quinta-feira, 8 de março de 2012

Jadiel X Lúcio - Movimentos Negros


Jadiel Fioravante 12/09/2011
[2°CDR] Jadiel X Lucio2Pereira- Movimentos Negros
Bom, acho que o desafiante sai em vantagem quando escolhe o tema. Eu li o perfil do meu desafiado e não vi muita coisa para focar em um tema que poderia ser polêmico e o qual ele tenha uma opinião diferente da minha, portanto tomei a liberdade de visitar o perfil fake dele e olhar em suas comunidades. Encontrei algumas ligadas ao movimento negro de Pelotas e religião afro. Achei interessante em discutir isso, já que tenho um visão diferente em relação aos movimentos de raça ou grupos que gritam por seus direitos. Espero crescer também nessa discussão e aprender muito aqui com meu colega de debate.

Antes de começar quero deixar claro algumas posições:

1.Embora discorde da abordagem desses movimentos, essa militância extremista de alguns movimentos negros, NÃO sou racista e abomino qualquer tipo de discriminação, deixei isso bem claro na apresentação do meu perfil dentro da comunidade;

2.Respeito crenças afro, ideologias de luta e toda a história de sofrimento que os negros passaram e ainda passam em lugares do mundo.

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Assim como os judeus, os negros também cobram reparação pela perseguição histórica que sofreram, nada mais do que justo isso, porém alguns movimentos de defesa negra misturado a ideologia socialista exageram na busca por respeito e seus direitos. Primeiro, todas as pessoas líderes dos grupos negros levantam a bandeira do extremo politicamente correto. Para os ativistas negros, expressões corriqueiras do dia-a-dia do brasileiro são símbolos do racismo e preconceito velado.

“-Cuidado, que neguim pode roubar!”

“-Tá tudo confuso, parece o samba do crioulo doido!”
Jadiel Fioravante 12/09/2011
Ainda mais, mulher que é negra não pode alisar os cabelos! Isso é trair a raça. Se na vaga de emprego pede-se “necessário ter boa aparência”, os ativistas negros entendem discriminação racial. Enfim, não estou criticando os movimentos em si, como disse grupos que foram perseguidos e são minorias em uma sociedade, fazem certo em se unirem para manifestar sua indignação e cobrar seus direitos. Afinal, na Constituição está garantido a igualdade civil para todos.

Não sou contra as políticas afirmativas, como as cotas. Vejo apenas como medida paliativa. Cotas em universidades, cargos públicos, novelas etc... porém não é facilitando o acesso que resolve o problema. Quem tem TALENTO se impõe e o mercado não testa QUALIDADE PROFISSIONAL pela cor da pele. Esse é o verdadeiro juiz. Acho que aqui concordamos.

Sou contra incluir matéria no ensino fundamental sobre história dos negros e cultura negra, sou contra feriado do Dia da Consciência Negra, ou dia do Zumbi dos Palmares. Sou contra os sacrifícios de animais, quaisquer que seja, feitos em cerimônias dos cultos afro. Alguns países do continente africano deveriam NOVAMENTE ser colonizados, só que de forma a dar a cidadania do país dominante ao povo colonizado, estendendo TODOS os direitos igualmente, como se fosse França e Guiana Francesa, Inglaterra e Malvinas (Ilhas Falklands) ou EUA e Havaí...

Acho que tem bastante assunto para começar o debate. Não quis me estender nos argumentos. Espero o colega se manifestar para dar continuidade.
lucio2 pereira 13/09/2011
Jadiel
excelente escolha! já adianto que não sou prolixo,o que não deve ser confundido com arrogância ou desdém do nobre debatedor..é questão de estilo hehe...

muitos pontos são incomuns entre nossas visões,mas como isto é um "duelo" não
podemos ser "concordinos" como diria minha vó então vamos aos pontos de discordância.

tenho 15 anos de movimento negro e,sim,muitos tem no politicamente correto e no radicalismo convicções perigosas e que a mim não agradam já que sou mestiço do ponto de vista de genótipo!

discordo do nobre debatedor sobre o ensino da cultura africana nas escolas por entender que esta via além de uma didática étnica também é cultura de um povo!sobre uma nova colonização,fiquei pensando o que você realmente quis explanar...discutir colonização nos leva a pensar o que é colonizar já que temos um modelo não muito recomendável como exemplo!

considere esta manifestação uma apresentação..;)
Jadiel Fioravante 14/09/2011
Réplica
Acertei então na escolha do tema. Também sou apaixonado pela África e sua história, mas tenho uma visão bem diferente dos ativistas negros.

