terça-feira, 20 de março de 2012

Jadiel X Caril - Intervenções Militares


    • Jadiel Fioravante Diz a Constituição Brasileira no artigo 4° inciso IV, que o Brasil se rege pela não-intervenção, no sentido de não invasão armada de um país estrangeiro e toda defesa da paz se fará por uma solução pacífica e não de guerra, ou seja, somos um país diplomático e pacifista. Porém, intervenções militares de países em outros ocorrem de vez em quando, os motivos alegados podem ser amparados por órgãos internacionais e legitimados ou simplesmente por caráter unilateral e repudiado. A questão a ser levantada é a legitimidade desta ação e se um país pode dominar o outro e anexar-lhes como se fosse parte do seu território. Não falo dos tempos da colonização mercantilista do século XIX, tampouco do expansionismo bélico do início do XX, ambas as ações foram amparadas por ideologias político-econômicas como o mercantilismo na primeira e eugenismo na segunda. Hoje, o que é usado como argumento para a intervenção militar é o terrorismo.

      Esse pode ser um debate de paixões dependendo da linha que eu traçar aqui, posso citar EUA e qualquer de suas invasões e parece que nosso “instinto” naturalmente irá condenar, assim como posso citar a invasão da Grã-Bretanha na Somália em 1920 e mais tarde transformando-a em território de tutela e as dúvidas pelo menos aparecerão, o que já é um bom sinal porque antes o que nós repudiaríamos como ação dos EUA em invadir um país militarmente desproporcional agora no segundo caso uma nação com o mesmo poder na época, de proporções militares, sendo tutora de um país como a Somália. A pergunta que fica é: Como estaria a Somália atualmente caso continuasse território da Grã-Bretanha??

      Em primeiro lugar, ser pacifista ao extremo não existe, no mínimo para legítima defesa, então por que não pode ser legítimo uma superpotência “administrar” territórios, dando as pessoas do lugar sua cidadania mas em contrapartida gerando economia com as riquezas?

      Em segundo lugar, a tutela de um território estrangeiro por outro em termo diferentes dos vistos no passado (mercantilismo ou eugenismo) traria benefícios para nações que vivem em guerras civis tribais que não conseguem se organizar como governo e ter um sistema econômico estável. É também utópico pensar que NÃO existe formalmente um país refém de outro nos tempos modernos ou “no mundo civilizado”, é só olhar para a situação da Grécia refém dos países desenvolvidos europeus. Uma dominação econômica, de intervenção direta na política interna.

      Essas são minhas considerações iniciais, aguardo o Caril.
      3 de Março às 20:45 ·  ·  1
    • Caril Amaral Inicio minhas considerações agradecendo ao Jadiel por oferecer a possibilidade de realizar o nosso debate, que já havíamos acordado em outra oportunidade. Aproveito e agradeço aos demais leitores que porventura venham a se interessar pelo assunto, e que concedem-nos a parcela de vossa atenção.

      Antes de elaborar quaisquer contraposições em relação ao presente exposto, ilustrarei e discorrerei um pouco sobre o assunto para concluir minha opinião...

      Segunda-feira de um dia qualquer na Líbia, alguns meses atrás. Cidadãos pouco contentes com um poder ditatorial e contestável resolvem sair às ruas em um manifesto pacífico, porém contrário à manutenção da atual estrutura política, nas mãos de um déspota há décadas. Greves, paralisações, cartazes, passeatas e interrupção de serviços. Um caos? Talvez não maiores que o já vivido.

      Motivados por recentes conquistas da chamada “Primavera Árabe” que contagiou Tunísia e Egito, líbios mobilizam-se através de invocações feitas por redes sociais virtuais (a internet era uma aliada eventual, mas acabou se tornando fundamental), e o manifesto ganha força e repercussão. Muita.

      O governo líbio responde, violentamente, contra qualquer insurgência civil. O elevado número de inocentes mortos e feridos começa a pressionar a opinião pública internacional. Manifestantes de direitos humanos (e exclui-se dessa lista os pseudo-direito-humanistas libertários das penitenciárias e defensores de criminosos) começam a expor as barbáries do governo, que convoca as forças armadas a conter e deter violentamente aqueles que atentarem contra o atual poder. Violência gera violência. Respeito gera obediência.

      E o governo líbio, por meio da violência, gerou ainda mais desobediência da população, além de expor um notório desrespeito, visto por organismos internacionais, como a ONU. Ou seja, a conjuntura política estava abalada. E o momento requeria ações essencialmente políticas.

      Inadvertidamente, as “viúvas dos Aliados da 2ª Guerra” (lideradas fundamentalmente pela França e Itália) reconhecem a oportunidade e iniciam um bombardeio contra instalações militares líbias, através de instalações mediterrâneas e sobrevoo armado. Com clareza nota-se a reedição das Guerras Púnicas, só que dessa vez com mais tecnologia nas armas, em oposição aos rinocerontes de Aníbal. Alguns alvos não foram atingidos com precisão, e pequenas aldeias sofreram ataque gratuito.

      Ah, mas isso não afeta a conquista vindoura, não é mesmo? Balela! A população está em fogo cruzado, e é oferecido armamento em troca de apoio e legitimação dos militares interventores.

      Pausa. Troquemos os personagens. No lugar de Líbia, leia Afeganistão ou Iraque. E no lugar de França e Itália, leia EUA e aliados. Mudou alguma coisa? Obviamente não.

      Ainda que existam órgãos internacionais como o Conselho de Segurança da ONU, que discutem a possibilidade de intervir militarmente na “imposição” da paz, essa proposta é puramente paradoxal. Em síntese, salvo raríssimas exceções, os recentes conflitos políticos internos se resumem a uma alternância de poder que notamos em qualquer esfera. E a composição desses interesses depende unicamente das peculiaridades regionais, sejam elas de origem étnica, social, tribal, religiosa, ou através de políticas amadurecidas, geralmente democráticas.

      Então, Jadiel, mesmo que esse nosso debate não fique alicerçado em exemplos coloniais, neocoloniais, mercantis ou defesa eventual (Cortina de Ferro no pós-Guerra), você conseguiria trazer-nos algum modelo que legitime não apenas a necessidade, mas a oportunidade e viabilidade de intervir militarmente, ao invés de fomentar educação e cultura em uma outra população menos favorecida? Será que assim não seria possível ver os próprios problemas sendo resolvidos por seus pares? Não quero, evidentemente, deixar transparecer que políticas como Plano Marshall e Doutrinas Monroe ou Truman possam ser aplicáveis nos dias atuais, embora pareçam notórias a olhos nus, na medida em que recursos são injetados em nações para torna-las dependentes. E é claro que, nessa área, nem tudo é consensual.

      Mas, para referendar as minhas assertivas contrárias às forças armadas interventoras, trago alguns conceitos de direito internacional. Os próprios princípios gerais do direito versam sobre:
      - princípio da não-agressão;
      - princípio da solução pacífica de controvérsias;
      - princípio da autodeterminação dos povos;
      - princípio da coexistência pacífica;

      Ou seja, os próprios tratados de direito internacional racional, estabelecidos em Convenções Internacionais, não oferecem meios para deduzir que a Intervenção é um método eficiente para a manutenção da segurança e estabilidade de um povo.
      5 de Março às 01:11 ·  ·  3
    • Caril Amaral Vou ainda mais adiante, e cito o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, que é um dos instrumentos adotados pelos signatários da ONU que estabelece o direito à auto-determinação. Estão contidos também, os direitos de primeira geração, que elucidam de forma sintética as liberdades individuais e garantias de acesso à justiça e participação política. Ou seja, até então as intervenções militares extrapolam quaisquer métodos considerados JUSTOS por organismos internacionais.

