentiva nadas destas coisas que diz. É um seriado que tem como único objetivo fazer humor. Você vai me dizer que rola conformismo por causa do Seu Barriga que nunca recebe o aluguel ou do Seu Madruga que nunca procura um emprego, mas você acha mesmo que essas atitudes irão influenciar boas crianças educadas de uma forma correta pelos seus pais e/ou responsáveis?

      É óbvio que não, meu caro! Um adulto então, que tem o discernimento das coisas, menos ainda!

      Desse jeito que pregas, vamos ter que abolir todos os desenhos e seriados que as crianças assistem. Elas serão frias, viverão lendo livros pesados e fazendo contas, não terão humor para nada e viverão dizendo que o Super-Herói delas é o Nietzche, o Proust ou o Schopenhauer.

      Cada coisa no seu tempo. As crianças devem SIM rir, curtir e entreterem-se com o Chaves, Chapolin e outros humorísticos e desenhos próprios para a sua respectiva faixa etária. Elas que conheçam a Filosofia e a Sociologia na hora certa e devida. Em tempo de Criança, deve-se ser Criança.

      Encerro por aqui também. Obrigado pelo excelente duelo com este grande camarada, e a todos e todas que acompanharam.
    • Octávio Henrique Debate encerrado!

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