Não vejo necessidade do ensino da cultura afro em escolas por diversos motivos. Primeiro, teríamos que definir o que é cultura afro? É ignorância de achar que o continente africano possui apenas 1 povo, com apenas 1 cultura. Os movimentos negros se enganam em colocar os povos negros todos juntos em um caldeirão, como se fossem únicos por apenas serem negros e ignoram a diversidade de culturas que existem em cada canto da África. A Europa, por exemplo, é constituída de vários países um perto do outro, porém cada país com um cultura totalmente diferente do outro. Não podemos usar o termo CULTURA EUROPÉIA, porque NÃO existe! Cada país europeu é completamente diferente um do outro, mesmo sendo países tão pequenos e tão próximos um do outro, como Bélgica e Holanda, Suíça e Alemanha. O mesmo vale para a África, é um erro falar de CULTURA AFRICANA, porque temos várias etnias e cada país da África é totalmente diferente um do outro em termos de cultura, vide os diversos conflitos.

Segundo ponto. Assim como cidades do sul do Brasil onde a maioria da população são imigrantes europeus em que o ensino de línguas européias é obrigatório no currículo escolar, por exemplo alemão e italiano, concordo que em comunidades quilombolas e regiões de maioria afro, como a Bahia, o ensino de personagens heróicos negros, história dos escravos e conflitos contemporâneos do continente africano possam ser inseridos dentro das matérias de HISTÓRIA e GEOGRAFIA, ou alguma matéria interdisciplinar optativa. O que deve ser dado como PRIORIDADE são português e matemática, onde as capacidades para o mercado de trabalham são mais cobradas.
Jadiel Fioravante 14/09/2011
Terceiro ponto. As crianças não precisam de uma “didática étnica” como você falou. Elas precisam ser excelentes profissionais, garantir uma boa colocação no mercado de trabalho. As crianças tem que ser preparadas para se tornarem médicos negros, advogados negros, arquitetos e engenheiros negros, escritores e artistas negros, físicos e professores universitários negros.


Quanto ao fato da colonização de alguns países africanos, quis dizer que países ricos poderiam anexar territórios africanos como parte de seu território. Explorar as imensas riquezas naturais que estão presentes no solo africano, mas com o compromisso de dar a cidadania a todas as pessoas como se fossem cidadãos daqueles países. Ou seja, seria a extensão do território, teriam o compromisso de acabar com as guerras civis, com a crise da fome, fariam obras de infra-estrutura no país, escolas, universidades, hospitais, e teriam o direito de exploras as reservas de diamante, petróleo e gás. Parece um pouco de sonho, mas a questão se movimentos negros apoiariam tal ideia de “dominação do homem branco”. A idéia de colônia era de suprir as necessidades da metrópole explorando todas as riquezas sem oferecer nenhuma assistência, mas a minha proposta não é essa. É fazer do território uma extensão do país “colonizador”. Assim como a Guiana Francesa, aqui pertinho de nós é extensão do território da França, com os mesmos direitos constitucionais, moeda e garantias do cidadão que vive na Europa.
lucio2 pereira 14/09/2011
a cultura afro não faz referência a uma etnia e sim a um povo:o do continente africano! e,em se tratando de Brasil,aqui,este tornou-se um povo devido a razões que dariam outro tema p/ debate,mas o foco é o movimento negro como via de ação eficiente correto?

não sejamos peremptórios em dizer como o movimento coloca a questão das várias etnias pois cada grupo deste movimento difere as vezes de modo antagônico,aliás,o que é normal em mobilidade sócio-ideológica em qualquer movimento...

a lei 10.639 é de inclusão,e não de imposição! incluir,ao meu ver é o que o movimento negro deve idealizar! afinal,obviamente,o movimento negro não é feito só de indivíduos de tez escura!discordar faz parte do ser humano o que não desqualifica o movimento e sabemos disso,senão não estaríamos aqui debatendo não acha?

quanto a sua idéia de colonização tem boas intenções mas tais colonizadores tem em seu desenvolvimento,problemas! porém,se me permite,isto nada tem haver com a proposta do tema não é mesmo?se o movimento negro iria ou não concordar,não taxo só ativistas negros como foco de tal discórdia.
Jadiel Fioravante 15/09/2011
“a cultura afro não faz referência a uma etnia e sim a um povo:o do continente africano!”