      Não obstante, não poderia deixar de citar a Declaração Universal dos Direitos Humanos, redigida há décadas segundo ideologias alicerçadas na paz e compreensão mundial. Em seu Preâmbulo, esta Declaração deixa traços inegáveis da aversão à injustificável violência que pode vir a ocorrer entre os povos. Cito alguns trechos:
      “- Considerando que o desconhecimento e o desprezo dos direitos do Homem conduziram a atos de barbárie que revoltam a consciência da Humanidade e que o advento de um mundo em que os seres humanos sejam livres de falar e de crer, libertos do terror e da miséria, foi proclamado como a mais alta inspiração do Homem.
      - Considerando que é essencial encorajar o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações.
      - Considerando que os Estados membros se comprometeram a promover, em cooperação com a Organização das Nações Unidas, o respeito universal e efetivo dos direitos do Homem e das liberdades fundamentais. (...)”

      Temos, portanto, Jadiel, embasamento suficiente para não justificar a ação interventora de determinados povos perante outros, através não apenas daquilo que creio ser correto ao mundo, mas referendado por organismos internacionais. Se o resguardo da supremacia militar ou “imperialista” depender da opressão sobre uma população desejosa por justiça, temos um novo problema, e não a solução. Interesses particulares até podem estar em jogo, porque as ações militares, inclusive para treinamento, geram custos muito elevados.

      Atualmente, tem-se falado muito em Interdependência Global, e creio ser esta uma possibilidade amparada não apenas por fatores econômicos, mas políticos, culturais e sociais, que tendem a trazer um progresso multiétnico e multilateral.

      Após lançadas essas informações, creio ser suficiente para já delimitar minhas Considerações Iniciais. É mister salientar a ansiedade e expectativa que nutro pelo aprendizado neste debate, pois poderá não apenas redirecionar nosso pensamento ou dos leitores, mas também valorizar a existência do nosso grupo. Com o prosseguimento do duelo, buscarei explorar com mais ênfase as nossas discrepâncias que, creio eu, ser fundamentais para nos deixar em lados distintos sobre o tema na epígrafe.

      Respeitosamente o aguardo, Jadiel.
      5 de Março às 01:12 ·  ·  2
    • Jadiel Fioravante Caril, também quero agradecer por ter aceito o convite e dado esta oportunidade de trocar informações em um assunto que gosto muito. Conhecimento e visões de mundo diferentes nunca são excessos de bagagem e com certeza os leitores também tirarão proveito dessa nossa troca.

      Pois bem, você escreveu uma pequena crônica, muito bonita por sinal, afim de comover o leitor sobre os “massacres” que as nações mais poderosas do mundo fazem para conquistar o seu objetivo final, seja depor um ditador como na Líbia ou as invasões dos EUA. Isto na sua perspetiva. Agora, também vou usar do mesmo artifício para depois fazer minhas conclusões.

      Segunda-feira, um dia qualquer em Darfur, oeste do Sudão, alguns anos atrás. O sol devastador parece ser o único deus onipresente e onisciente naquela região, está prestes a presenciar um dos maiores massacres da Humanidade. Em poucas horas, homens da milícia janjawid invadem acampamentos onde estão mulheres, crianças e velhos destruindo tudo e matando sem perdão todos. Antes de realizados saques e ter estuprado as mulheres do acampamento, e tudo isso com permissão do governo central, ajudados ainda por bombardeio aéreo. Estes infelizes cidadãos sudaneses “mereceram” ser exterminados por milícias apoiadas pelo governo somente pelo fato de não serem árabes e reivindicarem o mesmo tratamento dado aos povos árabes pelo governo. Pelos anos que se passaram, sem intervenção de nenhum deus ou de nenhum dos filhos de deus, somente pelo olhar do deus inerte e infernal sol foram mortas entre 150 000 e 200 000 sudaneses.

      Porém, alguma prece regada a lágrimas de uma mãe enrolada no corpo seco do seu filho parece ter sido ouvida. No ano de 2006, uma INTERVENÇÃO MILITAR com o envio de um efetivo de 20 000 homens é aprovado pela ONU como forma de manutenção de paz, mas quantos precisaram ter morrido para isso?

      Não compreendo a posição do meu caro colega Caril em dizer que tais intervenções são “puramente paradoxais”, métodos rápidos mesmo que não sejam o mais diplomático e polido são necessários a curto prazo para estancar o sangramento. É romântico de sua parte, chega a ser poético, lírico até, quando exalta o humanismo e capacidade de cooperação humana para fazer com o que massacres como o relatado seja contido de um dia para o outro apenas por medidas políticas e entendimentos culturais. Fomentar cultura e educação em países que vivem este tipo de massacre é utópico, irreal Caril. O mínimo para que uma sociedade possa usufruir dos benefícios de tais fomentos, é segurança e estabilidade, uma realidade distante de muitos países infelizmente no século XXI. E estes elementos podemos ver ainda hoje não são oferecidos pelos governos ditatoriais, por pura incapacidade e descompromisso com a população, por isso em determinadas realidades os próprios pares não são capazes de fazê-lo, isso quando não exterminam sua própria gente, como em Darfur. A intervenção militar em um país não é puramente de domínio sobre o mais fraco ou conquista, imposição, não é isso, é garantir um sistema que dê as pessoas daquele país dignidade e o verdadeiro sentido da palavra cidadania.

      Em A Arte da Guerra, de Sun Tzu, se encontra uma frase bastante reflexiva. “ Se queres a paz, prepara-te para a guerra”. Os acordos que você citou são os alicerces da política internacional, um objetivo a ser seguido a longo prazo, mas como sabemos o ser humano não é estável em suas ações e perseguem objetivos diferentes. A próprio ONU assume a necessidade de tropas armadas como intervenção e ainda possui um braço militar, OTAN. Ainda países que assinaram todos esses tratados que você citou muito bem, investem em seu poderio militar continuamente. Prepara-te para guerra, é uma segurança e Querer a paz é a manutenção. A ONU ou qualquer outro tratado não diz que o pacifismo é a solução, mas fala em evitar a guerra. Você está interpretando erradamente os conceitos. No caso de regiões como Darfur, é necessário. A Declaração dos Direitos Humanos é um fim último a ser perseguido, é lindo aquele texto, mas ele não importa em pacifismo. Relação amistosa entre nações se consegue também pela intervenção militar, e mais uma vez o meu exemplo inicial vale aqui. No ano de 2011, o Sudão conseguiu democraticamente através de um plebiscito dividir o país em Sudão do Sul e Sudão do Norte, mas para isso ocorrer precisou da intervenção militar.

      Termino aqui minha réplica e espero ter dado aos leitores uma contribuição positiva no entendimento do assunto.
      5 de Março às 11:14 ·  ·  2
    • Caril Amaral Pois bem.

      Embora tenha adotado uma postura mais objetiva na sua réplica, Jadiel, hei de concordar com alguns pontos que você colocou. Mas, na verdade, nossas discrepâncias parecem ter aparecido de uma forma tão robusta, que será até mais emocionante discorrermos sobre as mesmas.

      Em suas considerações iniciais, você escreveu: “Porém, intervenções militares de países em outros ocorrem de vez em quando, os motivos alegados podem ser amparados por órgãos internacionais e legitimados ou simplesmente por caráter unilateral e repudiado. A questão a ser levantada é a legitimidade desta ação e se um país pode dominar o outro e anexar-lhes como se fosse parte do seu território”.

      Na verdade, Jadiel, em minha própria Introdução valorizei justamente o contrário dessa sua inferência, já que expus que os organismos internacionais defendem a independência dos povos, na medida em que a intermediação e resolução de conflitos não devem ocorrer segundo anseios unilaterais sem causa justa e aparente. Então, não há legitimação do ato, embora possa haver “reconhecimento”. Mas este pode ser fruto até mesmo da ação que a mídia exerce sobre o fato, mas como este não é o foco do nosso debate, irei trazê-lo ao ponto central.

      Se nos atermos ao que disse em suas informações iniciais, vemos que essa justificativa de “anexação de territórios e causas terroristas” estão bem abaixo dos reais motivos. Podem ser vistas até como “aparência” para a opinião pública, mas não são nada práticos. Até porque, se formos começar a discutir onde começa o terrorismo, ou as formas que ele se aplica à humanidade, o mocinho vira bandido e vice-versa. E, mais uma vez, isso foge ligeiramente ao nosso tema.

      No início, você fez uma pergunta bastante capciosa, questionando a manutenção neocolonial somaliana como território britânico, e se a realidade poderia ser outra, caso os britânicos ainda lá estivessem. A pergunta permanecerá sem respostas objetivas, porque as realidades e peculiaridades locais podem mudar a conjuntura política de forma imediata ou tardia. E como saberemos? Não há meios, a não ser suposições.

      Para dizer que tive atenção especial ao seu texto inicial, separei outro trecho bastante interessante: “Em primeiro lugar, ser pacifista ao extremo não existe, no mínimo para legítima defesa, então por que não pode ser legítimo uma superpotência ‘administrar’ territórios, dando as pessoas do lugar sua cidadania mas em contrapartida gerando economia com as riquezas?”.

      Ser pacífico (ou adotar postura pacífica) não significa ser idiota, ou utópico. Todos os extremismos são carregados de paradigmas danosos, mesmo para aqueles defensores ferrenhos da paz. O que não é o meu caso. Caso minha postura não tenha ficado clara para algum leitor, sou defensor do RESPEITO da individualidade dos povos, e não essencialmente a paz, embora ambos possam coexistir em perfeita harmonia. Até porque, o desequilíbrio de um desses fatores direciona o panorama para a incerteza e o medo. Mas, segundo suas palavras, a única forma de gerar economia e riqueza em zonas de ocupação seria pela força. Acredita mesmo que outra nação possa embutir conceitos de cidadania através da auto-legitimação dos próprios atos de invasão e imposição do poder? Pelo menos pra mim, isso é totalmente controverso, na medida em que não houve o reconhecimento de um setor que avaliasse se isto seria justo para o povo que sofrerá com mais um tormento, mesmo que o slogan “há males que vem para o bem” não ser dotado de uma verdade intrínseca, na maioria dos casos.
      8 de Março às 01:45 ·  ·  4
    • Caril Amaral Como deve ter notado, alicercei os exemplos da minhas Considerações Iniciais segundo as recentes intervenções militares que ocorreram à revelia da ONU. Por isso, há uma certa disparidade em comparar os acontecimentos na Líbia, Iraque e Afeganistão com o ocorrido no Sudão.

      O Sudão é um dos países com maior instabilidade política e social do mundo. Os indicadores sociais são péssimos, como um IDH de 0,379, expectativa de vida de 58,6 anos e 40% de analfabetos. Isso mesmo, quase metade da população pinta o dedo e pressiona o polegar no papel pra assinar um documento. Agora imagine um manifesto político no Sudão, cartazes, mídia, e metade dos que ali estão realmente entendem o que se passa. Os outros, só ficaram sabendo pelos demais. Nem seria interessante para os representantes do governo fomentar a educação, até porque só conseguiram manter-se no poder pela ignorância do povo que os elegeu. Coincidência com uma realidade tão próxima a nossa, não é verdade?

      Mas lá, especificamente, havia um barril de pólvora pronto para explodir. Tanto é que as relações político-diplomáticas com os países vizinhos já estava bastante alterada. E nesse ponto, Jadiel, minha opinião adota um viés mais parecido com a sua. Quando eu havia mencionado “(...) salvo raríssimas exceções, os recentes conflitos políticos internos (...)”, era basicamente desse tipo de situação que reconheço como necessário o uso de meios mais persuasivos de atingir um equilíbrio na região, com vistas a preservar a integridade de todos, tanto dos insurgentes como daqueles próximos, que poderiam se prejudicar com atos de desequilíbrio diplomático, terrorismos, vandalismos e envolvimento de inocentes.

      Mas as coincidências em nosso pensamento praticamente terminam nesse ponto. Até porque, dificilmente conseguiria concordar com sua expressão: “(...)métodos rápidos mesmo que não sejam o mais diplomático e polido são necessários a curto prazo para estancar o sangramento”.

      Não consigo conceber, por mais que me esforce, que a violência momentânea gera paz. A paz gerada pela violência será SEMPRE contraditória. A população atingida conviverá com o sentimento de vingança, ao invés de justiça. A própria Líbia que eu havia citado deu um péssimo fim ao seu ditador: a morte pelas mãos da população. Aquele governante merecia ser julgado pelos crimes que cometeu contra a população, de acordo com leis estabelecidas em seu país, que tanto ele quanto qualquer cidadão estão sujeitos. Se cada um seguir as regras daquilo que ACHA que é correto, teremos justiceiros deturpados, e não um Estado de Direito. Passemos agora a uma visão macro. O que fazem as nações como EUA, Grã-Bretanha, França e Aliados? A mesma coisa que faz um justiceiro deturpado: segundo a própria concepção de justiça universal, atravessam a barreira da política, da diplomacia e da individualidade, e impõem seus conceitos de certo e errado. E minha questão ainda permanece: existe meio mais contraditório de estabelecer justiça?

      Houve um outro ponto que não consegui deixar despercebido, e devo fazer uma consideração especial: de onde foi que você tirou que a OTAN é um braço militar da ONU??? A OTAN é uma aliança governamental de defesa coletiva baseada em proteção. No caso, de um ataque a qualquer de seus membros. Foi criada em 1949 com vistas a conter a expansão dos soviéticos, que criaram a aliança do leste europeu, o Pacto de Varsóvia (que durou até a queda do muro de Berlim). Digamos então que esse equívoco seu tenha sido apenas um lapso, mas nada do que o seguiu mantém racionalidade: “Prepara-te para guerra, é uma segurança e Querer a paz é a manutenção”.

      Ainda não consigo conceber, meu caro, como a elaboração armas químicas, biológicas, bombas nucleares a fissão, bombas de hidrogênio (ou termonucleares), máquinas de guerra... e todas as tecnologias capazes de massacrar uma população (como feito há mais de 66 anos) tenha adquirido um caráter de “proteção”. Se a intenção é proteger uma população, qual a racionalidade óbvia de produzir armas capazes de dizimar a humanidade? Seleção artificial com humanos?

      Concluindo a réplica, se Sun Tzu tivesse vivido em uma época livre de guerras ou opressões mediante o uso do poder, provavelmente teria escrito uma frase: “Se queres a paz, prepara-te para ela”.

      Mas não quero focar em novas suposições. E creio ser este texto suficiente para respondê-lo. Aguardarei suas novas observações para contestá-lo, se necessárias e possíveis.