Mas esse é o absurdo. O continente africano apresenta vários povos, divididos por crenças e costumes diferentes. É diminuir a riqueza da diversidade africana em condensar tudo como povo único, costumes iguais e pele igual!

Como falei no início não sou contra movimentos de grupos minoritários, aliás são essenciais. Porém, o movimento negro no Brasil é contaminado com o viés marxista e é extremamente politicamente correto chegando ao absurdo. Isso nos leva a perguntar se é eficaz. O movimento negro erra ao considerar cultura africana uma só pelos motivos já expostos e meu caro, a lei 10.639 é de imposição!

"Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensinosobre História e Cultura Afro-Brasileira”.

Essa didática deveria incluir também todas as demais minorias sociais para ser justa e democrática. A minha proposta é de ensino obrigatório somente em escolas quilombolas e regiões de maioria negra. O ativismo do movimento negro marxista cobra ações afirmativas que buscam o revanchismo e não inclusão ou valorizar o negro na sociedade.
lucio2 pereira 16/09/2011
após o referido artigo...
§ 1o O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo INCLUIRÁ o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil.

parece-me que meu colega debatedor não tem muita experiência com todas as vertentes do movimento! é óbvio que não vou discordar da corrente esquerdista
que existe no movimento!aliás,a esquerda tupiniquim soube usar bem coisas valiosas do movimento negro,mas peço que não coloque todos os movimentos como sendo coisas iguais

e sobre o absurdo que observaste em meu post anterior,vou tentar ser mais claro: não há como saber neste país quem é de etnia qual...

aqui todos tornaram-se sim,uma só etnia:A DO POVO AFRO BRASILEIRO,e,ao meu ver é isso que muitas vertentes do movimento defendem com lisura e suas conquistas NÃO APARECEM NA MÍDIA e sabemos por qual razão isso acontece!

e por favor,não vamos entrar no falso dilema didático de que a 10.639 anula outras lutas minoritárias...estas,ao meu ver, fazem em grande parte,um preciosos pedaço do movimento negro...

ps:está ficando bom este debate hein...?;)
Jadiel Fioravante 16/09/2011
Minhas Considerações Finais...
A lei 10.639 que trata da inclusão da abordagem da história negra em disciplinas escolares partiu de dois pontos que posso contestar.

1° A pedagogia do ativismo negro vê que referências culturais são essenciais para se criar uma identidade na criança negra, o que facilitaria na aprendizagem. Visto que a criança negra criaria novos conceitos partindo de uma valorização do “universo” cultural negro. Por exemplo, o aprendizado de uma criança negra seria mais eficiente se apresentasse a ela e valorizasse elementos de seu “universo” social, como cantigas de terreiros, contos de orixás, heróis da resistência negra, hábitos familiares, tradição e outros elementos.

Essa metodologia proposta pelo MNU (Movimento Negro Unificado), que é o movimento de âmbito nacional seria excelente se tratado em regiões específicas, como citei as escolas quilombolas e na Bahia. Estender a todo território nacional uma metodologia pedagógica específica é desqualificar os demais. É a mesma coisa caso as escolas do sul do país estendesse sua linha pedagógica de valorização das tradições européias ao restante do país.

Além do mais, esse método construtivista de aprendizado baseado na construção de uma identidade e valorização da cultura de um povo requer uma excelente capacitação dos docentes. Enfim, estender um método de uma linha pedagógica construtivista específica para crianças de todos os tipos não é bem recomendado.
Jadiel Fioravante 16/09/2011
2° Com o objetivo de adotar um ensino que valorize personagens negros da História levando auto-estima as crianças negras. Os livros didáticos de hoje, exaltam os feitos de personagens brancos e quando o negro é citado geralmente é de modo inferior.