      Esperando ter sido claro, aguardo.
      8 de Março às 01:45 ·  ·  4
    • Jadiel Fioravante Em 1945, foi aprovada a Carta que daria origem a Organização das Nações Unidas, depois de uma guerra devastadora onde os homens mostraram que poderiam em nome de uma causa exterminar um povo ou nação. O objetivo dessa recente organização de caráter universal seria de maximizar a ajuda entre as nações do globo e cooperar para soluções de problemas que afetem a essência do ser humano. Porém, a intenção nunca foi de crer que os conflitos NÃO existiriam e exaurindo as vias diplomáticas, uma ação conjunta e cirúrgica de caráter intervencionista poderia agir diretamente visando o estabelecimento de um ambiente estável e favorável à dignidade de uma nação.

      “A ONU afirma em sua carta de resoluções que não irá “(…) intervir em assuntos que estão essencialmente dentro da jurisdição doméstica de qualquer estado,” ao menos que eles representem uma ameaça à paz, ruptura ou ato de agressão. “

      Ainda na mesma Carta que rege a ONU, entre suas finalidades, estão expressas que cabe à instituição a unir forças para manter a paz e a segurança internacionais e garantir, pela aceitação de princípios e a instituição de métodos, que a força armada não será usada, A NÃO SER NO INTERESSE COMUM. Pois bem, senhores leitores do debate, quero mostrar que em nenhum acordo internacional ou na própria Carta de princípios da ONU não se vislumbra um mundo idílico de paz e amor entre os povos mantidos através apenas da diplomacia, sanções econômicas e outros meios tidos como pacíficos, portanto, mesmo que seja em último caso a intervenção militar é necessária, urgente e eficaz. O envio de tropas é considerado uma ferramenta, mesmo que o objetivo primeiro seja sempre a busca de cooperação e diálogo entre os povos.

      Para que as soluções de conflitos envolvendo luta armada se torne o menos violento possível, durante os anos de 1864 a 1949 foram feitas várias Convenções em Genebra, Suíça, mostrando que as guerras, e ai também vale para as intervenções, deverão respeitar alguns critérios em favor dos direitos humanos, que estão acima de qualquer outro objetivo.

      Compreendo que você não é um Pacifista, porém concordamos que apesar de todos os tratados buscarem uma visão de ajuda e respeito mútuos entre os povos, ainda assim, a intervenção militar é considerada pelos mesmos. Portanto é válida e legítima.

      Esse seu parágrafo requer atenção de minha parte: “No início, você fez uma pergunta bastante capciosa, questionando a manutenção neocolonial somaliana como território britânico, e se a realidade poderia ser outra, caso os britânicos ainda lá estivessem. A pergunta permanecerá sem respostas objetivas, porque as realidades e peculiaridades locais podem mudar a conjuntura política de forma imediata ou tardia. E como saberemos? Não há meios, a não ser suposições.”

      Caril, você como um cientista não pode ficar preso a bola de cristal, sabemos que prever situações usando estudo de casos é comum na ciência, são inferências, analogias, considerando especificidades de cada um, mas dentro de um desvio padrão aceitável. Isso também ocorre nas Ciências Políticas e nas Relações Internacionais, vamos comparar alguns casos de neocolonialismo para tirarmos uma conclusão na questão da Somália, que em 1920 era território tutelado pela Grã-Bretanha.

      Em 1667, o Tratado de Breda legitimou a posse do território da GUIANA pela França, desconsiderando todas as invasões, Tratados de delimitação de fronteiras, etc, foi neste ano que podemos considerar a existência da GUIANA FRANCESA, um território ultramar da França, ou colônia. Em 1848, todos os habitantes do território, sejam índios nativos, escravos libertos ou franceses deportados tornaram-se cidadãos franceses e desde 1887 têm representação na Assembleia. Em 1946, a Guiana tornou-se departamento da França. Atualmente, a situação do território, sob administração da França é atrativa para várias pessoas que tentam entrar de forma ilegal, incluindo os brasileiros, a moeda é o euro, possui um centro de lançamento de foguetes com tecnologia de ponta, uma das bases da Agência Espacial Europeia (ESA), um aeroporto internacional de altíssimo nível, serviços básicos como educação, saúde e segurança excelente oferecidos pelo governo.

      Agora, vejamos o caso da outra Guiana, desconsiderando todas as idas e vindas foi no ano de 1831 que o Reino Unido tomou posse do território. Após anos de grande violência nas ruas, a Grã Bretanha reconheceu a independência da Guiana em 26 de maio de 1966. Atualmente, a Guiana, ex- Inglesa, sofre com os problemas crônicos que incluem carências no número de trabalhadores qualificados e infraestruturas deficientes. O governo tenta equilibrar uma dívida externa de grandes dimensões com a necessidade urgente de expansão do investimento público.

      Aqui, vemos dois casos semelhantes, dois territórios que foram ocupados, tomados como queiram, por potências européias para exploração, porém um continuou como domínio e o outro se tornou independente, é só comparar os índices atuais. Também podemos analisar os índices da economia de países enquanto estavam sob a tutela de uma potência e os índices atuais, quando independentes. O caso, é que as chances da Somália não ter se tornado um dos piores países do mundo em IDH enquanto possui jazidas de minerais preciosos e petróleo, caso ainda estivesse sob tutela da Grã-Bretanha seria altíssimo, comparado o que ocorreu na Guiana Francesa.
    • Jadiel Fioravante Quando um povo já vive há muito tempo oprimido por seus próprios governantes, estes vivendo no luxo e sem assistir com alimento e água a sua nação, as pessoas clamam por um interventor, mesmo que para isto o uso da força em princípio seja empregada. Você fala em embutir cidadania através de invasão e imposição do poder, se esquecendo que as pessoas não vivem cidadania, mas sim opressão. O paraíso não é aqui na Terra, Caril. Países onde acontecem intervenções militares estão longe de realidades de dignidade humana.

      Eu não comparei as intervenções na Líbia, Iraque e Afeganistão com o Sudão, apenas mostrei que a intervenção militar no conflito de Darfur foi necessária e eficaz, e sem ela teria morrido muito mais pessoas.

      Quando um povo é livre de um ambiente opressor ele se alegra e não fica com sentimento de vingança, mas agradecido. Suas perspectivas estão erradas. A maioria líbia e os demais povos que reivindicam direitos na Primavera Árabe são provas de que qualquer ajuda intervencionista que tenha o objetivo de ajudá-los a conquistar essa liberdade é bem vista. Os excessos e abuso de poder não podem ser tolerados e as forças de paz são altamente criticadas quando saem do curso de sua proposta. O que ocorreu com o ditador líbio é um caso particular, diferente do que aconteceu com Saddan Hussein que foi capturado e julgado por um tribunal do seu próprio país, então não podemos generalizar e dizer que intervenções militares fogem de um ambiente de Estado de Direito. Quando você coloca um paradoxo entre estabelecer um ambiente de justiça e paz através da guerra, temos que analisar o conceito de guerra justa que nasceu na Roma Antiga. A Teoria da Guerra Justa, procura identificar as condições e ações que justificam o uso da guerra, assumindo que as guerras são uma conseqüência inevitável de um sistema internacional composto por múltiplos estados. Uma suposta "Guerra Justa" (jus ad bellum) deve ser caracterizada pelas seguintes condições:

      1. Causa justa, tal como a proteção dos direitos humanos;
      2. Intenção correta, que deve ser o estabelecimento da paz;
      3. Proporcionalidade apropriada, com fins justos ultrapassando os meios;
      4. Posição defensiva ao invés de ofensiva;
      5. Uso da força apenas como o último recurso após medidas econômicas e diplomáticas;
      6. Autoridade e liderança competentes;
      7. Alta probabilidade de sucesso;
      8. Limitação do uso excessivo da força;
      9. Não utilização de soldados alistados e crianças;
      10. Não uso intencional de táticas ou armas malignas, por exemplo adesão à Convenção de Genebra;
      11. Uso cuidadoso de discriminação na prevenção de situações com inocentes.