Bem, vejo isso como ação do politicamente correto do movimento negro. Não falo de uma vertente em si, pois qualquer movimento ativista possui várias vertentes, mas falo do movimento de maior força que conseguiu aprovar uma lei presidencial. Havia dito que as preocupações com o ensino deveriam ser focadas nas matérias responsáveis pelo sucesso profissional, as áreas de linguagem e cálculo. Ao invés de se preocupar quem aparece mais nos livros de História, se é Tiradentes ou Zumbi dos Palmares, devia se preocupar no ensino de matérias mais exigidas no mercado e que trabalhe a maior parte das inteligências. Não desmereço as ciências humanas, é essencial para um conceito crítico da sociedade, mas isso se desenvolve com a entrada do negro em uma boa universidade e sua colocação no mercado de trabalho como excelente profissional.


Bom, caros apreciadores do debate, minha intenção era discutir as ações do Movimento Negro no Brasil, não uma vertente específica mas ações que ganharam força nacional como a promulgação de uma lei e um parecer de veto do Ministério da Educação e Cultura (MEC) publicado em Diário Oficial.

Jadiel Fioravante 16/09/2011
“O parecer do CNE (Conselho Nacional de Educação) sugere que o livro Caçadas de Pedrinho, distribuído pelo MEC (Ministério da Educação) a escolas de ensino fundamental, não seja mais adotado pela rede pública. A alegação é que a obra tem conteúdo racista.

A militante do Movimento Negro do Distrito Federal, Marlene Lucas, é a favor da retirada de Caçadas de Pedrinho das escolas. “Tudo aquilo que agride a identidade das pessoas deve ser banido, seja de qual período for, independentemente da importância histórica e artística”, defende.

Além de Monteiro Lobato, há várias outros exemplos de racismo “velado, sutil e subjetivo” na literatura, segundo Marlene. Por isso, o movimento negro seria a favor da retirada destes exemplares não só das escolas, mas do mercado. “Uma adaptação tiraria o cunho original da obra. Então, essas obras poderiam vir com um aviso. Mas o ideal é que não sejam mais publicadas”, disse”
.

Não precisa falar mais nada sobre o absurdo!.

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Quando o caro colega diz:

“….e sobre o absurdo que observaste em meu post anterior,vou tentar ser mais claro: não há como saber neste país quem é de etnia qual...

aqui todos tornaram-se sim,uma só etnia:A DO POVO AFRO BRASILEIRO,e,ao meu ver é isso que muitas vertentes do movimento defendem com lisura...”
.

Repito que o termo Cultura Africana é simplista, e Cultura Afro-brasileira apresenta elementos de várias etnias e regiões da África. Não vou entrar em detalhes até porque não sei como é a formação dos milhares de docentes que estão encarregado atualmente para ensinar todas essas culturas para as crianças. Só tenho receio que a má-formação dos docentes possa simplificar toda a diversidade, como se professores despreparados fossem ensinar a “Cultura Européia” falando sobre o herói suíço Guilherme Tell como parte da cultura alemã ou astríaca! É tudo igual mesmo, tudo vizinho e territórios tão pequenos... línguas iguais!

Sem mais. Espero as considerações finais do meu adversário e aguardo a votação.
lucio2 pereira 17/09/2011
quero,primeiramente agradecer Jadiel pelo debate que tivemos,onde em nenhum momento descambou para agressões pessoais...MUITO BOM!

encerro dizendo da importância que tem qualquer movimento social de inclusão.É desta forma que o movimento negro deve ser na opinião deste humilde debatedor!

não é necessário explanar anos,séculos de exclusão dos descendentes africanos neste país seja nos bancos de escola ou mercado de trabalho. não sou do estilo sonhador e não vejo na etnia negra o poço da perfeição...são seres humanos que tem sonhos e talentos

talentos não devem ser julgados por melanina(por falta desta ou excesso desta)

termino relembrando um texto do livro da minha 4º série que dizia:COMO OS íNDIOS não serviam para ser escravos,então trouxeram-se os negros...isto sim é um absurdo!!!NINGUEM SERVE PARA SER ESCRAVO...mas isto é tema para outro debate!!!

abraço Jadiel!!!

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