      As intervenções militares ou início de uma guerra é justificada pelos 11 princípios citados acima, para ser considerada justa, não estou legitimando os atos unilaterais, de caráter expansionista apenas ou qualquer outra razão de guerra, pois Hitler queria fazer guerra para implantar o Terceiro Reich. Não é isso. Isso é totalmente contra a todos os princípios. Só estou argumentando que NÃO existe contradição em estabelecer justiça a um cenário de opressão através da luta.

      Eu sei, Caril, que seus ideais de respeito a individualidade dos povos, diplomacia e um mundo livre de guerras lhe impede de perceber que “estancar o sangramento o mais rápido possível” é medida de urgência. Talvez porque vivemos em uma democracia, em um país que não tem tradição de luta armada, ou nunca tenha enfrentado uma guerra civil de grandes proporções. Quanto ao aumento do poder de destruição das armas de guerra isso é conseqüência do avanço da tecnologia, da pólvora para a bomba de H, do balão para os caças, enfim, porém o uso de armas de destruição em massa não é tolerado em conflitos respeitados pelos tratados, principalmente pela Convenção de Genebra.

      Só retificando quando dize que a OTAN é o braço militar da ONU. A OTAN só age quando o Conselho de Segurança da ONU aprova a ação, mas realmente ela não é um braço operacional da ONU.

      Afirmo novamente que quando você se prepara para a guerra é uma segurança de não ser surpreendido pelo inimigo porque está preparado e o seu querer a paz, é a manutenção de um estado de paz, ou seja, você não deseja a guerra, quer continuar no estado de bem-estar e tranquilidade em que se encontra, porém está preparado para qualquer surpresa que ameace este equilibrio. Talvez eu não tenha explicado melhor o que quis disser, por isso gerou uma possível confusão. Essa foi a mensagem de Sun Tzu quando no seu A Arte da Guerra, um tratado militar escrito durante o século IV a.C., sabendo que conflitos de lutas sempre irão existir.

      Encerro aqui minha tréplica.
    • Caril Amaral Bom, então vamos lá.

      Em uma leitura mais dedicada, creio não ser apenas eu quem percebeu que a objetividade da réplica do meu adversário deu lugar a divagações, abstrações, suposições e dispersões. Não que isso seja errado, e estou longe de acreditar algo semelhante. Mas uma tática um tanto quanto diferente.

      Mesmo porque, em nenhum momento foi exposto que os conceitos de pacifismo estão inerentes na diplomacia. E não estão mesmo. Querer a paz pode ser útil, mas relacionar-se pacificamente é muito mais. E se chegarmos a este ponto do debate considerando legítima uma intervenção militar, armada e opressora, por propósitos unilaterais, estamos fadados ao caos. Mas não por vislumbrar a causa-fim, mas por injustificar os meios contra os inocentes.

      Pois note, Jadiel, por mais que tenha se empenhado em mostrar que a ONU legitima atos de barbárie a civis, suas próprias fontes se contradizem.

      Eu havia exposto em minhas participações anteriores algo próximo a esta sua afirmação: “A ONU afirma em sua carta de resoluções que não irá “(…) intervir em assuntos que estão essencialmente dentro da jurisdição doméstica de qualquer estado,” ao menos que eles representem uma ameaça à paz, ruptura ou ato de agressão. “

      No entanto, fui cauteloso o suficiente para mencionar que os problemas políticos de administração de uma nação devem ser restritos a ações políticas, e não militares. É de notório saber que a ONU preza pela não-intervenção, a não ser por atos que extrapolem as fronteiras e venham a causar prejuízos a outros inocentes, alheios à causa inicial dos problemas.

      Como você disse, na carta de princípios da ONU não há a alusão de um mundo pacífico. Mas qualquer leitura não permite suas conclusões: “mesmo que seja em último caso a intervenção militar é necessária, urgente e eficaz”. E este ato, invariavelmente, não é necessário para estabelecer diálogo. O mesmo já se encontrará perdido quando a intervenção começar.

      Mesmo que empregue descomunal esforço, não compactuo da sua colocação: ”porém concordamos que apesar de todos os tratados buscarem uma visão de ajuda e respeito mútuos entre os povos, ainda assim, a intervenção militar é considerada pelos mesmos. Portanto é válida e legítima”. Não concordo com isso, tampouco considero válido e legítimo, por fatores já declinados em momentos anteriores, injustificando repetir os argumentos.

      Ainda que possa parecer coerente, não devemos nos precipitar em usar ciência observacional para determinar consequências de forma categórica. Por mais que saibamos que alguns casos podem ser coincidentes, isso não os tornam aceitáveis às vistas das Relações Internacionais e Ciências Políticas, mesmo com um desvio padrão baixo, menor de 5% (estatisticamente significante). Então, por mais que tenhamos exemplos como o neocolonialismo africano por britânicos, holandeses, entre outros, os casos parecem adotar um comportamento próximo. E o que vimos diante da opressão e intervenção militar nesses locais? Um completo fracasso. Negar-se a isto soa bastante desonesto, já que os próprios dados de desenvolvimento humano dos países após a saída dos (neo)colonos representou uma falência das instituições políticas e sociais dessas nações.
      13 de Março às 00:27 ·  ·  2
    • Caril Amaral Não menos absurda está a comparação com a “colônia” Guiana Francesa. Segundo suas palavras, o território é atrativo por diversos motivos, entre eles a ilegalidade.

      Pausa. Não bastasse isso, você nos mostrou diversos exemplos de sucesso na Guiana Francesa.: “a moeda é o euro, possui um centro de lançamento de foguetes com tecnologia de ponta, uma das bases da Agência Espacial Europeia (ESA), um aeroporto internacional de altíssimo nível, serviços básicos como educação, saúde e segurança excelente oferecidos pelo governo” . Por um momento, até pensei que estivéssemos falando de uma Alemanha, um Canadá, talvez até Noruega aqui na América do Sul. Deve ser tão bom morar na lá, na Suíça da América Latina! Tantas vezes nos deparamos com produtos, cuja etiqueta diz Made In Guiana Francesa... Por favor, Jadiel, diga que tudo isso foi brincadeira da sua parte, embora alguns dados possam até ser coincidentes.

      Praticamente todos os exemplos pós-coloniais foram fracassados. Imagine se a França declara isenção e acata a independência da Guiana Francesa. A população vai continuar na mesmice, a economia continuará agropastoril, com péssimos índices de desenvolvimento humano. Mas a França ainda não saiu de lá por razões fundamentalmente econômicas, que dizem respeito à exploração da floresta amazônica e seus recursos naturais. Crer no contrário é mera especulação vazia.

      Não bastasse isso, gostei de sua expressão: “Quando um povo já vive há muito tempo oprimido por seus próprios governantes, estes vivendo no luxo e sem assistir com alimento e água a sua nação, as pessoas clamam por um interventor, mesmo que para isto o uso da força em princípio seja empregada”.

      Bastante sadomasoquista, não acha? Se a situação estiver ruim, basta “clamar” por um interventor, que também não reconhecerá as manifestações civis, e poderá conter com o uso da força qualquer ato, por declaração sumária de Estado de Exceção. Quem, em pleno gozo das faculdades mentais, suporia que isso seria a solução dos problemas? E o pior, julgar que o povo se sentirá agradecido por isso... Se algo está ruim, PODE piorar. E a receita é essa, em se tratando de intervenções militares.

      Fiquei um tanto quanto tendencioso a criticar severamente esse conceito de Guerra Justa. Até porque, pelo que parece, você negligenciou os documentos e declarações que expus inicialmente. Pode não concordar com aquilo, e é legítimo de sua parte fazer isto. Mas usar os conceitos de Roma como balizador de justiça internacional, é muito inocente. Ainda mais sabendo que há outras resoluções que são aplicadas nos dias de hoje, um tanto quanto diferentes dessas. Mas você acredita no que quiser, por mais ilógico que possa parecer.

      Talvez nosso pensamento não seja tão discrepante quanto poderia parecer. E estamos olhando tudo isso apenas por um prisma diferente. Certo ou errado, tanto faz. Desde que saibamos defender aquilo que nos faz convencidos, aplicamos a regra do jogo. E se as peculiaridades singulares não são suficientes para equilibrar as relações de diplomacia internacional, pelo menos nós estamos fazendo a nossa parte. Só espero que nosso debate não termine em agressão. E se você pensa o mesmo, talvez esteja convencido do que eu disse em todo o debate até aqui.

      Aguardo suas considerações finais, e farei as minhas em seguida.
      13 de Março às 00:28 ·  ·  4
    • Jadiel Fioravante Antes de rebater os erros de interpretação do Caril, quero lembrar aos senhores leitores que a injusta acusação de “ divagações, abstrações, suposições e dispersões” que fizeram e o Caril, espertamente, citou em sua tréplica para reforçar na mente dos demais leitores esse julgamento feito por um membro da casa, é desproporcional. Primeiro, porque tanto nas minhas considerações iniciais quanto na minha réplica fui extremamente objetivo sendo até mesmo evidenciado nas palavras do meu adversário. “Embora tenha adotado uma postura mais objetiva na sua réplica, Jadiel, hei de concordar com alguns pontos que você colocou.” (1° parágrafo da réplica). E agora muito espertamente, usando do julgamento de um membro da casa com a intenção de desqualificar o meu debate fala que divaguei e dispersei. Isto sem mostrar concretamente e rebater usando argumentos convincentes quais foram minhas divagações e minhas suposições. Pura esperteza! Enquanto o Caril, nas suas Considerações Iniciais e na Réplica apelou, ele sim, para divagações escrevendo uma pequena crônica sobre o ataque na Líbia, e copiando cansativamente o texto da Declaração Universal dos Direitos Humanos (2°parágrafo de suas C.I.), divagando sobre Primavera Árabe ocupando postagens enormes e cansativas, enfim, quem deve ser taxado de criar um “estupro retórico” não sou eu, mesmo que tenha sido didático demais na minha mais longa argumentação até então, com apenas duas postagens.

      Lembro a todos que a intenção do debate é discutir se é legítimo ou não a intervenção estrangeira de forças militares objetivando a pacificação e controle de situações de extrema violência e não intervenções de caráter nacional por tropas de pacificação da polícia militar ou forças de paz do exército em favelas ou qualquer área do território nacional. A pessoa que acusa de “estupro retórico” sequer entendeu a abrangência do tema, por isso se fez necessário citar alguns tratados de caráter internacional, porém a preguiça mental impediu de ler e compreender.
      Outra esperteza do meu adversário é manipular os termos que eu uso. Por exemplo, ele sempre emprega intervenção militar como opressora, atos de barbárie a civis e atos contra “inocentes” quando não é isso. Malandramente ele usa dos conceitos criados e presentes em nossas mentes, quando na realidade intervenções militares são feitas em último caso onde a população civil morre nas mãos do verdadeiro opressor que é o próprio governo ou facções separatistas. Notem que o agente opressor NÃO são as forças interventoras, mas grupos internos.

      Caril diz: “No entanto, fui cauteloso o suficiente para mencionar que os problemas políticos de administração de uma nação devem ser restritos a ações políticas, e não militares”.
      Essa frase sintetiza o seu pensamento errado quanto a necessidade de um intervenção armada em um país. Problemas políticos de administração podem gerar massacres, no caso do Sudão citado logo no início o “problema político de administração” foi o governo tratar de modo diferente quem era árabe e quem não era, estes sendo discriminados. As consequencias de uma medida política podem gerar massacres como esse e medidas emergenciais devem ser tomadas. Vemos agora a matança que ocorre na Síria, mais de 8 mil pessoas morreram no levante, incluindo muitas mulheres e crianças. E você acha que medidas políticas de longo prazo como sanções políticas e embargos econômicos impediriam a morte violenta dessas pessoas? Uma tropa militar sim, combateria os soldados do governo. O diálogo para cessar a matança é a primeira atitude, notem caro leitores que sempre enfatizei a intervenção militar como caráter emergencial e não corriqueiro e mesmo assim o Caril insiste em negar a eficácia de uma ação armada usando um discurso piegas carregado de falácia apelando ao emocionalismo.
      14 de Março às 15:16 ·  ·  2
    • Jadiel Fioravante Ao contrário do Caril, não vou usar de espertezas para manipular termos, ou então como ele fez usou da simpatia dos votos ganhos dos membros da casa que já se manifestaram a favor dele para consolidar a ideia de que estou divagando.

      Quando usei o método da comparação para inferir sobre o caso da situação da Somália, caso este país ainda estivesse sobre tutela da Grã-Bretanha atualmente, não determinei de forma categórica nada, só usei de uma metodologia adotada pelas Relações Internacionais para avaliar uma possível situação comparando quadros bem semelhantes, poderia até criar um índice para isso. E ao contrário do que pensa, eu não divaguei, ou fiquei em abstrações. Citei exemplos históricos.
      A única coisa decentemente histórica que você citou e que vale um comentário mais elaborado foi o seguinte:
      (Caril) “E Então, por mais que tenhamos exemplos como o neocolonialismo africano por britânicos, holandeses, entre outros, os casos parecem adotar um comportamento próximo. E o que vimos diante da opressão e intervenção militar nesses locais? Um completo fracasso. Negar-se a isto soa bastante desonesto, já que os próprios dados de desenvolvimento humano dos países após a saída dos (neo)colonos representou uma falência das instituições políticas e sociais dessas nações”.
      Não se trata de desonestidade histórica. O fato é que o colonialismo do século XIX foi pautado no mercantilismo que visava abastecer a metrópole, além disso a divisão feita pelos países europeus em territórios africanos desconsiderou as disputas tribais, porém em alguns lugares a situação econômica melhorou para a população. Se formos pegar estudos que não tenham vinculação com ideologia marxista, onde o autor é adepto da causa de dominação da elite, etc..., veremos que algumas colônias estiveram em melhores situações do que estão hoje. Territórios ocupados também prosperaram depois da independência de suas metrópoles em razão da infra-estrutura montada e deixada por seus “colonizadores” como foi o caso do território de Hong Kong, Canadá, Austrália e Nova Zelândia.

      Quanto a sua ironia em relação a realidade da Guiana Francesa só demonstra que você não tem forte argumentos para refutar o que eu mostrei empiricamente. Caril, você em todas as suas postagens sempre apelou para o emocional, jogando com o sentido das palavras, “barbárie”, “ataque”, “morte de civis inocentes”, para convencer aos leitores que o vilão são as tropas internacionais que lutam em favor do povo. Qualquer um que buscar sobre a situação da Guiana Francesa saberá que o lugar realmente é uma “Europa dos Trópicos”.
      Outro absurdo sem fundamento, e só se convence mesmo quem já é antipático a mim, foi o que você disse aqui:
      (Caril) “Imagine se a França declara isenção e acata a independência da Guiana Francesa. A população vai continuar na mesmice, a economia continuará agropastoril, com péssimos índices de desenvolvimento humano. Mas a França ainda não saiu de lá por razões fundamentalmente econômicas, que dizem respeito à exploração da floresta amazônica e seus recursos naturais. Crer no contrário é mera especulação vazia”.
      Caso a França conceda a independência a Guiana, o país NÃO viverá na miséria porque já possui uma boa infra-estrutura, além de possuir uma estação espacial de alto nível, onde o aluguel para o lançamento de foguetes de nações ricas serve como fonte de renda. E mais uma vez ele usa da esperteza sem bons argumentos.
      14 de Março às 15:17 ·  ·  4
    • Jadiel Fioravante O entendimento do Caril é completamente distorcido, o povo não é sadomasoquista coisa nenhuma. A ajuda de tropas militares em favor de criar um ambiente de estabilidade política é um SOCORRO EMERGENCIAL para o povo que luta de paus e pedras enquanto o governo os massacra usando tanques de guerra. Apesar da justificativa dada para a invasão dos EUA ao Iraque ser questionável e objeto de outro debate, o povo iraquiano comemorou na ruas a saída de Saddan Hussein, derrubando sua estátua. O mesmo vale para o Afeganistão, onde o povo comemorou na época a saída do Talibã opressor do poder. O conceito da Guerra Justa foi aplicado nesses casos de invasão, ou seja, até que ponto a comunidade internacional ou uma superpotência é capaz de se omitir vendo um estado oprimindo e negando os ideais democráticos ao seu povo? Porém, o tema Guerra Justa é amplo e cabe ser analisado não superficialmente, só usei de argumento e ainda expus alguns de seus conceitos, mas pelo visto, meu adversário o desconhece completamente.
      Abaixo relaciono algumas intervenções de sucesso da ONU, que ao contrário do que o Caril imagina no seu “mundinho” de beleza e paz, sem estas intervenções militares emergenciais a situação seria até pior.
      1.Guerra do Golfo em 1991, com envio de tropas como nunca havia se visto antes;
      2.Tropas de paz da ONU em vários países da África, entre eles Somália e Ruanda, regiões onde aconteceu verdadeiros massacres, considerados para alguns genocídio;
      3.Guerra na antiga Iugoslávia, principalmente na Bósnia ;
      4.Guerra de Kosovo. Após a entrada das tropas da OTAN em Kosovo, foi instaurado um governo provisório, sob tutela da ONU.

      Todos estes conflitos exigiram uma intervenção rápida de tropas militares,internacionais, mas é claro que de acordo com a visão do Caril, “estancar o sangramento” é contraditório, que medidas políticas e humanitárias seriam mais bem vindas, justas e bonitas possível. Já que a Integração Global é o alicerce do novo milênio. Discurso muito demagógico para a dura realidade de regiões de massacres genocidas.

      Concluo a minha participação, além de mostrar por exemplos históricos e análise por comparação de economias de ex-colônias, que intervenções militares de forças estrangeiras em solo de países em crise política interna é necessária, legítima e eficaz, mesmo que aja baixas de civis, ainda assim como havia dito é um socorro emergencial a população que luta de paus e pedras contra os tanques militares de grupos sectários ou do próprio governo.
      14 de Março às 15:17 ·  ·  4
    • Caril Amaral Dizem que após incidir elevada pressão, o parafuso espana.

      Não sou muito bom com ferramentas, reconheço. E nem sou bom (nem mesmo razoável) em muitas outras coisas. Mas algo é inegável: o medo se exibe nas formas mais sombrias. E esse conceito é válido até para o tema do nosso debate.

      A esta altura, todos devem ter notado que durante todas as participações que elaborei neste duelo, procurei pautar minhas impressões segundo um ponto de vista que considero lógico. Não necessariamente seria imprescindível para conquistar o reconhecimento da maioria, ou mudar conceitos daqueles que poderiam estabelecer uma opinião díspar com a tese que defendi.

      Não entrei neste duelo para vencer. Mas sim para aprender. Aprender com a opinião de um debatedor experiente, campeão do primeiro campeonato de Duelos Retóricos em outros rincões, e acho que exerci o que pude para assegurar este feito. Vitória ou derrota, a mim não importa.

      Mas não deixo de notar fraquezas, ainda mais quando são expostas de uma maneira gritante. Por meio de provocações simples, foi possível determinar panoramas até então encobertos por uma cortesia medida a conta-gotas. Mas, Jadiel, você preferiu dizer sobre o que não soube interpretar daquilo que eu disse, como se as minhas impressões sobre o que você escreveu fossem suficientes para determinar o que realmente seria o foco do nosso debate. Ilusão.

      Nas Considerações Finais, atacou o quanto pôde às minhas posturas. Em uma tentativa frustrante de elaborar um texto argumentativo, preferiu falar da minha pessoa, ou das visões que estabeleço diante de incontáveis parâmetros. Disse que fui injusto ao acusá-lo, que fiz considerações desproporcionais, que tive a intenção de desqualificá-lo, que tive “pura esperteza”, que apelei, que divaguei, que fui cansativo, que tive “preguiça mental”, que sou manipulador de termos, que sou malandro, que tenho “discurso piegas carregado de falácia apelando ao emocionalismo”, que usei da simpatia dos votos ganhos, que não tive forte argumento para derrubar o seu, que “joguei com o sentido das palavras”, que tenho o conhecimento completamente distorcido, que tenho um “mundinho de beleza e paz”, que tenho discurso demagógico.

      Refutar, que seria o lógico, não fez. Na verdade fez, mas de um modo tão absurdamente simples, que até parecia contestação. Reconheci, por métodos lógicos e elementares, que a réplica que recebi estava muito mais objetiva. Mas diante de minhas contestações houve respostas pouco convincentes, aos meus olhos, para dizer que aquele desempenho na tréplica tivesse sido repetido (ou superado) em momento posterior.

      Em uma avaliação franca, esse debate me surpreendeu. Talvez tenha surpreendido outras pessoas. E está longe de minhas pretensões a tentativa de evocar o público em tom demagógico. Até porque, lê quem quer, e valida o que dissermos apenas que gosta. Seja ou não decorrente de opinião semelhante.

      Por falar em semelhança, ainda mais ideológica, sinto que o ponto de vista que defendo pode “estimular votos”, de acordo com as percepções do meu adversário. Não sei o que passa na cabeça de qualquer outra pessoa, mas EU estaria convencido da vitória em um debate APENAS para um debatedor que me convenceu, não necessariamente estando de acordo com as convicções dele. Ou seja, sofisma é válido. Defendê-lo também. Mas não quer dizer que eu ou você tenhamos feito isso, Jadiel. Creio que tenhamos sido francos com nossa concepção do tema, agrade ou não os demais. E que estejamos preparados para as críticas. Afinal de contas, não somos imunes a elas.

      Evidentemente, esse espaço de Considerações Finais nos é cedido para usufruirmos em prol do debate. Poderia gastá-lo fazendo um grande resumo de minha participação até aqui, dos questionamentos não respondidos, etc. Mas não acho que isso tornará a discussão mais proveitosa. Então, tendo o sido franqueado esse espaço para decorrer acerca do tema, irei retomar o foco, inclusive contrapondo as minhas próprias premissas.

      Não quero que pense que isso é uma provocação por você não ter feito isso da maneira como gostaria que fizesse. Mas tentarei agrupar as ideias e aprendizados do debate (que tive até o momento) nesta participação.

      Por mais que existam em nível internacional códigos, normas, acordos e regras que visam atender acordos diplomáticos que respeitam a individualidade dos povos (conforme discutidos em minhas considerações iniciais) muitas vezes o uso da força é usado para assegurar a paz de forma impositiva. Pode ser contraditório, mas é usado.

      Diferente do que pensa meu adversário, isso não é legítimo, e muito menos reconhecido. O fator que não legitima são justamente os acordos internacionais supracitados. E o a falta de reconhecimento é muitas vezes tapado com falsas esperanças e ilusão de prosperidade ao povo oprimido.

      Mas o que leva, então, a presenciarmos as forças de americanos e aliados intervirem em outras nações, e os signatários dos acordos silenciarem-se diante disso? Poderíamos aqui supor que o Conselho de Segurança da ONU (aquele mesmo que o Brasil “mendiga” pra entrar) está conivente com essas regras podem ser extrapoladas a qualquer momento. Não é bem assim.
      sábado às 21:21 · 
    • Caril Amaral As intervenções militares com finalidade de substituir governos não vêm apenas para realizar benesses para o povo que tanto sofre na mão de tiranos. E o povo não será coberto por qualquer sentimento de gratidão se a substituição não lhes for conveniente e melhor que a anterior. O grande problema que leva outras nações intervirem militarmente em outras é a quebra da diplomacia internacional.

      Façamos um paralelo com o mundo como se fosse nossa vizinhança. Cada casa, ou família, representa uma nação. Contém suas peculiaridades, sua forma de agir, é regida por um líder, tem conselheiros, todos têm sua função, problemas para resolver e contas para pagar. Mas vivem bem no ambiente interno, e correlacionam-se de maneira diplomática com os vizinhos. Diplomacia, nesse caso, não significa “carregar no colo”, mas visitá-los eventualmente, relacionar-se amigavelmente, manterem uma relação de interdependência que vise desde a segurança até a elaboração de planos práticos para socorrer algum que estiver em piores condições. Todos dependem de todos.

      Eventualmente, pode acontecer que um desses vizinhos comece a ter problemas internos (em sua própria casa). Diferenças de ideologia, gritaria, rebeldia. Os outros vizinhos têm conhecimento do que pode estar acontecendo, mas não sabem o real motivo, e nem querem se envolver diretamente. Até que, de uma hora pra outra, os problemas começam a extrapolar os limites dos próprios muros. O que era gritaria vira baderna, ameaças de morte, e aquela família parece conter apenas rebeldes, potencialmente assassinos sem causa aparente. Os líderes não controlam mais a situação, e isso se não forem eles os causadores dessa situação, por pura incapacidade de gestão. Então, antes que aqueles problemas que pareciam restritos passem a envolver diretamente os outros, antes que um membro dessa família comece a descontar a raiva em outros vizinhos alheios aos problemas, ou que o líder resolva sair atirando em qualquer pessoa da vizinhança por pura contradição ao seu pensamento, faz-se necessária a intervenção para que ali contenham-se os excessos.

      Mas há duas formas disso acontecer. Uma delas é chamar a polícia, e colocar todos sob a mira de armas, sejam elas crianças, doentes, loucos, ou sãos. A outra é através da união dos vizinhos para minimizar o prejuízo, nem que para isso tenha que haver mudança dos líderes e estabelecimento de novas diretrizes que assegurem a manutenção da paz e da diplomacia.

      Quem geralmente faz a primeira parte do processo são os EUA e aliados. Quem faz a segunda, são as forças de ocupação da ONU. O problema, é que muitas vezes não chegamos a ter a ação da segunda etapa, cabendo aos interesses unilaterais americanos a permanência e manutenção sob os olhares críticos da sociedade global os atos de vilipêndio aos direitos civis que cometem em observação à sua recompensa e justificativa econômica.

      No tocante às Forças de Ocupação que a ONU desloca para locais em elevada vulnerabilidade civil, militar e política, temos que o conflito armado com a população é raro, como o que ocorreu no Haiti, Sudão e Angola. Este panorama é de fácil compreensão, já que o deslocamento desses grupamentos militares tem a finalidade de intervir em casos que a saúde e a segurança social estiverem comprometidas.

      Por isso, reafirmo meus dizeres: as intervenções militares não compreendem a melhor solução para conflitos internos de países, se vierem desacompanhadas de uma ação diplomática que vise assegurar a manutenção dos direitos civis. Coube aos EUA e Aliados mostrar indiferença ao vilipêndio de direitos civis, e não há como negar perante os fatos.

      Quando os civis pegam em armas para referendar um ato intercessor de seu próprio território (como forma de aumentar o contingente guerrilheiro e diminuir as baixas da ocupação), cada um elabora o seu próprio senso de justiça. E neste caso não há justiça plena. Todas as formas de punição são baseadas em vingança. Se você perder o respeito entre os indivíduos, haverá um estado de incerteza perante qualquer ato; e se perder a paz, conviverá até os últimos dias com o sentimento de medo diante do inesperado.

      Confesso que basicamente, essa é a síntese de minha teoria estabelecida neste debate. Poderia comprometer os espaços e caracteres restantes apenas refutando os argumentos do meu adversário em suas considerações finais, que foram poucos por sinal.

      Provoquei algumas vezes, propositalmente. Sei que não foi muito simpático, mas a minha intenção não era conseguir sorrisos, mas sim argumentos.

      Apenas para atestar que as considerações finais do meu adversário não foram negligenciadas, selecionei aquilo que foi o mais contraditório em toda a argumentação (pouco correlata com o tema) sobre a Guiana Francesa. Quem, em sã consciência, consegue supor que lá realmente é a “Europa dos Trópicos”? Tudo bem que meu adversário resolveu extrair da Wikipedia todas as informações a respeito desse país, mas quem consegue conceber que um país cuja economia é baseada na pesca e extração mineral consegue algum destaque no plano econômico, social, científico e cultural? Muita inocência. E ainda, se a França abdicar do território e legitimar a independência do país, é muito provável que retire todas as instalações tecnológicas, como TODOS os países colonizadores fizeram com suas colônias.

      E o que sobrará para essa “Suíça da América”? Ou morrer pela malária, ou migrar para países com estrutura política e população com ideologia madura e estabelecida. Serão ótimos apertadores de parafuso. Mas não serão muitos. Até porque 200 mil habitantes vivendo em um país que tem o dobro do tamanho do Estado do Rio de Janeiro não é muita coisa. Bom, mas esse não é o cerne do nosso debate, e neste assunto não há porque aprofundarmos. Até porque, já tivemos todas as oportunidades oferecidas para conseguir expor nossa opinião para o tema em epígrafe.

      Como os leitores já devem ter constituído um substrato pelo qual possam concluir sobre este debate, creio que minha participação aqui encerra.

      Agradeço à paciência do Jadiel em ter debatido comigo. Aqueles que conseguiram ler até estas últimas linhas, também detêm a minha gratidão. Vamos à avaliação.
      sábado às 21:22 · 
    • Max Campos DEBATE ENCERRADO!!!
      sábado às 21:30 · 

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